sábado, 31 de janeiro de 2009

HERMENÊUTICA BÍBLICA



NOCÔES DE HERMENÊUTICA BÍBLICA
Pb. Vicente de Paulo
DEFINIÇÕES:
A palavra hermenêutica é uma transliteração do termo grego hermeneutike.
Hermeneutike é derivado do verbo hermeneuo que pode ser traduzido por explicar. Em Lucas 24:25-28 encontramos a palavra hermenia = explicou, como a raiz da palavra sendo hermenêutica. Sendo assim , hermenêutica é a ciência que nos ensina os princípios, as leis e métodos de interpretação.

*Hermenêutica como ciência ( princípio ) e a arte ( tarefa ) o sentido do texto.
*Como ciência a hermenêutica enuncia princípio, investiga as leis do pensamento e da linguagem e classifica seus fatos.
*Como arte, ensina como esses princípios devem ser aplicados e comprova a validade deles.
*A finalidade da hermenêutica é revelar o sentido da verdade bíblica. Isto nos leva a pergunta o que é a verdade? No antigo testamento a verdade é “emeth” que significa ser firme. É a verdade como uma característica de Yavé, pois as palavras de Yavé atuam como regras de verdade. Este era o fundamento da sociedade hebraica.
*No novo testamento a verdade é Aletheia tem significado de algo que não
esta oculto, o que é revelado.

ALETHEIA e suas dimensões no N.T.
*Ética – Rm. 1:18.
* Validade e Constância – Ef. 4:21.
*Fidelidade e Veracidade – Rm. 3:7.
*Verdadeira Fé – 2 Co. 13:8.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA.

*Foi escrita num idioma diferente do nosso e com suas particularidades além de sua antigüidade.
*Suas expressões falaram sobre pessoas, lugares, idéias, e conceitos que culturalmente nós não temos.
*Não devemos permitir que nossos pressupostos influenciem na interpretação do texto.
REQUISITOS PARA O INTERPRETE

*Estar em harmonia com autor da bíblia
*Crer na inspiração plenária e na inerrância das escrituras. II Pe. 1:21.
*Se entender como profeta, “aquele que fala por Deus ao homem, ou mais especificamente, aquele que traz as palavras de Deus ao homem. Ex. 7:1.; Deut. 18:18 ; Is 8:11.
*Ter humildade. Sabendo que todo o conhecimento procede Deus e nos confirmado pelo Espirito Santo. Jo. 14:26; I Ts 2:13.; I João 5:912; I Co. 2:7-13.
A HERMENÊUTICA E A SUA RELAÇÃO COM A EXEGESE.

Enquanto a HERMENÊUTICA estuda e sistematiza os princípios e técnicas, com as quais, partindo de determinados pressupostos, se busca compreender o sentido original do texto bíblico; A EXEGESE, designa a prática destes princípios e técnicas; e aplicação, designando a busca da relevância do texto ao nosso contexto específico. A exegese pode ser definida como a verificação do sentido do texto bíblico dentro dos seus contextos históricos e literários. A exegese é a interpretação propriamente dita da bíblia, ao passo que hermenêutica consiste nos princípios pelos quais se verifica os sentidos.
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO
Histórico cultural – Considera o ambiente cultural do autor, a fim de entender suas relações, referências e propósitos.
Contextual – Considera a relação de uma passagem com o corpo todo do escrito de um autor, para melhores resultados de uma compreensão proveniente de um conhecimento do pensamento geral.
Gramatical – (Lexico – sintática) – atenta para a compreensão das definições de palavras e suas relações umas com as outras a fim de compreender com maior exatidão o significado que o autor tencionava transmitir.
Histórica - é impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto à luz de suas circunstâncias históricas Teológica – estuda o nível de compreensão teológica na época da redação a fim de averiguar o significado texto para seus primitivos destinatários.
Criticismo ou crítica bíblica – surgiu com a pretensão de tornar científicos os estudos bíblicos, ou seja, faze-los compatíveis com o modelo científico e acadêmico da época. É utilizado pelo liberalismo teológico. Trata-se sem dúvida de uma hermenêutica racionalista. Ao invés da revelação governa a razão, a razão é que determina a revelação.
Alegórica – Segundo este método, as passagens das escrituras teriam quatro sentidos : um literal, e três sentidos espirituais: moral, alegórico e anagógico. O sentido literal seria registro do que aconteceu (o fato); o sentido moral conteria a exortação quanto a conduta (o que fazer) ; o sentido alegórico ensinaria uma doutrina a ser criada (o que crer) , e o sentido anagógico apontaria para uma promessa a ser cumprida (o que esperar). Este método fornece esplêndidas interpretações, todavia poderá desviar o interprete do verdadeiro sentido texto.
ESTUDANDO AS FIGURAS DE LINGUAGEM

Ocorre quando uma palavra ou expressão é usada em sentido diferente daquele que lhe é próprio. Baseiam-se em certas semelhanças ou em relações definidas.
METÁFORA – é uma figura de linguagem em que um objeto é assemelhado a outro, afirmando ser o outro, o falando de si mesmo como se fosse o outro.
Ex: Salmo 18:2. – Lc. 13: 32
Existem dois tipos de metáforas na bíblia.
antropopatismo – atribui-se a Deus emoções, paixões e desejos humanos ( Gn. 6-6; Deut. 13:17; Ef. 4:30).
Antropomorfismo - Atribui-se a Deus membros corporais e atividades físicas ( Êx. 15:16; Sl. 34:16; Lam. 3:56; Zac. 14:4; Tg. 5:4).e parábolas.
ALEGORIAS E PARÁBOLAS – a alegoria se caracteriza pelo uso de alguma história ou fato que se admite. Sl. 80: 8-15; Jo. 10.1-18. Diferencia-se da parábola devido ao fato de que , a parábola é em si mesma a suposta história ou fato.
A parábolas usa palavras em sentido literal, e sua narrativa nunca ultrapassa os limites daquilo que poderia ter acontecido.
A alegoria usa palavras no sentido metafórico, e sua narrativa, ainda que em si mesma seja possível, é manifestamente fictícia.
EUFEMISMO – Consiste numa linguagem light (branda), para evitar impacto (At. 7.60) “e quando disse isto, adormeceu”.

HIPÉRBOLE – de uso vasto, consiste no uso de um exagero retórico (Gn. 22:17; Deut. 1:28; II Crô. 28:4).
IRÔNIA – Contém censura ou ridículo camuflado de louvor ou elogio ( Jó. 12:2; I Reis 22:15; I Co. 4:6 ... I Co. 4:8; I Reis 18:27.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

DEPOIS DO CARNAVAL, AS CINZAS

O Carnaval acabou sem o caminho na avenida e sem rumo na passarela. como tudo que é mundano, acabou vázio e sem cor. Descolorido e oco, como seu próprio sentido. Se é que alguma vez o seu sentido teve qualquer sentido. Nem sentido, nem razão tem o carnaval. Tem apenas um brilho pardo, uma alegria triste e uma beleza feia. O carnaval é um colorido incolor.
O carnaval acabou e os foliões retornam. Travestidos de dilemas, retornam sem nunca chegar. Nunca chegam, porque retornam às velhas razões e ás cinzentas mesmices. Em vão tentaram colorir de inconsequências e risos periféricos todo este cinza. Agarram-se às aquarelas dos folguedos e bailes, mas das telas das folias trouxeram apenas tonalidades sem cores, cores sem vida, vida que nem vida parece ter. Trouxeram apenas um prisma disforme e esquisito, como a visão que sempre tiveram do criador.
O carnaval acabou e a procura continua como as manhas e tardes. Como as estações, esta procura não tem encalço, nem paradeiro. Para que encalços e paradeiros? Essas paralelas inexistem quando buscamos a Deus de todo o coração. Em Cristo, as linhas da problemática humana se covergem. Somente o Calvário pode transpor os obstáculos geométricos e matemáticos de nossa procura. Mas, nesta procura tem que haver verdadeira busca. Busca que não se acomoda em sorrisos mudos, nem em surdos contentamentos.
O carnaval acabou. Passou na avenida, dissolveu-se na passarela da ilusão. Ilusão! Palavra batida e comum é esta. Creio, porém, ser a única suficientemente forte para sinonimizar o carnaval. Por que chamar outro termo ou convocar outro vocábulo? Qualquer expressão linguística alistada a descrever as loucuras de Momo, veste-se em pura ilusão.
Muito choro e ranger de dentes! é o que resta para a quarta-feira. Das cinzas, nenhum phoenix se levanta, porque somente os que servem a Deus renovam as suas forças como a águia. O que mais restará da quarta-feira? Nada! Da feira, não somente a quarta parte, mas o todo da alma humana foi comercializada. A honra foi vendida em vulgar liquidação. E, a vergonha, remarcada na mesma feira, onde as cinzas são a manufatura e o acabado produto de uma alegria que não permanece alegria.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A uncao da galinha

Esse vídeo apresenta um trecho da pregação do Pr Paulo Roberto da Assembléia de Deus de Cuiabá. Essa foi a maior barbaridade que já vi alguém contar em cima de um púlpito. Isso só pode partir de alguém que não tem compromisso com a Palavra de Deus e por que não dizer, falta de temor a Deus. Por outro lado isso é um total desrespeito pela Igreja do Senhor. E ainda entendo que esse cidadão substimou totalmente o conhecimento espiritual e a própria inteligencia das pessoas presentes naquele culto. Porém, eu penso que mais culpado que esse pregador, são os líderes de igrejas que mesmo tendo conhecimento de fatos negativos que envolvem certos pregadores, ainda assim, convidam essas pessoas para promover comoção entre o povo, e depois dizer que houve um grande avivamento.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

domingo, 18 de janeiro de 2009

KATHAROS - É uma vida de pureza


É a palavra Grega do Novo Testamento que nos mostra as várias dimensões da pureza cristã. Katharos significa "puro" ou "limpo", aparece 24 vezes no texto no N.T., porém, antes de ser adotada pelo cristianismo, esta palavra já possuía uma rica variedade de significados, os quais estão profundamente relacionados ao mesmo significado que Katharos tem para a fé cristã. Atentemos para alguns desses significados nos clássicos gregos. Nas obras de Homero significava "ser limpo fisicamente", com o passar do tempo foram agregados outros significados, tais como: pureza, no sentido de estar livre de misturas. Katharos foi utilizado muitas vezes com relalção a claridade das águas de um rio, um pano branco, e em consequência disso, passou a ser aplicado ao indivíduo que carrega consigo sentimentos sinceros. Todo este desenvolvimento semântico de Katharos foi transportado para o contexto da vida cristã. Uma outra aplicação do termo grego Katharos, é alusivo a uma pessoa que está livre de dívidas, isto é, uma pessoa que já pagou todas as suas contas e cumpriu todas as sua obrigações, e da qual ninguém tem nenhuma queixa. Nos papiros, isto é, nas antigas escrituras sagradas, entre elas o A.T., Katharos se aplica a toda classe de coisas para indicar que estão limpas, puras, sem manchas. Nos papiros Katharos aparece também com relação a um documento que foi corrigido e está livre de erros. Na vida cristã Katharos é a palavra apropriada para aqueles que levam uma vida irrepreensível diante de Deus. Atentemos agora para algumas aplicações de Katharos no N. T. Inicialmente o N. T. aplica Katharos com relação a limpeza do corpo físico, de roupas, etc. Em Mt 27.59 refe-se ao lençol que envolveu o Corpo de Jesus; em Mt 23.26 já refere-se ao corpo e a alma. Em Ap. 19.8 Katharos representa os atos de Justiça, simbolizado pelo linho finíssimo, resplandecene e puro. As vestes nas escrituras são um símbolo de justiça. Vale salientar que no sentido ético negativo também representa a justiça própria, conforme Isaías 64.6. No sentido ético positivo, as vestes simbolizam:
1. A provisão básica da salvação de Deus pela graça através da fé em Cristo, " veste de salvação...manto de justiça (Is 61.10; Rm 3.21,22). A justiça de Deus é tudo o que Deus exige e aprova, e encontra-se em última análise no próprio Cristo, que cumpriu em nosso lugar, todas as exigências da lei.
2. As vestes de "linho finíssimo.... de justiça dos santos (atos de justiça) como aparece no N.T. é alusivo as obras de piedade e bondade produzidas pelo Espírito Santo, quando o crente julga a carne e entrega-se a Deus (Rm 13.14). estas são as "boas obras" para as quais somos gerados em Cristo Jesus (Ef. 2.10), com as quais os crentes devem adornar-se para honrar no nome de Cristo neste mundo. (Mt 5.16 "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus). Em Tito 3.8 temos: "fiel é a Palavra, e quero que, no tocante estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que crido em Jesus sejam eficazes na prática das boas obras. Estas coisas são excelentese proveitosas aos homens.
Retomando o termo Katharos, observamos que quando o N.T. o relaciona a pessoas, está se referindo a condição fundamental para o serviço e o culto a Deus, todavia, quando Katharos é relacionado a coisas, tem a ver com aquilo que apropriado para o uso dos cristãos, Tt 1.15 "Todas as coisas são puras para os puros; todavia para os impuros e descrentes nada é puro, por que, tanto a mente como aconsciência deles estão corrompidas.
A máxima do termo Katharos no N.T. é expressar a idéia de um coração limpo, de uma boa consciência. I Tm 1.5 "...o intuito da presente admoestação visa o amor que procede de coração puro e de boa consciência e de fé sem hipocrisia".
Em I Pe 1.22 está escrito "tendo purificado as vossas almas, pela vossa obediência à verdade, tendo um vista o amor fraternal não fingido, amai-vos de coração uns aos outros ardentemente".
Diante do que já foi dito só nos resta concluir com as palavras de Mt 5.8 "Bem aventurados os Katharoi de coração, porque eles verão a Deus".

sábado, 17 de janeiro de 2009

KARL BARTH, O TEÓLOGO DA PALAVRA


Karl Barth nasceu em 1886 em Basiléia, era o filho mais velho de um pastor reformado. Estudou teologia nas universidades mais famosas da Alemanha e foi ministro reformado na Suiça. Em 1919 publicou uma de suas mais famosas obras, o comentário sobre a Epistola aos Romanos, que teve grande repercursão entre os teólogos da época. Barth foi o líder da reação neo-ortodoxa ao liberalismo do século XIX. Com a ascensão de Adolf hitler, passou a ser uma personalidade dominante na igreja da Confissão e o principal autor da "Declaraão de Barmen de 1934. No ano seguinte foi demitido por Hitler e voltou para a Suiça, onde se tornou professor de teologia em Basiléia. Morreu em 1968.

A Teologia de Barth é a teologia da palavra. É a palavra de Deus, a revelação de Deus, que é o assunto da teologia. Barth colocou uma forte ênfase sobre a revelação de Deus. Para ele, a palavra de Deus é vista em termos dinâmicos em vez de estáticos. Deve se pensar nela não como doutrina ou palavras ou declarações, mas como evento, alguma coisa que acontece. A palavra de Deus é o evento de Deus falando ao homem através de Jesus Cristo; é a revelação pessoal de Deus, dEle mesmo para nós.

textos do livro " introdução à teologia" de Karl Barth:

....O vacábulo "teologia" contém o termo logos. Teologia é logia, lógica, logística fundamentalmente possibilitada e definida pelo theos. E não há como negar que o significado de logos é "palavra" - apesar de Fausto (de Goethe) de que era lhe impossível "ter a palavra em tão alta estima".

A palavra de Deus é a palavra que Deus falou, falou, fala e falará aos seres humanos- a todos os seres humanos- quer seja ouvido ou não. É a palavra de seu agir nos seres humanos, a favor dos seres humanos, como seres humanos. Deus age e, agindo, fala. Sua palavra acontece. Falamos do Deus do Evangelho, de seu atuar e seu agir; falamos de seu evangelho, no qual seu agir e atuar como tal é sua mensagem, sua palavra: o logos no qual a logia, lógica, logística teológicas têm sua fonte criativa e sua vida.

A palavra de Deus, portanto, é Evangelho, mensagem boa, porque é a açao benigna de Deus que nela se expressa e por ela se transforma em apelo pessoal. Em sua palavra Deus revela o seu agir no horizonte de sua aliança com o ser humano; e na história da constituição, manutenção, realização e conclusão desta aliança ele se revela a si mesmo. Revela sua santidade, mas também sua misericórdia - misericórdia de Pai, de irmão, de amigo. Revela também seu poder e sua majestade como senhor e juiz do ser humano; revela, portanto, a si mesmo como o primeiro parceiro dessa aliança, a si mesmo como o Deus do ser humano. Mas em sua palavra revela também o ser humano como criatura, como seu devedor insolvente, como ser perdido sob o seu juízo. Mas também revela-o como criatura mantida e salva por sua graça como ser humano libertado para Deus, posto a seu serviço. Revela o ser humano como filho e servo, como amado por ele e, portanto, como segundo parceiro da aliança; em síntese: revela o ser humano como ser humano de Deus.

Essa dupla revelação é o conteúdo da palavra de Deus. A aliança - e portanto: Deus como Deus do ser humano e o ser humano como ser humano de Deus - essa história, essa obra como tal é o enunciado da palavra de Deus, que a distingue de qualquer outra palavra. Este logos é o criador da teologia. Ele indica seu lugar e lhe atribui sua tarefa. A teologia evangélica existe a serviço da palavra acerca da aliança de Deus, aliança de graça e de paz. Assim, a teologia evangélica terá por tarefa ouvir essa palavra em sua plenitude, tanto intensiva quanto extensiva, como palavra da aliança da graça e da paz, e de assim entendê-la e tematizá-la: como palavra de Deus tornada carne no Cristo de Israel de modo particular - e justamente nele, enquanto Salvador do mundo dirigida a todas as pessoas de modo universal.....

Barth trouxe um grande problema conceitual para a ortodoxia, apesar de fazer um protesto valioso contra o conceito excessivamente estático da palavra de Deus, que simplesmente a equipara a um livro, ele terminou se inclinando para um outro extremo. Nessa perspectiva surgiu a conjectura de que a revelação de Deus não se resume tão somente a bíblia, e por isso Barth tem sido acusado de ensinar que a bíblia não é a palavra de Deus, mas, contém a palavra de Deus.

Para Barth, a Palavra de Deus é todo o conjunto de automanifestação divina. Contrariamente à teologia católica, que, quando trata da Palavra de Deus, tende a ficar no plano semântico da Revelação (no plano da Escritura de da pregação), Barth dá à expressão "Palavra de Deus" Uma tal densidade a ponto de fazê-la abarcar também toda a dimensão ontológica da Revelação. Segundo ele, a automanifestação divina assume três aspectos ou formas: a Revelação, a bíblia e a pregação. Sendo assim, Barth entende como "A Palavra de Deus" como um evento "tridimensional", algo que opera em três dimensões inseparáveis, uma certa analogia a trindade. E é por isso, que Barth se nega em chamar simplesmente a Bíblia de Palavra de Deus. Segundo Barth, a bíblia é a palavra de Deus apenas no sentido que ela testemunha o evento do passado de Deus falando e que Deus fala novamente através dela hoje.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

DIETRICH BONHOEFFER


DIETRICH BONHOEFFER,

ESSE TEOLÓGO ERA CRENTE!


Bonhoeffer nasceu em 04 de fevereiro de 1906 na Alemanha. Seu pai era professsor, médico psiquiatra e também agnóstico como todos os seus irmãos. Com uma esmerada educação, bonhoeffer tornou-se um grande estadista. Em 1927 foi laureado no curso de teologia dogmática, pouco tempo depois iniciou o ministério pastoral, uma atividade que nunca separará da atividade teológica. Com a ascenção ao poder de Hitler em 1933 interrompeu sua carreira. Dois dias depois que Hitler tornou-se Chanceler, Bonhoeffer opôs-se a política nazista em um inflamado discurso pelo rádio, o qual foi interrompido antes do final. Por isso, teve que partir para Londres para pastorear a congregação alemã de lá. A medida que o tempo passava a perseguição foi se tornando cada vez mais intensa sobre ele, em 1937 foi fechado o seminário teológico para a Igreja da Confissão que ele dirigia. Em 1941 ele foi proibido de pregar, escrever ou publicar. Em 1939 entrou para o movimento de resistência alemã e trabalhou para o movimento de resistência alemã e trabalhou para a Contra-inteligência alemã. E por último Bonhoeffer envolveu-se profundamente numa conspiração cujos os objetivos eram assinar Hitler e derrubar o Estado Nazista. Em 1943 quando estava para casar-se, foi preso pela Gestapo, porém, as autoridades ainda tinham provas no nível de enlvovimento dele com a resistência. Em setembro de 1944 foi constatado e comprovado o Envolvimento de Bonhoeffer, fato que determinou o destino dele. Em 8 de abril de 1945, ele recebeu uma corte marcial sumária e na manhã seguinte foi executado, cinco dias antes da queda de Hitler, foi executado. Enquanto era levado para execução, Bonhoeffer disse: "Isto é o fim - para mim o começo da vida".


O livro mais famoso de Bonhoeffer, escrito antes da guerra, é O Custo do Discipulado (1937). É nessa Obra que ele faz uma aboradagem muita interessante sobre a graça barata e a cara. Essa distinção é muito importante e também atual no contexto cristão. "


A graça barata é a pregação do perdão sem exigir arrependimento, batismo sem disciplina na igreja, comunhão sem confissão, absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, graça sem cruz, graça sem Jesus Cristo vivo e encarnado.... A graça (cara) é cara porque nos chama a seguir, e é graça porque ela nos chama a seguir Jesus Cristo. É cara porque custa ao homem a sua vida e é graça porque dá ao homem a única vida verdadeira. Ela é cara porque condena o pecado, e graça porque justifica o pecador. Acima de tudo, ela é cara porque ela custou a Deus a vida de seu Filho." (cap. 1).


Durante o período de encarceramento, Bonhoeffer teve o direito de escrever cartas para a família e amigos. O llivro Prisioneiro de Deus é uma coletânea dessas cartas, as quais revelam um coração cheio de amor, de fé e de coragem - um verdadeir heroi da fé.


O escritor Page H. Kelly nos revela o seguinte: "Na mesma prisão onde Bonhoeffer foi encarcerado havia, entre os outros prisioneiros de guerra, um alto oficial das forças armadas da Inglaterra. Quando este foi posto em liberdade, no fim da guerra, escreveu um livro, narrando suas experiências. Falando dos últimos dias de vida de Bonhoeffer, disse: "Bonhoeffer foi uma das poucas pessoas que tenho conhecido para quem Deus era uma constante realidade." Este oficial descreveu assim o seu último encontro com Bonhoeffer: "No domingo, di a 8 de abril de 1945, o Pastor Bonhoeffer dirigiu um breve culto com os presos, e falou de tal maneira que tocou os corações de todos os presentes. Mal havia terminado o seu sermão quando a porta se abriu e dois homens em trajes civis dirigiram-se a ele, e disseram: ´Prepare-se para acompanhar-nos´ Aquelas palavras terríveis - ´Prepare-se para acompanhar-nos´ - tinham uma só significação: a forca! Bonhoeffer olhou para mim e disse: ´Este é o fim... mas para mim é o começo da vida!´. No dia seguinte foi enforcado.


As cartas escritas na prisão revelam o amor que Bonhoeffer tinha para com a Bíblia. Das suas páginas recebia conforto e força para as horas difíceis. O livro mais citado é os Salmos. A passagem mais amada é Jeremias 45. Cinco cartas diferentes mencionam este capítulo, especialmente os versículos 4 e 5. Numa carta dirigida à mãe, da prisão de Berlim, ele escreveu "existe na Bíblia uma passagem que, segundo o meu modo de pensar, descreve com precisão a situação que estamos atravessando hoje. Jeremias 45: 'Assim diz o Senhor: Eis que estou a demolir o que edifiquei, e arrancando o que plantei, e isto em toda a terra. Busca tu para mesmo grandes coisas? Não as busques, Pois eis que estou trazendo o mal sobre toda a carne, diz o Senhor.'


Em fevereiro de 1944, Bonhoeffer havia abandonado toda a esperança de sair da prisão com vida. Mandou esta palavra a um amigo: 'Estou certo de que estamos na véspera de grandes decisôes. No decorrer das semanas vindouras teremos de ser muito corajosos. Teremos de nos manter prontos para enfrentar qualquer eventualidade que possa surgir. Estou curioso para saber como Deus intenciona resolver esses problemas que a nós nos parecem insolúveis. Devemos repetir cada dia as palavras de Jeremias 45.'


A última referencia que Bonhoeffer fez a Jeremias 45 encontra-se numa carta escrita em maio de 1944: 'Nunca, como hoje, temos compreendido que o mundo existe debaixo da ira e ao mesmo tempo debaixo da graça de Deus. Em Jeremias 45, o Senhor diz: 'Eis que estou demolindo o que edifiquei, e arrancando o que plantei, e isto em toda a terra. Busca tu para ti mesmo grandes coisas? Não as busques. Pois eis que estou trazendo o mal sobre toda a raça, diz o Senhor; porém te darei a tua vida por despojo em todos os lugares para onde fores.' Se conseguirmos preservar as nossas vidas no meio desta destruição, fiquemos satisfeitos com isto. Pois, se o próprio Criador está destruindo as suas obras, que direito temos de nos lamentar quando a destruição chega até nós? A tarefa que nos cabe não é a de seguirmos o amor próprio, mas a de nos salvarmos desta geração perversa, a de sobrevivermos, como tições tirados do fogo.".


Coloquei este texto com o propósito de despertar algumas pessoas que as vezes, na tentativa de justificar a sua falta de disposição para investir tempo e esforço no estudo da palavra, costumam fazer acusações contra a teologia sob o argumento que todo teólogo é incredulo, e por isso evitam a teologia para não perderem a fé. Talvez estas pessoas nunca tenham lido a biografia de Bonhoeffer, Lutero e dos próprios pais da igreja, que também eram teólogos.