quarta-feira, 28 de março de 2012

APOCALIPSE, A REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO - Lição 1

O último livro da Bíblia é sem dúvida o mais inspirador, pelo o fato de seu conteúdo ser o mais enigmático de todos os escritos do Novo Testamento. Com certeza todos os leitores da bíblia são quase unânimes em afirmar que este é um texto que apresenta um alto grau de dificuldade no tocante a sua compreensão. Por causa disso muitos têm negligenciado na leitura do Apocalipse, o que um fato lamentável, porque, fora dos Evangelhos e Atos, nenhum outro livro constitui tamanha fonte de fé e força para os crentes, na luta contra o mal. O apocalipse torna o céu tão real ao leitor que, na força de uma convicção bendita, ele recebe a coragem para continuar a batalha contra o mundo e todos os males. Nenhum outro livro, do Novo Testamento, apresenta tantos problemas como faz este último livro de nossa Bíblia. Para muitos, ele não é um "desvendamento",mas permanece sendo algo "algo" "oculto". E bem evidente que este livro pertence a uma categoria literária diferente da dos "históricos" (Evangelhos e Atos" ou "epístolares" (as Epístolas). A complexidade de seu tipo literário é evidente. Ele começa (1:4-6) e termina (2;1-3;22) como uma carta; contudo, é altamente simbólico. Mais do que qualquer outro livro, ele encaminha seus leitores ao futuro que Deus planejou para o mundo e para a igreja. Seu retrato de Jesus é um resumo convincente de todas asem, as coisas que os restantes livros do Novo Testamento escrevem sobre Ele. E, enquanto a maior parte dos livros do N T foi escrita para grupos específicos de cristãos. Apocalipse parece ter sido escrito conscientemente para toda a igreja, em todos os tempos e lugares. Assim, por todas estas razões, ele traz o N T a uma conclusão apropriada e altamente inspirada. 
Apocalipse teve uma história marcada por vicissitudes. Ele começou bem, porque desde meados do segundo século os cristãos acreditavam que o "João" que escreveu (1.4,9) era o apóstolo João. Porém, no terceiro século surgiram dúvidas. Ele é tão diferente do Evangelho de João, tanto pela linguagem como pelo conteúdo!-poderia realmente ser o mesmo autor? Por outro lado, naquela época vários grupos "facciosos" passaram a usar o Apocalipse em apoio de suas teorias excêntricas a respeito de Deus e do mundo, um processo que desde então se mantém incontestado. Por isso, os cristãos ortodoxos começaram a sentir que Apocalipse era um livro inseguro. Os reformadores João Calvino (não fez nenhum comentário sobre Apocalipse) e Martinho Lutero chegou a ser bastante crítico, ao fazer a seguinte afirmação sobre Apocalipse "Cristo não é ensinado nem reconhecido nele". (Texto adaptado. Homens com uma mensagem - John Sttot).

A NATUREZA DA LITERATURA APOCALÍPTICA

Muitos estudiosos incluem essa literatura nos "tratados para tempos difíceis". Esta literatura surgiu no período da história de Israel depois que a voz profética fora silenciada. Durante tempos de severa perseguição., livros apocalípticos surgiram na ausência de um profeta para responder à pergunta: "Por que o justo sofre?" Os livros apocalípticos pretendem ser uma revelação divina, geralmente através de um intermediário celestial, a alguma pessoa proeminente na história passada da nação, na qual Deus promete vingar seu povo sofredor, destruir toda impiedada e trazer paz duradoura. A diferença básica entre a profecia e o texto apocalíptico é que a profecia lidava com as obrigações éticas do período em que o profeta escreveu, ao passo que o texto apocalíptico centralizava-se num tempo no futuro, quando Deus iria intervir catastroficamente, para julgar o mundo e estabelecer a justiça. Há cerca de tantas definições da natureza desta literatura quanto há escritores sobre os livros deste gênero. Um método é definir o texto apocalíptico por três aspectos óbvios: forma, função e conteúdo. A virtude deste método é que que estes aspectos são bem evidentes. Cada um deste tem certas características, que precisam ser observadas. Estas são: 1) A forma, como tendo pseudonímia (ou anonímia), simbolismo, mitologia, orientação cosmológica, numerologia, (gematria), experiências extáticas, alegações de inspiração, visões (esotéricas), drama, empréstimos de outros apocalipses, alegoria e prosa. 2) A Função (ou propósito), como respondendo às necessidades que surgem das perseguições, resolvendo o problema colocado pela justiça de Deus e o sofrimento do homem (teodicéia), e expondo os objetivos do nacionalismo, uma filosofia pessimista da história, dualismo, divisão eônica do tempo e um mínimo de ensinos éticos e morais. Naturalmente, é observável imediatamente que cada escrito apocalíptico não teria todas estas características; alguns têm mais,outros menos. Mas os três aspectos são de importância na definição deste gênero. E também evidente, ao ler-se o texto apocalíptico, que um aspecto pode ser dominante sobre os outros dois. Geralmente, contudo, é o aspecto da forma que chama a atenção para este tipo de literatura.

CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA APOCALÍPTICA

A definição acima, apocalíptico, precisa ser desmembrada em uma definição mais conveniente, para caracterizar este tipo de literatura. Embora nem todos os estudiosos concordem quanto às características elementares básicas, as seguintes são pelo menos mais evidentes:
- ESCATOLÓGICA - Toda literatura apocalítica é escatológica, mas as duas coisas não são idênticas. São feitas, acertadamente, distinções entre as duas. A escatologia pode existir e frequentemente existe nos escritos básicos, separada em secções apocalípticas. A própria natureza contingente do pensamento escatológico faz com que a escatologia se preste à expressão apocalíptica (mitológica). Por outro lado, o apocalíptico é sempre escatológico, seja explícita ou implicitamente. A escatologia olha para um tempo futuro, quando Deus irromperá catastroficamente no mundo do tempo e do espaço, para julgar sua criação. Há uma distinção a ser feita entre profecia escatológica e o apocalíptico. Aquela predisse o futuro que deverá surgir do presente, ao passo que os apocaliptistas predisseram o futuro que deverá irromper no presente (H. H. Rowley, The Relevance of Apolyptic).
-SIGNIFICAÇÃO HISTÓRICA - O apocalíptico mantém a tensão entre a história e o éschaton. O apocaliptista escreve dentro de uma estrutura histórica para assegurar o leitor acerca da intervenção divina. isto é, caracteristicamente feito retraçando-se a história na forma de profecia, para falar às condições da época da escrita. Os elementos da situação histórica real são representados pelas imagens do livro. O conhecimento da situação histórica auxilia na interpretação da mensagem.
- UMA DEFESA RADICAL DOS JUSTOS - Uma das características mais óbvias do apocalíptico é vista na defesa radical do grupo perseguido, sempre identificado com os escolhidos de Deus, e com os quais sempre o escritor se identifica, como uma parte integrante. Surge a pergunta sobre por que o povo de Deus sofre, e a resposta é encontrada no dualismo, que é temporal e histórico. Há duas superpotências que se opõem, e ambas são sobrenaturais: Deus e Satanás. Com duas eras distintas, a presente está sob o controle das forças da impiedade, e, consequentemente, há um pessimismo acerca da presente situação histórica. E por esta razão que os justos sofrem. Existe pouco ou nenhum ensino moral e ético; estar no grupo escolhido é o bastante, pois o pior membro do grupo é muito melhor que a pessoa que não é do grupo.

A REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO DADA A JOÃO (Ap 1.1-3).

O próprio título do livro é a chave de sua mensagem: "A revelação de Jesus Cristo". O Evangelho de Mateus enfatiza Jesus como o filho de Davi, filho de Abraão, e com aquEle que haveria de cumprir as promessas e profecias entregues a Israel. Marcos chama Jesus de Filho de Deus, assim, mostra-o em plena ação. Lucas dirige sua mensagem ao gentio Teófilo a quem apresenta um Jesus que se importa com as pessoas com toda a ternura e divino amor. João,em seu Evangelho, volta ao princípio de tudo, quando Jesus estava com Deus Pai no trabalho da criação dos céus e da terra. O quarto evangelista prossegue reafirmando o poder e a deidade do Nazareno para confirmar a fé dos fiéis. Os atos e as epístolas dizem como Jesus continuou a trabalhar com poder e sabedoria através do Espírito Santo na Igreja. Obra esta que continua ainda hoje. O ambiente para que se completasse toda a revelação do Novo Testamento dá-se em Patmos, quando é confiado a João um novo, envolvente e dramático quadro de Jesus. "Revelação" (em grego apokalupsis significa "desvendar" , descobrir") descobre-nos as verdades sobre Jesus e os eventos que hão de preceder-lhe o retorno,incluindo os não revelados em profecias anteriores.
Este livro não é para todos os tipos de público. E dirigido aos "seus servos" (literalmente, "escravos"); é destinado àqueles que pertencem a Jesus, e estão totalmente comprometidos em servi-lo. As coisas reveladas, garantiu o Senhor Jesus, devem começar a acontecer rapidamente, sem demora. A João é enviado um anjo, que se identifica como "servo" de Deus. A maioria dos escravos naqueles dias constituída de pessoas que haviam sido capturadas na guerra. A semelhança delas, João e os outros crentes eram também prisioneiros de Cristo, pois haviam sido capturados ao exército de Satanás para se tornarem servos do Senhor Jesus. E bom observar o que Jesus disse aos seus discípulos na última ceia. Deste momento em diante, Ele não mais os chamaria servos ou escravos, mas amigos. Um nada confidencia aos seus escravos, mas aos seus amigos, abre o coração e expõe todos os seus planos (Jo 15.15). Esta era a forma como Jesus tratava a João e aos outros crentes; revela-lhes os planos de Deus. A revelação feita ao apóstolo vem sendo uma benção aos cristãos através da história da Igreja, especialmente em tempos de dificuldades e tribulações. Apesar de a palavra apóstolo não ser usada aqui, a tradição da Igreja Primitiva garante que o João que testemunha todas estas coisas era realmente o "discípulo a quem Jesus amava" (Jo 21.20). Escritores e pais da Igreja Primitiva testificam que João ministrou em Efeso, onde morreu no final do primeiro século. O bem aventurado do versículo três é a primeira das sete bençãos pronunciadas no livro. A referência ao ler (grego, anaginoskon) significa ler em voz alta. Isto implica numa leitura feita na igreja, onde os crentes se aglomeram para ouvir. As bençãos e bem-aventuranças vêm tanto sobre os leitores como os ouvintes, desde que guardem as palavras da profecia. As bençãos não vêm sobre leitores negligentes ou ouvintes desatentos, mas sobre aqueles que, amorosamente, obedecem aos preceitos e mandamentos encontrados no livro. (Texto extraído de "APOCALIPSE" - Stanley M. Horton).

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