quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ENIGMAS DAS BIBLIA - 3

1 SAMUEL 28:7ss - Como Deus pôde permitir que a feiticeira de En-Dor tenha feito Samuel subir de entre os mortos, já que Deus condena a necromancia?

PROBLEMA: A Bíblia condena com severidade toda feitiçaria e comunicação com os mortos (Êx 22:18; Lv 20:6, 27; Dt 18:9-12; Is 8:19). No AT, os que praticassem essas coisas receberiam a pena de morte. O rei Saul sabia disso e até mesmo expulsou todas as feiticeiras da terra de Israel (1 Sm 28:3). O problema é que parece que ela teve sucesso no contato com Samuel, o que dá validade aos poderes da feitiçaria, que a Bíblia de forma tão severa condena.

SOLUÇÃO: Várias possíveis soluções têm sido apresentadas a este caso de En-Dor. Três delas são aqui apresentadas, resumidamente.

Primeiro, alguns crêem que a feiticeira operou um milagre por meio de poderes demoníacos e de fato trouxe Samuel dos mortos. Como justificativa, citam passagens que indicam que os demônios têm o poder de realizar milagres (Mt 7:22; 2 Co 11:14; 2 Ts 2:9-10; Ap 16:14). As objeções a essa posição incluem o fato de que a morte é o fim (Hb 9:27); que os mortos não podem retornar (2 Sm 12:23) porque há um grande abismo colocado por Deus (Lc 16:24-27), e que os demônios não podem usurpar a autoridade de Deus sobre a vida e a morte (Jó 1:10-12).

Segundo, outros têm sugerido que na verdade a feiticeira não fez subir Samuel de entre os mortos, mas que foi simplesmente uma fraude. Para explicar isso, referem-se aos demônios que enganam as pessoas que tentam estabelecer contato com os mortos (Lv 19:31; Dt 18:11; 1 Cr 10:13) e argumentam que os demônios às vezes proferem o que é verdade (cf . At 16:17). As Objeções a essa posição incluem o fato de que a passagem parece dizer que Samuel realmente voltou dos mortos, que a profecia de Samuel foi algo que veio a acontecer e que é improvável que demônios tenham proferido verdades de Deus, já que o diabo é o "pai da mentira" (Jo 8:44).

Uma terceira posição é que a feiticeira não fez subir Samuel de entre os mortos, mas Deus mesmo interveio na tenda para repreender Saul pelo seu pecado. As razões dessa posição são: (a) Samuel parece ter realmente voltado dos mortos (v. 14), mas (b) nem os homens nem demônios têm o poder de trazer pessoas mortas (Lc 16:24-27; Hb 9:27); (c) até mesmo a feiticeira parece surpreender-se com o aparecimento de Samuel, provindo dos mortos (v.12); (d) esta passagem condena diretamente a feitiçaria (v. 9), portanto é bem improvável que ela lhe desse crédito declarando que feiticeiros podem realmente trazer de volta pessoas mortas; (e) Deus às vezes fala em lugares insuspeitos por meios fora do comum (cf. a jumenta de Balaão, Nm 22); (f) o milagre não foi realizado pela feiticeira, mas apesar dela; (g) Samuel parece realmente aparecer provindo dos mortos, censurar Saul e proferir uma profecia verdadeira (v. 19); (h) Deus condenou explícita e repetidamente o contato com os mortos (veja acima) e não contradiria isso, dando crédito à feitiçaria.

As maiores Objeções a esta posição baseiam-se no fato de que o texto não diz explicitamente que foi Deus quem realizou aquele ato sobrenatural e que a tenda de uma feiticeira seria um lugar bem estranho para ele operar algo assim.

sábado, 15 de agosto de 2009

AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS SEITAS

A melhor maneira de se identificar uma seita é conhecer os caminhos percorridos por elas. Teologicamente podemos destacar os seguintes aspectos que nos permite classificar uma seita.

REVELAÇÕES EXTRABÍBLICAS

Não tem a Bíblia como fonte de autoridade. Asseveram, pois, que Deus fala ou tem falado à parte da Bíblia. Algumas vezes, essas revelações extrabíblicas vêm por intermédio de algum “líder divinamente inspirado”. Muitas religiões têm atribuído autoridade divina à pessoa de algum indivíduo, que é infalível quando fala, cujas palavras têm a mesma autoridade, ou mesmo maior autoridade do que a Bíblia.

FALSO MESSIANISMO

O fundador destas seitas ocupam um lugar de primazia na fé dos adeptos dessas seitas. Geralmente o seu nome tem mais destaque do que o próprio nome de Jesus, e também os seus ensinos recebem muito mais atenção do que o evangelho de Jesus.

EXCLUSIVISMO SOTERIOLÓGICO

Afirmam que não existe salvação fora do seu sistema religioso. Quase todas as seitas pregam que têm a responsabilidade da restauração do cristianismo primitivo, que, conforme ensinam, sucumbiu à apostasia, afastando-se dos verdadeiros ensinos de Jesus; então numa determinada data o movimento apareceu por vontade divina, para restaurar o que fora perdido. Daí a ênfase a exclusividade. Dessa maneira ensinam que uma organização religiosa pode salvar, isso é pregar outro evangelho (II Co 11.4; Gl 1.8). Pois divide a fidelidade de Deus com uma organização e tira de Jesus sua exclusividade de conduzir-nos ao Pai (Jo 14.6; At 4.12; I Co 3.11).

AMBIGUIDADES DOUTRINÁRIAS

A ambigüidade doutrinária é uma das marcas distintivas das seitas. Uma das mais notáveis características das seitas, são as mudanças doutrinárias constantes, para se adaptarem a novas situações. Efésios 4.14

DESCARACTERIZAÇÃO DA PESSOA DE JESUS

No dicionário de Maçonaria, de Joaquim Gervásio (33º), Jesus é visto simplesmente como mais um fundador de religião, ao lado de figuras mitológicas e ocultistas (Orfeu, Hermes, Trimelisto), o deus do Hinduísmo (Krishna), Maomé (profeta do Islamismo), entre outros. A legião da Boa Vontade, nega a natureza humana de Jesus, dizem que Ele é apenas um corpo aparente ou fluídico, além de negar sua divindade, dizendo que ele “não é Deus e jamais afirmou que fosse Deus”. Para as Testemunhas de Jeová, Jesus é um anjo, a primeira criação de Jeová. Para os Kardecistas, Jesus foi apenas um médium perfeito “médium de Deus”. A Bíblia refuta todas estas posições, pois a mesma ensina que Jesus é Deus (Jo 1.1; 20.28; Tt2.13; I Jo 5.20). Assim não pode ser equiparado com meros humanos ou figuras mitológicas, nem mesmo com anjos, que O adoram (Hb 1.6). A Bíblia também atesta categoricamente a humanidade de Jesus, pois nasceu como homem (Lc 2.7), cresceu como os homens (Lc 2.52), sentiu fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.28), comeu bebeu (MT 11.19; Lc 7.34), dormiu (Mt 8.24), suou sangue (Lc 22.44).

PREGAM AUTO – SALVAÇÃO

Crêem que Jesus é importante, mas não é tudo. A salvação pode ser alcançada pelas obras. As vezes repudiam o poder do sangue de Jesus. Por exemplo o Seicho-No-Iê, nega a eficácia da obra redentora de Jesus e do valor de seu sangue para a remissão de pecados, chegando a dizer que “se o pecado existisse realmente, nem os budas todos do universo conseguiriam extinguí-lo, nem mesmo a Cruz de Jesus Cristo conseguiria extinguí-lo”. Já os Mórmons afirmam crer no sacrifício expiatório de Jesus, mas sem o cumprimento das leis estipuladas pela igreja não haverá salvação. Outro requisito foi exposto pelo “profeta” brigham yong, que disse: “Nenhum homem ou mulher nesta dispensação entrará no reino celestial de Deus sem o consentimento de Joseph Smith”.

Daí o apego que eles têm a Smith. Doutrinas semelhantes são ensinadas pela igreja da Unificação/Moon, que desdenha os cristãos por acharem que foram salvos pelo sangue que Jesus verteu na cruz, chegando a dizer: “expiamos nossos pecados por meio de atos de penitência específicos”. As Testemunhas de Jeová ensinam que a redenção de Cristo oferece apenas a oportunidade para a pessoa alcançar sua própria salvação através das obras. Jesus apenas abriu o caminho, o restante é com o homem. Uma de suas obras diz: “trabalhamos arduamente com o fim de obter nossa própria salvação”. Já os Adventistas crêem que a vida eterna só será concedida aos que guardarem a lei, que para eles implica a guarda obrigatória do Sábado. Veja o que a Bíblia diz sobre aqueles que negam o pecado (Jo 8.44; I Jo 1.8). Quanto ao poder de Cristo para perdoar pecados (Ef 1.7; I Jo 1.7-9; Ap 1.5). Verifique o que a bíblia diz sobre a salvação pelas obras (Ef 2.8,9). Sobre o valor das obras (Hb 12.5-11; I Co 11.31,32).


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

APOLOGÉTICA CRISTÃ E O GNOSTICISMO


A APOLOGÉTICA EM AÇÃO FRENTE AO GNOSTICISMO.

Alguns pais da igreja ficaram conhecidos como os “os pais antignósticos”, isso se deu ao fato de que os mesmos se levantaram ferrenhamente contra a doutrina do Gnosticismo. A doutrina gnóstica de Deus se relacionava com especulações mirabolantes relativas ao mundo espiritual e à origem do mundo material (a assim chamada doutrina do ‘eons ). Valentino, por exemplo, supunha que 30 eons tinham emanado da Divindade em processo teogônico. O mundo material se deriva do eon mais baixo como resultado de uma queda. O Deus supremo, ou Progenitor, formava o primeiro eon, também conhecido com búthos (abismo). Do “abismo” procederam “o silêncio” ou “idéia” (sigé ou énnoia), e destes dois, “o espírito”e “a verdade”(nous e aléetheia). Destea vieram, por sua vez, “razão”e “vida(lógos e ezooée) , e destas “homem” e “a igreja” e 10 outros eons apareceram. “Homem” e “a igreja” juntos produziram 12 eons, o último dos quais “sabedoria”(sofia). Os eons, agindo unanimemente, formavam o mundo do espírito, o Pléroma, que contém os arquétipos do mundo material. O último dos eons caiu do Pléroma como resultado de ataque de paixão e ansiedade, e foi por causa desta queda que o mundo material chegou a existir. O demiurgo que criou o mundo procedeu deste eons caído.

Cristo e o Espírito Santo se originaram num dos aeons mais elevados. A tarefa de Cristo é a de restaurar ao Pléroma e eon caído e, ao mesmo, livrar as almas dos homens de seu cativeiro ao mundo material e trazê-las de volta ao mundo do espírito. Sobre esta base desenvolveu-se o conceito gnóstico de salvação. Dizia-se consistir a salvaçào no livramento das almas do mundo material a fim de que pudessem ser purificadas e trazidas de volta à esfera divina de onde vieram. Tal como acontece no neo-platonismo, que tinha muito e comum com o sistema de Valentino, a história do mundo era concebida em termos cíclico. O homem caiu do mundo da luz e era conservado cativo no mundo material. A salvação consistia na libertação do mundo material de modo que o homem novamente pudesse ascender ao mundo espiritual, ao mundo da luz, de onde vivera.

De acordo com o gnosticismo, tal salvação era possível devido à percepção superior (gnõosis, “gnose”) dos gnósticos; essa percepção era uma forma de sabedoria esotérica que proporcionava conhecimento relativo ao Pléroma e ao caminho que para lá conduzia. Mas nem todos podiam alcançar essa salvação; apenas os assim chamados “pneumáticos” que possuiam o poder necessário para receber esse conhecimento.

O gnosticismo tomou de empréstimo certos elementos do cristianismo e os introduziu em seu conceito geral de salvação. Cristo, por exemplo, era considerado pelos gnósticos como o salvador, visto que diziam ter sido ele quem trouxera o conhecimento salvífico ao mundo. Mas este não é o Cristo da Bíblia; o Cristo do gnosticismo era uma essência espiritual que emanara dos eons. Este Cristo não podia ter assumido a forma de homem. Quando apareceu sobre a terra, diziam os gnósticos, só parecia ter corpo físico. Ao mesmo tempo, os gnósticos também ensinavam que este Cristo não sofreu e morreu. O gnosticismo em outras palavras proclamava uma cristologia docética.

O conflito com o gnosticismo deixou sua marca impressa de várias maneiras na teologia desenvolvida pelos Pais Eclesiásticos nos primeiros séculos. A apresentação da fé cristã, que encontramos nos assim chamados pais antignósticos, deve ser entendida contra o pano de fundo desta situação polêmica. Para estes teólogos da igreja primitiva, a crença na criação divina ocupou lugar central de modo mais destacado que na tradição ocidental posterior, onde a doutrina da salvação foi frequentemente enfatizada às custas de outras facetas do cristianismo. Foi o idealismo gnóstico, com seu repúdio da criação, que levou os Pais Eclesiásticos a tratar tão pormenorizadamente da doutrina de Deus e da criação, bem como o problema do homem, a encarnação e a ressurreição do corpo. Outra característica evidente foi o ponto de vista moralizante que pode ser encontrado, por, exemplo, em Tertuliano. Isto também se explica, em parte, pela oposição ao gnosticismo, com sua doutrina da libertação da lei e sua deturpação antinomista do conceito paulino da justificação.