sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO RELIGIOSO–Lição 9


A expressão serviço religioso abrange um imenso universo de práticas e atitudes por parte dos indivíduos que estão comprometidos com algum sistema religioso, porém, a expressão máxima desse servir sempre terá uma visibilidade maior no próprio momento de culto desenvolvido por cada desses sistemas. A palavra “culto” tem a sua raiz vinda da língua latina (do substantivo cultu; e do verbo colere), possuindo assim os seguintes significados ‘cultivar’;  ‘cuidar’; ‘tratar’; ‘honrar’; ‘venerar’. Segundo o dicionário Aurélio de língua portuguesa, culto designa um ato de “adoração ou homenagem à divindade em qualquer de suas formas, e em qualquer religião”. É cabível perceber que o termo não ligado apenas ao cristianismo, mas abrange as religiões de um modo geral. Na perspectiva cristã o culto pode ser simplesmente definido como uma forma externa de expressão da crença num único Deus, onde as especificidades são determinadas pelo cristianismo. Apesar de simples, esta definição resume toda a visão geral de um culto cristão. O ponto principal no entendimento das definições do culto cristão não está na adoração a Deus, mas no núcleo centralizador deste culto. O culto cristão é extremamente encarnacional e prático. Todos os eventos relacionados a Cristo devem ser inseridos no culto. Com isto, percebe-se que a ´exteriorização`   apresentada na definição acima, reveste-se e certa coerência estrutural. Uma teóloga de tradição anglo-católica aborda que o culto é uma resposta das criaturas ao eterno, trazendo assim uma nova concepção. Neste caso o culto cristão se caracteriza pela concepção do cultuante a respeito de Deus e sua relação com Deus. Longe de ser geral, o culto cristão sempre é condicionado e determinado pela crença cristã. Esta é a mesma idéia defendida pela perspectiva ortodoxa. Em círculos católicos é comum definir o culto como a glorificação de Deus e a santificação da humanidade. Irineu já dizia que a santidade é a maior glorificação do ser humano a Deus. Assim a glorificação a Deus e a santificação do homem caracterizam o culto cristão. Em todas as definições citadas a atenção à praticidade do aspecto dinâmico do culto cristão é destacado. Desde muito tempo a concepção de culto cristão esta atrelada às reuniões realizadas pelos cristãos nos templos. Porém, esta visão está totalmente fora do real valor e do verdadeiro significado de tal atitude. A abrangência do conceito real de culto perdeu seu poder de compreensão a partir da separação entre a teoria e a prática do que era o culto cristão. Não se sabe quando fora alcançado esta separação, mas os surgimentos de novas teologias contribuíram com certeza para esta visão antibíblica.
O SERVIÇO RELIGIOSO ANTES DA LEI
Antes da formação do povo de Israel e da entrega da lei, já se tinham formas de adoração. Nas escrituras sagradas, a primeira menção efetivamente feita sobre um culto no A T é a de Gn 4.2-7. Não sabe o tempo nem o local em que fora ofertado o culto, porém,  sabe-se claramente que a oferta de Caim foi rejeitada e a de Abel aceita. Neste primeiro relato bíblico acerca de um ato efetivo de adoração, encontramos Caim trazendo uma oferta ao Senhor, fruto da terra, e Abel trazendo dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura (Gn 4.3,4). Diz a Bíblia que a oferta de Abel foi vista por Deus, pois ele deu o melhor. Sobre esse episódio, o Dr Russel Shedd comenta que a oferta de Abel agradou mais do que a de Caim, não porque tivesse cumprido as exigências materiais, mas porque o coração de Abel estava em harmonia com o coração de Deus.  Há uma ligeira afirmação de que os sacrifícios passaram a ser a principal forma de adoração posteriormente a este episódio. Todas as citações de culto durante a vida dos patriarcas  foram destacadas pela realização dos sacrifícios. Os patriarcas erigiram altares (Gn 8.20;  17.7,8; 13.18; 26.25; 35.1; 17.15)e consideravam também árvore e poços como sagrados (Gn 12.6; 35.4; 16.14; Dt 11.30; Js 24.26).
O SERVIÇO RELIGIOSO DEPOIS DA LEI
Moisés inaugurou uma nova etapa nas práticas do serviço religioso dos primeiros servos de Deus. Começou quando ele conduziu o povo de Israel para fora do Egito, e se estendeu até a era dos juízes. Durante o tempo dos juízes, o povo de Deus ainda adorava em tendas e em tabernáculo. Somente quando Davi foi coroado rei, que se fizeram planos para a construção de um templo. Houve uma série de atividades acrescentadas nesta nova etapa. Quando Deus entregou os Dez mandamentos a Moisés, deixou bem claro as instruções conforme encontramos em Êxodo 20.3-5. Neste texto encontramos as palavras encurvarás e servirás, as quais significam atitude de culto. O serviço como culto, traduzido do grego, significa serviço sacerdotal. Serviço também pode ser tradução de “latreia”, encontrado no texto de Mateus 4.10, quando Jesus rebate a Satanás, dizendo: “...Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás”. Neste texto, o serivirás vem de “latreuseis”, enquanto que o adorarás vem de “proskuneseis”, que é também uma palavra grega com significado de culto. Começa assim a descrição de uma série de outras ordens para a realização do culto pós-lei.
ALGUNS ELEMENTOS DO CULTO PÓS-LEI – Tem-se um forte indício que Deus já havia aprovado os sacrifícios. Nos dias de Moisés, Deus também sancionou um novo local de culto. Quando o grande legislador subiu ao Monte Sinai, recebeu não só os dez mandamentos, mas também outras diretrizes para a vida do povo. Dentre estas orientações, foi dado a planta baixa do tabernáculo. Era um local fechado diferente dos altares erigidos a céu aberto. O próprio altar era diferente (Ex 27.1-3). O Sacerdócio, nesse ínterim, em Israel passou a existir o que se conhece por sacerdócio ordenado. De acordo com a ordem de Deus (Ex 28.1), Moisés consagrou seu irmão (Arão) e sobrinhos. Estes homens eram da tribo de Levi, e o sacerdócio passou a pertencer efetivamente a esta tribo. Havia um distinção entre o sumo sacerdote e os sacerdotes. Estes realizavam todas as atividades competentes aos sacerdotes. Aqueles, porém, além das atividades normais de um sacerdote, tinham a responsabilidade de executarem o sacrifício do dia da expiação, onde eles podiam entrar no santo dos santos (Lv 16.1-25). O sistema sacrificial, apesar da vasta referência concernente aos sacrifícios em toda a bíblia, tem-se os rituais sacrificiais mais especificamente registrado nos sete primeiros capítulos do livro de levítico. O sistema sacrificial é composto basicamente de cinco tipos de sacrifícios específicos: ofertas queimadas (holocaustos), ofertas de cereais (manjares), ofertas pacificas, ofertas pelo pecado, ofertas pelas transgressões.
O SERVIÇO RELIGIOSO PÓS-EXÍLIO
No ano 586 a.C., o Rei Nabucodonosor  saqueou Jerusalém e destruiu o templo santo que Salomão havia edificado, impossibilitando a realização de cultos. Porém, quando acabou o cativeiro, Ciro, rei da Persia, ordenou aos israelitas que construíssem um templo em Jerusalém (Esd. 1.2), restituindo os vasos levados por Nabucodonosor (Esd 5.14). Em muitas coisas, o segundo templo seria como o de Salomão. Mas a arca da aliança fora definitivamente perdida (destruída) durante a invasão do babilônios. Os recursos para a construção do segundo templo foram mínimos, devido a própria situação pós-exílio do povo israelita. O novo templo era menor e menos adornado do que o de Salomão, mas seguia as mesmas linhas descritas para o tabernáculo. Todo culto judaico a partir deste retorno era centralizado no novo templo. Os judeus desta época julgavam estar sob a ira e juízo divinos e, para reparar a culpa, eles voltaram a oferecer sacrifícios e ofertas. Neste ínterim, os levitas foram os primeiros a regressarem a Judá. Durante a monarquia outros ramos da tribo de Levi tinham sido aceitos como sacerdotes. Mas, após o exílio, todos os que alegam ser sacerdotes tinham  que provar que descendiam de Arão antes de ser admitidos no ofício (Esd 2.61-63; Nem 7.65-67). Outros funcionários do templo, que voltaram de imediato, foram os cantores e os porteiros. O livro das crônicas refere-se aos cantores e porteiros como ´levitas`, mas eles eram de origem estrangeira, eram descendentes de cativos de guerras, que assistiam os levitas no templo de Salomão. No tempo de Neemias estas pessoas juraram que andariam na lei de Deus e não se casariam com estrangeiros (Nem 10.28-30). Nestes momentos, a atmosfera de culto ritualístico fora substituída pelo contexto de remorso. As festas se tornaram refeições sociais. Um novo festival surgiu – a festa de Purim. Esta festa era realizada nos dias 14 e 15 do mês de adar, para comemorar o livramento dos judeus das mãos de Hamã.