quinta-feira, 6 de maio de 2010

A SOBERANIA E A AUTORIDADE DE DEUS –Lição 6


INTRODUÇÃO

Este tema se apresenta para a igreja da atualidade como um alerta as consciências de cada um e ao mesmo tempo uma reivindicação para que doutrina da soberania de Deus seja considerada e praticada pelo povo Deus. Vivemos num mundo em que muitos confessam que Deus é Senhor, porém vivem de forma autônoma e indiferente ao querer de Deus para suas vidas. Situação muita semelhante com aquela que ocorria nos dias do Profeta Jeremias. Para relembrar a nação acerca da sua soberania, Deus manda que profeta Jeremias faça uma visita às instalações onde os artesãos produziam diversos artefatos de barro, pois, o Senhor vai utilizar aquele processo de produção para reforçar algumas verdades alusivas ao seu soberano poder. Jeremias desce a casa do Oleiro (Cap. 18) e lá chegando observa que o oleiro estava fazendo um vaso, porém, o vaso quebrou-se em suas mãos, todavia, ele o refez novamente, porém, de uma forma diferente. Essa situação nos proporciona diversas lições: 1) somos todos vasos nas mãos do oleiro, estamos em continuo processo de modelagem. Deus está trabalhando diariamente em nossas vidas com o propósito de moldar o nosso caráter à semelhança do caráter de Jesus Cristo; 2) O barro precisa se acomodar as formas propostas pelas mãos do oleiro para que ele obtenha o resultado desejado. Isso fala da necessidade de vivermos uma vida de total submissão a vontade do Senhor, permitindo que Ele cumpra em nós o seu plano de salvação, a falta de profunda dedicação a Deus, de nossa parte pode frustrar o seu propósito original para a nossa vida. (Jr 18.10). 3) Deus é soberano e tem autoridade sobre a sua obra, se o vaso se quebrar Ele pode fazer um outro da maneira que lhe parecer melhor, conforme a sua infinita sabedoria. Nesse ponto também aprendemos que na sua soberania Deus age para manifestar a sua misericórdia para conosco, pois, quando imaginamos que somos pessoas obcecadas e determinadas ao fracasso, ele nos mostra que é soberano para mudar a nossa história e nos transformar num vaso de honra, ainda que estejamos aos cacos, o Senhor junta os pedaços e faz um vaso novo, e isso significa uma vida conforme os seus sublimes propósitos.

A DOUTRINA DA SOBERANIA DE DEUS

A Soberania e sua relação com os Atributos de Deus.

O nome majestoso de Deus dado a Moisés em Êxodo 3.14, EU SOU, revela que Ele está acima do tempo. O salmista exclamou: "...de eternidade a eternidade, tu és Deus" (Sl 90.2b). Sua existência, para expressá-la de uma perspectiva humana, é da eternidade passada à eternidade futura. O apóstolo João cita o Senhor "Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso" (Ap 1.8). As mesmas declarações de eternidade brotam da boca de Jesus em Apocalipse 22.13. O Deus eterno é o doador da vida eterna através de seu Filho Eterno: "Aquele que tem o Filho tem a vida..." I Jo 5.12).

A soberania de Deus é fundamentada pelos seus atributos, tais como Onisciência, Onipresença e Onipotência. O profeta Jeremias fala "Ah, Senhor Deus! Eis que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o teu braço estendido, coisa alguma te é demasiadamente maravilhosa..." (Jr 32.17). A grandeza do poder do de Deus é vista nas obras por Ele criadas. Vastidão do universo confunde a nossa imaginação, e os reinos microscópico e submicroscópico são igualmente complexos. Se pensamos como o corpo hmano foi tremenda e maravilhosamente formado, ficamos atônitos diante do Deus Onipotente. Seu poder criativo é tanto incomensurável como imcompreensível. Mas, além além deste, fica o mundo eterno e invisível, "...porque as coisas que se veem são temporais, e as que se não veem (a realidade espiritual) são eternas" (2Co 4.18). A partir dessas reflexões podemos dizer que o poder de Deus é manifesto em seu governo soberano sobre tudo. "Eis que as nações são consideradas por ele como pingo que cai dum balde, e como um grão de pó na balança..." (Is 40.15). A profecia bíblica relativa ao destino das nações tem tido um maravilhoso cumprimento, mostrando que Deus governa de fato os assuntos dos reis e autoridades humanas. "Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?" (Dn 4.33). O livro de Daniel é um comentário eloquente acerca da soberania de Deus sobre os reinos terrenos.

A Sobernia de Deus e o Livre-arbítrio do Homem.

Sem dúvida este tem sido um ponto muito polêmico no campo da teologia sistemática. Vejamos o que o apóstolo Paulo escreve em Efésios 1.4,5; "assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irreprensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade. Esta passagem parece inferir que tudo resulta da vontade de Deus. Por outro lado, no capítulo 22 de Apocalipse, João cita Jesus em seu último apelo ao homem. "... e quem quiser receba de graça a água da vida" (Ap 22.17b). Esta passagem diz claramente a água da vida está à disposição de qualquer um com base na escolha e livre-árbítrio humano. As doutrinas da eleição e predestinação se encontram indiscritivelmente na Bíblia. Por outro lado, temos as palavras de Jesus enquanto chorava sobre Jerusalém: "Jerusalém, Jerusalém... quantas vezes quis eu reunir os teus filhos... e vós não quisestes!"(Mt 23.37). De novo: "Contudo não quereis vir a mim, para terdes vida" (Jo 5.40). Outra vez: "Para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16).

A bíblia ensina, na verdade, as duas posições. Deus é soberano, mas não arbitrário. O homem tem liberdade de escolha e vontade, com certas limitações. Nossa incapacidade de reconciliar as duas posições não torna falsa uma ou outra posição. Nossa incapacidade de ver como ambas podem estar certas ao mesmo tempo deve-se à nossa compreensão humana finita. Deus pode ser soberano sem violar a liberdade essencial do homem.

O Dr. R.A. Torrey, apresenta a presciência como base para reconciliar a predestinação com a liberdade de escolha do homem. Vejamos as suas palavras: "As ações de Judas e dos demais foram incluídas no plano de Deus e portanto passaram a fazer parte dele. Isso não significa, porém, que tais homens não tivessem plena liberdade de escolha. Não agiram como o fizeram porque Deus sabia que o fariam, mas o fato de que agiram desse modo era a base para que Deus soubesse. A presciência não determina os atos do homem mais que o conhecimento posterior. O conhecimento é determinado pelo fato e não o fato pelo conhecimento... Deus sabe desde a eternidade o que cada homem fará, se irá render-s ao Espírito Santo e aceitar a Cristo. Os que o receberam estão destinados à vida eterna. Se alguém se perder é simplesmente porque não quis aceitar a Cristo e obter assim a vida (Jo 5.4). Quem quiser pode vir (Ap 22.17), e todos os que vierem serão recebidos (Jo 6.37)."

A Doutrina Providência : bases do Livre arbítrio

Esse é o título de um livreto do professor João Ferreira, no qual ele apresenta uma extensa argumentação para fudamentar sua tese. A Providência é definida como a doutrina que pretende explicar que tudo que ocorre no mundo, tanto no sentido físico, quanto humano e social, resulta da intervenção divina. Isto significa que Deus interfere continuamente nos fenômenos naturais e nos acontecimentos históricos e sociais.

Segundo o professor João Ferreira "A compreesão do Providência Divina como base do livre arbítrio, pode livrar os cristãos hoje de certos equívocos, divulgados por pessoas que têm tratado do tema da presdestinação sem um conhecimento apropriado do assunto, especialmente no âmbito bíblico, histórico e filosófico, contribuindo para que a religião, mais uma vez, seja usada como sustentação do absolutismo e do totalitarismo. É necessário que a formulação doutrinária tenha como fundamento a leitura da Bíblia no seu contexto histório e filosófico, para evitar as interpretações fixistas, que quando se transformam em doutrinas, resultam numa espécie de engessamento dos crentes, no lugar de desenvolver a liberdade de consciência, fundamento da maturidade cristã.".

"Precisamos entender que Deus é liberdade infinita, porque é infinito e eterno, enquanto o homem é liberdade finita, porque está preso ao tempo e ao espaço, mas o livre arbítrio do homem foi concedido por Deus no próprio ato da criação e se constitui o meio, pelo qual, a criatura responde ao criador. Sem livre arbítrio , não há consciência moral; sem consciência moral, não há salvação, o homem é um animal qualquer. Ligado ao livre arbítrio, está a consciência moral, a autodeterminação, a decisão pessoal, que torna o homem verdadeiramente homem".

A Soberania de Deus na História da Humanidade

O livro de Apocalipse relata a história dramática de um conflito entre poderes soberanos, a saber, entre a saberania de Deus, manifestada na história por Jesus Cristo, e a pretensa soberania de Satanás manifestada na história pelo poder imperial romano. Resolve-se o conflito com a derrota total Satanás e a vitória completa de Deus por meio de Jesus Cristo, seu agente. Neste livro logo no início, caps. 4,5 é apresentada a corte celestial e Deus como majestade exaltada sobre o trono do universo. Salienta-se a sua soberania com o culto que lhe prestam vinte e quatro anciãos, cada um dos quais é rei. O rolo na mão de Deus, que ninguém podia abrir, contém revelações de alguns dos grandes problemas da história. Somente o Cordeiro, que é também o Leão da tribo de Judá, é digno de romper os selos e revelar estes problemas, colocando-os em sua correta relação com o evangelho e com os propósitos de Deus. Suas revelações podem ser denominadas "O drama do sofrimento na história": 1) A conquista, 2) A guerra, 3) A fome, 4) A morte, 5) A morte do povo de Deus, 6) O fim da história. A Soberania de Deus sobre o mundo, em Jesus Cristo, foi proclamada na série de visões da ruptura dos selos, João demonstra que a soberania divina é fato consumado, confrontando os problemas do mundo que parecem negá-la. A sublime vitória de Cristo sobre seus inimigos, em conflitos históricos, se descreve em simbolos vívidos. Além disso , o Vidente de Patmos há de perscrutar os mistérios do mundo vindouro e pintar um retrato incomparável do novo céu e nova terra, e a vitória final do povo de Deus na nova Jerusalém.

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