quinta-feira, 23 de julho de 2009

Teologia do Antigo Testamento


MUDANÇA DE ÊNFASE NO ESTUDO DO VELHO TESTAMENTO
Nenhum livro do mundo tem sido estudado com tanto carinho, em tantas línguas e por tanto tempo como a Bíblia. Nenhum outro livro tem provocado a produção de tantas obras literárias. Vai se mudando o centro de interesse na Bíblia de acordo com as controvérsias teológicas de época em época. O Concílio de Trento decretou dogmaticamente a Bíblia Latina como o texto de autoridade para a igreja Católica. Mas antes da Reforma alguns eruditos começaram o estudo dos textos hebraicos e gregos da Bíblia. Surgiram controvérsias sobre o verdadeiro texto da Bíblia e a sua interpretação, mas não havia discórdia quanto à natureza essencial da inspiração divina das Escrituras. Devido a concepção estática da inspiração da Bíblia antes da Reforma, todas as partes da Escrituras eram consideradas de igual valor, sem se tomar em consideração a data, o autor do livro ou as suas características literárias. Pouca ou nenhuma atenção se dava à diferença entre a prosa e a poesia, alegoria e narrativa, drama e história, cerimônias temporárias, verdades eternas, ou aos vários outros característicos literários. Surgiram no décimo oitavo século novos métodos de se estudar a Bíblia. Com a aplicação das teorias do racionalismo, levantaram-se dúvidas sobre as premissas fundamentais das doutrinas teológicas da religião cristã. Estes novos dogmas do racionalismo ameaçaram minar os fundamentos venerados dos teólogos ortodoxos da época. Os novos intérpretes deram ênfase à produção humana das escrituras. Levantaram dúvidas sobre as datas e os autores tradicionais de vários livros do Velho Testamento. Os livros do Pentateuco, segundo a nova crítica, por exemplo, foram escritos muito tempo depois da época de Moisés, e representaram apenas tradições históricas. Com esta nova ênfase no processo humano que produziu as Escrituras da Bíblia, ficou quase perdida a convicção de que houvesse qualquer revelação de Deus no Velho Testamento. Para alguns a Bíblia era um livro puramente humano. Mas nem todos os seguidores da nova escola crítica eram inimigos da fé, como afirmaram alguns de seus oponentes. Havia alguns que não tinham alguma objeção em sujeitar a bíblia a crítica mais severa possível, enquanto isto se fizesse com o desejo de descobrir e seguir a verdade. Mas infelizmente o novo método tornou-se para alguns uma investigação friamente científica, sem o devido reconhecimento dos seus característicos peculiares e sem observarem devidamente a natureza da origem das suas verdades imperecíveis. Com o desenvolvimento da ciência no décimo nono século, e a promulgação da teoria darwiniana da evolução, a Bíblia perdeu ainda mais da sua influência e prestígio. Ficou desacreditada, especialmente como livro científico, e muitos rejeitaram, nesta base, a sua origem e a sua autoridade divina. Mas os estudantes cuidadosos descobriram sua resposta, de fato evidente, nas páginas da própria Bíblia, tendo em vista que ela não foi escrita como obra científica, mas como uma revelação divina, que se apresenta pelas comunicações de homens com Deus, de acordo com a cultura da época e a capacidade dos escritores de entendê-la. O novo conhecimento do fundo cultural da Bíblia, acumulado nos últimos anos, põe em relevo os característicos distintivos da religião e das escrituras do Antigo Testamento. Com o novo conhecimento das ciências bíblicas, vai-se mudando a defesa da Bíblia como a mensagem de Deus. Entre seus defensores criteriosos, perdeu-se o receio da crítica literária e histórica das Escrituras. Se Moisés não escrevesse os cinco livros do Pentateuco, na forma que tem em nossa Bíblia, por exemplo,e se fossem editados séculos depois do acontecimento dos eventos que recordam, sabe-se agora que isto não nega o valor histórico dessas obras. À luz do novo testamento da história dos povos contemporâneos, verificaram-se os fatos mais importantes da história dos hebreus. É claramente verificado, e geralmente reconhecido, que a sociedade patriarcal apresentada no livro de Gênesis é semelhante a dos hurianos, um povo contemporâneo de Abraão, Isaque e Jacó. Até os costumes e as práticas dos dois povos eram semelhantes. A literatura dos hurianos, como os seus contratos de casamento e várias outras qualidades de documentos que descrevem os seus negócios e as sua atividades de dia em dia por alguns anos, demonstra as semelhanças entre a vida social dos hurianos e a dos patriarcas bíblicos.
Enfim, a crítica literária e histórica não modifica essencialmente a interpretação dos eventos históricos que deram origem ao culto de Javé pelo povo de Israel. A crítica não pode modificar as evidências abundantes da certeza absoluta do povo de Israel de que Javé tomou como a iniciativa no estabelecimento da sua fé, e da sua vida como o povo escolhido do Senhor. A psicologia da religião e o estudo das religiões comparadas ajudam no entendimento dos característicos dos ideais distintivos do Antigo Testamento e o valor imperecível das suas verdades divinas. De interesse são as obras publicadas desde 1904 sobre a Teologia do Velho Testamento. A tarefa de teólogo do Antigo Testamento, segundo Davidson, é a de apresentar as verdades da religião de Israel organicamente, mostrando como uma verdade surgiu de outra que a precedeu. Assim Deus implantou as verdades de seu reino na vida religiosa de Israel, o seu povo, As verdades do reino de Deus se apresentam em termos da história , das instituições e da vida do povo de Israel. Há um distinção definitiva entre a teologia do Velho Testamento e a do Novo Testamento. A teologia dos judeus baseia-se principalmente nos seus livros canônicos do Antigo Testamento. Os mulçumanos acrescentam ao Velho Testamento os ensinos de seu profeta. Ora, os cristãos reconhecem a conveniência de tratar a teologia de cada uma das duas partes da nossa Bíblia separadamente, cuidando de não ler no Antigo Testamento ensinos distintivos do Novo. Nem se deve obscurecer as diferenças entre os ensinos das duas partes. É necessário, todavia, do ponto de vista cristão, reconhecer que as doutrinas teológicas do Novo Testamento ficam enraizadas na teologia do Antigo, e que a teologia do Velho Testamento chega à plena fruição na teologia do Novo Testamento. Alguns teólogos cristãos preferem escrever sobre a teologia bíblica. Assim começam com as doutrinas do Antigos Testamento e mostram como se desenvolveram no Novo. É claro que este método tem algumas vantagens, mas tem a tendência de olvidar os característicos distintivos e as riquezas peculiares de cada uma das divisões. Não se deve ler o Velho Testamento como texto científico da história, pois que trata das experiências religiosas do povo de Israel com o seu Deus. Escritores bíblicos, de épocas diferentes, interpretaram os acontecimentos na sua vida nacional de pontos de vista diferentes. Um estudo cuidadoso mostra que há três fontes da teologia do Velho Testamento representadas logo período de desenvolvimento, que culminou nas doutrinas teológicas dos profetas canônicos. A corrente principal se originou da revelação de Javé ao povo de Israel por intermédio de Moisés, a redenção e a escolha de Israel para o serviço de seu Deus. Depois Javé identifica-se como El Shadai, o Deus de Abraão, e assim a fé patriarcal integrou-se com a teologia bíblica. A terceira fonte, a influência dos vizinhos na religião de Israel, é mais difícil avaliar. Os mensageiros do Senhor lutavam heroicamente para purificar a sua religião das influências piores dos povos contemporâneos, mas não há dúvida de que os israelitas incorporaram algumas das festas e cerimônias religiosas dos povos cananeus no seu culto ao Senhor. Mas na teologia dos profetas esta influência foi reduzida ao mínimo, mais ou menos como o cristianismo livrou-se, em grande parte, das influências do paganismo. Há sempre oposição aos novos métodos de estudar a Bíblia, e a mudança de ênfase na interpretação de seus ensinos. Escrito por muitos autores, através de um longo período, com psicologia e cultura peculiares, o Velho Testamento oferece dificuldades para o leitor moderno que não tem conhecimento do seu fundo cultural. Por isso a leitura da bíblia esta sendo muito negligenciada pelo povo em geral. Por outro lado, o estudo das ciências bíblicas por especialistas está tirando tesouro das Escrituras coisas novas e velhas.

sábado, 4 de julho de 2009

O GNOSTICISMO EM PAUTA

ORIGEM

O Gnosticismo denomina uma corrente de pensamento que surgiu antes do início do cristianismo primitivo. Alguns pais da Igreja como Tertuliano , Irineu e Hipólito, defendiam que a filosofia grega (Platão, Aristóteles, Pitágoras , Zenão) era a principal fonte da heresia gnostisca. Porém, outros estudos mostram que o gnosticismo veio do Oriente, onde foi influenciado pelas religiões da Babilônia e da Persia. Os mitos cosmológicos atestam sua origem babilônica, enquanto seu dualismo extremado o relaciona com a religião gnóstica da área persa. O gnosticismo apareceu na em solo judaico, particularmente em Samaria, lá assumiu uma forma judaica. Foi esta a forma de gnosticismo existente por volta do início da era cristã. e que os apóstolos encontram com Simão, o mágico, que andava pela Samaria. Daí em diante começou a desenvolver-se uma escola gnóstica dentro da esfera cristã, com elementos derivados do cristianismo. Conforme At8.9-24, Simão, o mágico, se identificava com "o poder de Deus" e portanto, petendia ser uma figura messiânica. Também proclamava a libertação da lei. Ensinava que a salvação vinha, não por intermédio de boas obras. pela fé nele.

DEFININDO O GNOSTICISMO

O termo gnosticismo está relacionado com diversas correntes de pensamento que surgiram nos primeiros séculos da era cristã, como já dito acima. Este termo é proveniente do grego "Gnosis", que significa "conhecimento" ou "sabedoria". Esse sistema se caracterizava por especulações místicas e cosmológicas, e também uma forte ênfase dualista entre o mundo do espírito e o mundo material. Para o gnosticismo a salvação consistia em livrar o espírito de sua servidão da esfera material. (essa libertação permitiria ao ser humano ascender novamente ao mundo espiritual, ao mundo da luz de onde viera). Esse movimento tornou-se desafio para os líderes do II século. Em sinopse, acreditavam ser a materia, incluindo o corpo, uma prisão inerentemente limitante ou até mesmo um obstáculo maligno para a boa alma ou espírito do ser humano e que o espírito essencialmente divino, uma "centelha de Deus" , habitava o túmulo do corpo. Por isso, era necessário uma percepção superior
(gnose) dos gnóticos; essa percepção era uma forma de sabedoria esotérica que prporcionava conhecimento que eleva o ser a uma dimensão superior. O Gnosticismo ensinava que a salvação vinha do homem por meio de mistérios que eram peculiares ao seu próprio sistema. No sistema gnóstico a salvação significa alcançar um tipo especial de conhecimento. Tal gnose ou conhecimento implicava reconhecer a verdadeira origem celestial do espírito e sua natureza divina essencial como uma parte do próprio Ser de Deus, e Cristo como mensageiro espiritual imaterial enviado por esse Deus desconhecido icognoscível para buscar e resgatar as centelhas despersas de seu ser, ainda aprisionados em corpos materiais. Os Gnóstocps ensnavam que a encarnação de Jesus não era real, mas que Ele tinha apenas a essência de um ser humano. O gnosticismo enfatizava e encentivava um tipo de ecletismo espiritual, o sigilo e a divisão da igreja primitiva. o gnosticismo tomou de empréstimo certos elementos do cristianismo e os introduziu em seu contexto geral de salvação. Cristo por exemplo, era considerado pelos gnósticos como o salvador, visto que diziam ter sido Ele que trouxera o conhecimento salvífico ao mundo. Mas este não é o Cristo da Bíblia, O Cristo do gnosticismo era uma essência espiritual que emanara de forças cósmicas. Este Cristo não poderia ter assumido a forma de homem. Quando apareceu sobre a terra, diziam os gnósticos, só parecia ter corpo físico. Ao mesmo tempo os gnósticos também ensinavam que esse Cristo não sofreu nem morreu. O sofrimento e a morte de Cristo não tinham importância alguma para os gnosticismo, Ele apenas iluminou os homens. Ele foi o transmissor do conhecimento místico que o homem necessita para iniciar no caminho de volta para a luz.



O PENSAMENTO TEOLÓGICO DO SÉCULO XIX

O pensamento teológico desenvolvido no século XIX, a partir das idéias de Scheleirmacher, foram apoiadas no romantismo, em oposição ao racionalismo.
O romantismo, ao mesmo tempo que designa um movimento histórico, marcante nos séculos XVIII e XIX, designa também uma corrente filosófica, que veio a influenciar fortemente a religião, a ética e a teologia, notadamente, contra o idealismo. Em quanto movimento histórico, o romantismo assume uma posição contrária as tradições fundadas no racionalismo, procurando fundamentar o pensamento e ação em bases liberais, apoiadas na imaginação e nas emoções, no lugar da razão rígida. Enquanto corrente filosófica, o romantismo se opõe ao idealismo alemão, produzindo a filosofia de Schiller, Fitchte, Sceling e Sscheleirmacher, em oposição a Hegel. Para o idealismo hegeliano, o absoluto esta no campo do espírito supremo, que faz pensar, enquanto para o romantismo, o absoluto está no campo da arte, que impacta, provocando emoções. Para o idealismo, Deus é o espírito absoluto, para o romantismo, Deus é o artista supremo.
São considerados parteiros da teologia moderna, Telhard de Chardin e Karl Rahner, entre os católicos; Scheleirmacher, Kierkegaard e Barth entre os protestantes, Berdiziev e Bulgakov, entre os ortodoxos.
Teilhard Chardin, eliminando a metafísica clássica, procura fazer teologia com os recursos da ciência moderna, notadamente a teoria da evolução. Karl Rahner, procura fazer teologia pelo princípio antropológico, afirmando que enquanto o homem medieval fazia teologia a partir do mundo, nós precisamos pensar a teologia de nós mesmos. Berdiaiev mostra o desafio de se fazer teologia a partir da compreensão de Deus na experiência existencial, como comunhão de espírito e participação no ser. Bulgakov procura fazer teologia a partir da concepção de Deus como sabedoria universal, promovendo uma espécie de culto da sabedoria, em contraste com o sacrifício de tolos, mostrando que o selo da verdadeira sabedoria toca todas as coisas. Scheleiermacher, procura fazer teologia substituindo o conhecimento de Deus pelo sentimento de inteira dependência de Deus. Kierkegaard, procura fazer teologia a partir da compreensão do homem como um ser existente, profundamente marcado pela angustia. Barth procura mostrar em sua reflexão teológica que Deus é Deus para o homem e para o mundo e que a Palavra de Deus, é fundamental na reorientação do homem no mundo, porque Deus é a verdade suprema.

- A TEOLOGIA ROMÂNTICA

A concepção de teologia romântica está ligada ao nome de Friedrich Daniel Ernest Scheleirmacher (1768-1834). Natural de Breslávia, na Alemanha. Tornou-se famoso no campo da filosofia, com a interpretação romântica da religião, que consistia na retomada do pensamento de Platão, com que se torna precursor da hermenêutica moderna. Sustentou a existência da unidade entre o espiritual e o sensível no amor, afirmando com base em Platão, o caráter sagrado do amor.