sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ATOS – A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO ATRAVÉS DA IGREJA – Lição 1

Neste primeiro trimestre do ano de 2011 temos a feliz oportunidade de aprendermos um pouco mais sobre o livro de Atos dos Apóstolos, cujo o título tem sido questionado por alguns estudiosos, muitos entendem que não devemos nos focar exclusivamente nos feitos dos apóstolos, pois na realidade os apóstolos foram apenas instrumentos utilizados pelo Espírito Santo para que pudessem realizar a grande obra de Deus. Irineu, por volta de 190 d.C, foi o primeiro a usar o título simples de "Atos dos Apóstolos". Alguns estudiosos afirmam que este título é enganoso, pois o mesmo não quer dizer que nele estejam narrados todos os atos dos apóstolos do Senhor. Esse livro não pretende ser a obra dos apóstolos; é a história do crescimento do movimento cristão, conforme visto e entendido por uma pessoa que estava grandemente interessada em seu desenvolvimento histórico.

Este livro já foi muitas vezes chamado de "Os Atos do Espírito Santo" O Espírito Santo é mencionado mais de cinqüenta vezes (como "o Espírito" e "Espírito Santo). Embora o livro leve o título "Atos dos Apóstolos" em nossas versões, pode-se prontamente ver que este não é realmente o caso. O autor relaciona os onze apóstolos (At 1.13), apresenta a maneira pela qual o décimo segundo é escolhido (1.15-26) e nove jamais são mencionados outra vez por nome. Tiago (filho de Zebedeu) é mencionado somente em relação à sua morte nas mãos de Herodes Agripa I (At 12.2). Não se ouve de João depois de Atos 8.14, e Pedro desaparece após o cap. 15. Com a execução de Tiago (filho de Zebedeu), nada é dito sobre a morte dos outros apóstolos. Mas está evidente que o trabalho dos apóstolos foi de grande importância. Eles eram homens selecionados pelo Senhor Jesus Cristo para o um ministério especial: Dar testemunho de sua vida, ensinos, morte e ressurreição. Embora se saiba que o Espírito Santo ocupa o fundo do cenário em Atos, e que o mesmo é importantíssimo, não se compatibiliza o título "Atos dos Espírito Santo", pois o mesmo conduz a um erro maior que é afirmar que Atos é um tipo de Evangelho do Espírito Santo. Podemos sentir o movimento do Espírito Santo em tudo que acontece, do início até o final do livro; o progresso inteiro da igreja é orientado pelo Espírito Santo. Contudo está claro, desde o 1º Vers., que este 2º volume é uma continuação do que Jesus iniciou.

Observa-se, que a referência ao Espírito esta ausente em onze dos vinte e oito capítulos de Atos (3, 12, 14, 17,18,22,23,24,25,26,27); Depois de Atos 21.11, o Espírito Santo é mencionado somente uma vez (28.25) e isso numa citação de Isaías. È inconcebível que Atos possa ser um Evangelho do Espírito Santo e este não seja mencionado em tanto material. Tal proposta incorre num grande erro no sentido usual da palavra. Porque existe somente um Evangelho, e esse é o de Jesus Cristo (Gl 1.6-9). Mcnair, comentarista de uma Bíblia, sugeriu o título "Os Atos do salvador glorificado formando e treinando a sua igreja". Enquanto o conhecido teólogo pentecostal, Stanley Horton propôs o seguinte: "Atos do Senhor ressuscitado pelo Espírito Santo na Igreja e Através dela".

A ÊNFASE TEOLÓGICA DO LIVRO DE ATOS

Do ponto de vista teológico, o tema dominante de Atos é a obra do Espírito Santo. Logo no início o Senhor ressuscitado promete enviá-lo, promessa que para os judeus se cumpre no cap. 2 e para os gentios no cap. 10. Os apóstolos proclamam sua mensagem no poder do Espírito Santo, manifesto por sinais externos sobrenaturais; a aceitação dessa mensagem pelos convertidos é de igual modo acompanhada de manifestações visíveis do poder do mesmo Espírito. Isto provavelmente explica o que alguns tem achado ser uma dificuldade nos Atos – Que o espírito é recebido por alguns crentes após o arrependimento e o batismo (como foi o caso dos judeus que creram, no dia de pentecostes, 2.38); por alguns depois do batismo e a imposição de mãos dos apóstolos (como no caso dos samaritanos, 8.15... e os discípulos de Éfeso, 19.6) e por outros imediatamente ao ato de crer, antes do batismo (como foi o caso dos familiares de Cornélio 10.44).

Conforme o dicionário de John D. Davis, Nos cap 2.1 a 8.3, temos a história da igreja em Jerusalém depois do Pentecostes, nos quais se mencionam as primeiras conversões, as primeiras oposições, os primeiros atos de disciplina, as primeiras perseguições, a primeira organização, o primeiro martírio e finalmente uma breve noticia de seus efeitos sobre a igreja nascente (2.41-47; 4.23-37; 5.11-16,41,42; 6.7; 8.1-3). O apóstolo Pedro aparece como figura proeminente, se bem que o protomártir, Estevão foi quem preparou a igreja para o período seguinte, o período de transição que a transformou em igreja missionária para oferecer a salvação pela fé a todas as gentes (Cap. 8.4 até 12.25). O Espírito Santo foi enviado por Jesus para capacitar a igreja que ele mesmo havia fundado, para dar continuidade a obra da salvação, por isso Jesus recomendou que eles não saíssem de Jerusalém até que o Espírito Santo estivesse atuando de forma plena na vida de cada um deles. Por isso, podemos dizer que o que realmente autentica o serviço religioso como obra de Deus, é a poderosa ação do Espírito Santo através daqueles que se dizem chamados para fazer a obra do Senhor. Porém, em muitos casos não vemos o Espírito Santo agindo através da igreja, e sim, determinados indivíduos que estão agindo através de alguns sistemas religiosos com grandes numerários, visando conquistas pessoais, mas que dizem estarem sendo usados pelo Espírito Santo. Acautelai-vos para que ninguém vós engane....cuidado! nem toda prosperidade material procede de Deus, não se deixe enganar por discursos inflamados, não se iluda com supostos milagreiros.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SE O MEU POVO ORAR – Lição 13

O nosso último tema do ano na Escola Dominical, tem como palavra chave "SE", uma conjunção subordinativa condicional. As Conjunções subordinativas condicionais são as conjunções que, iniciando uma oração subordinada a outra, exprimem uma condição sem a qual o fato da oração principal não se realiza (ou exprimem hipótese com a qual o fato principal não se realiza). Peço desculpas pelo aspecto técnico da introdução, porém, entendendo que será útil para embasar a nossa reflexão. São diversos os textos que tratam das relações entre o homem e Deus em que a partícula "SE" está presente como elemento semântico determinante, pois se a retirarmos do texto perderemos o significado da oração. A partícula "SE" pode aparecer nos textos com várias funções gramaticais, porém, no nosso caso o "SE" está funcionando como um elemento gramatical que estabelece uma condição subordinada a uma determinada ação.

A análise feita acima deixa claro que Deus condicionou a sua Providência de acordo com as atitudes e respostas humanas no tocante aquilo que Ele propõe realizar na vida dos seres humanos. No nosso tema de hoje temos uma alusão direta à diversas atitudes que são fundamentais para o aprofundamento da nossa comunhão com o Senhor. Em primeiro lugar o Senhor ensina ao seu povo que é necessário que haja um despojamento de toda soberba e arrogância, Deus rejeita temporariamente ou permanentemente o homem prepotente, conforme está em Pv 16.18 "A soberba precede a queda, e a altivez de espírito a ruína", porém, se este homem arrogante se quebrantar despindo-se de sua arrogância, Deus tem projetos especiais para vida dele. Também diz palavra do Senhor que "se o povo se converter". Esse é um aspecto claro da mensagem divina para os homens, tendo em vista que o homem foi expulso do Jardim do Éden porque desobedeceu a ordem de Deus, e por isso, perdeu sua comunhão com o Criador e passou a trilhar um caminho contrário do Dele. Para que o homem possa ter um relacionamento perfeito e agradável com Deus é preciso que ele retome o caminho de volta e isso se chama conversão, deixar os seus maus caminhos. Nenhum indivíduo alcançará a graça e a misericórdia de Deus sem o arrependimento e conversão, e isso não pode ser interpretado como algo predeterminado num passado remoto. As escrituras deixam muito claro que o amor de Deus é extensivo à todas as criaturas, porém, os benefícios gerados por esse ato de amor estão condicionados às reações manifestas por cada indivíduo, "Arrependei-vos e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados"; "Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz e siga-me"; "vinde a mim todos os que estão cansados e oprimidos...". São muitas as expressões bíblicas que nos mostram que os efeitos da graça de Deus sobre os homens é um processo condicional, vai depender do homem querer, se arrepender, se converter, querer vir. Poderia citar uma grande quantidade de textos, porém, trata-se apenas de uma rápida reflexão. O "SE" no contexto das Escrituras Sagradas faz a grande diferença, pois, representa a posição que o homem assume diante da poderosa palavra do Senhor. No Evangelho de João cap. 15.7, Jesus utiliza a conjunção condicional "SE" para dizer que o sucesso na oração depende totalmente de uma atitude de comprometimento com a Palavra do Senhor "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito" compare com Pv 2.1 "Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos". A relação entre esses textos nos mostra que as palavras de Deus só estarão em nós se às aceitarmos por escolha própria. Em 2 crônicas 7.14, Deus subordina o ato de perdoar os pecados e trazer prosperidade aos homens, à condição de que as pessoas se enquadrem nos padrões espirituais e comportamentais que Ele exige daqueles que querem ser chamados de seu povo. Na sua presciência e providência, Deus pode muito bem ter escrito a nossa história, pois Ele é capaz de conhecer os nossos atos antecipadamente, porém, sem nos eximir da oportunidade de fazermos as nossas próprias escolhas. "Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações, como na provocação" Hb 3.7,15. Por essa causa a compreensão sobre a função gramatical da partícula "SE" é fundamental para a compreensão do texto no tocante a liberdade que as pessoas tem diante do chamado de Deus, isto é, atender ou não a voz do Espírito que convida todos para que tenham comunhão com Deus. Infelizmente parece que as bíblias de alguns cristão não têm a partícula "SE" exercendo essa função gramatical, por isso, essas pessoas pregam um Deus determinista, que armou um grande teatro para encenar o espetáculo da história humana, no qual o roteiro já definido de forma unilateral, onde Deus é o autor e os homens apenas personagens com um papel para cumprir.

Outro fato interessante nesse contexto, é o conflito vivenciado por alguns cristãos, os quais dizem: "para que orar se Deus sabe tudo aquilo que necessitamos, e também já determinou o nosso futuro?". Creio, que para os que pensam assim, a lição que estamos estudando hoje é bastante esclarecedora. O ato de orar manifesta a nossa confiança e dependência de Deus, virtudes essas que são pré-requisitos para que Deus realize em nossas vidas aquelas promessas que têm um caráter condicional. Por isso, Jesus disse: "E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á" Lc 11.19.

Concluindo a nossa abordagem podemos dizer que toda a nossa tarefa de orar está subordinada a realização da vontade de Deus. Antes de pedirmos ao Senhor sobre determinado assunto, é preciso entregar-lhe toda a honra e toda a glória. Ao fazermos a vontade de Deus, abrimos mão do plano imperfeito que temos em favor do comando perfeito do Senhor. No momento em que submetemos nossa vida totalmente a Deus, ele nos devolve a vida acrescida de sua graça, que nos completa. Essa experiência maravilhosa enche-nos de alegria pelo privilégio de compartilhar sua glória. A realidade prática e total do pensamento de Davi torna-se presente em nossa própria vida: "Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração" Sl 37.4.