sexta-feira, 4 de setembro de 2009

EM BUSCA DA FELICIDADE

Certo filósofo francês disse recentemente: "Todo o mundo está buscando loucamente a certeza e a felicidade." O presidente da Universidade de Harvard disse: "O mundo está procurando uma religião em que possa crer e uma canção que possa cantar." Um milionário de Texas confessou isto: "Pensei que com dinheiro pudesse comprar a felicidade, mas acabei miseravelmente decepcionado." Famosa estrela do cinema exclamou: "Tenho dinheiro beleza fascinação e popularidade. Deveria ser a mulher mais feliz deste mundo, mas sou infeliz e miserável. Por quê" Um dos mais conspícuos líderes britânicos disse: "Perdi toda a vontade de viver, e no entanto tenho que viver. Que é que acontece comigo?"
Certo senhor foi consultar um psiquiatra, e lhe disse: "Doutor, sinto-me vencido, sozinho, e muito infeliz. O senhor me poderá ajudar?" O médico especialista lhe receitou que fosse ao espetáculo de um famoso circo, e visse e ouvisse um palhaço extraordinário que tinha a fama de fazer rir os mais tristes e desanimados deste mundo. O consulente respondeu: "Eu sou o dito palhaço."
Certo acadêmico disse: "Tenho 23 anos. Já passei por experiências que fizeram de mim um velho e estou farto da vida." Famosa bailarina grega de nossos dias disse: "Nunca tenho estado só, mas sinto que minhas mãos tremem, que os olhos se me enchem de lágrimas e que se me confrange o coração em busca de uma paz e felicidade que jamais achei." Um dos grandes estadistas do mundo hodierno me disse certa vez: "Estou velho, e para mim a vida já perdeu todo o encanto e significado. Estou pronto a saltar fatalmente para o desconhecido. Jovem, o senhor me poderá dar um raio de esperança?"
Este nosso mundo materialista luta, e se agita, e se debate na eterna busca da fonte da felicidade! Quanto mais conhecimentos adquire, menos sabedoria parece ter. Quanto maior for a segurança econômica em que vivemos, descobrimos avolumar-se mais dentro de nós o enfado, e também o tédio. Quanto mais gozamos dos prazeres mundanos, nos sentimos menos satisfeitos e contentes com a vida. Somos como o mar inquieto, encontrando precária paz aqui e quase nenhum prazer ali; e nada nos parece permanente e satisfatório. E assim continua a nossa busca! Os homens matam, mentem, escamoteiam, roubam e lutam para satisfazer sua ânsia de poder, de prazeres de riquezas, pensando que dessa forma alcançarão para si e para a sociedade em que vive paz, segurança, contentamento e felicidade.
Não obstante, em nosso íntimo uma pequenina voz continua a nos dizer: "Não fomos criados para isso, mas para coisas melhores." Trazemos dentro de nós uma percepção misteriosa de que existe em algum lugar a fonte dessa felicidade que torna a vida digna de ser vivida. E avançamos dizendo a nós mesmos que em algum lugar e num certo dia toparemos com esse segredo. Às vezes nos parece que já o encontramos – mas se trata duma ilusão, e continuamos decepcionados, confusos, perplexos e infelizes.
A felicidade que possui valor permanente na vida não é superficial, e não depende de circunstâncias. É uma felicidade, um contentamento que enche a alma ainda mesmo no meio das circunstâncias as mais adversas e no meio de ambientes mais que nocivos e desanimadores. É essa felicidade que sorri quando tudo vai mal, e mesmo através das lágrimas, A felicidade pela qual nossa alma suspira é essa felicidade imperturbável ante o sucesso ou a derrota, que se radica profundamente em o nosso íntimo e nos faculta interior descanso, paz e contentamento, sejam quais forem os problemas que se agitem na superfície. Essa espécie de felicidade não precisa de estímulos de fora.
Perto de minha residência há uma fonte cujas águas nunca variam, seja qual for a estação do ano. Podem cair fortes chuvas por perto dela, que as suas águas não aumentam. Pode a região sofrer longa e dura estiagem, que suas águas não diminuem. É sempre e perenemente a mesma. Eis o tipo de felicidade que tanto desejamos e queremos.
A criatura humana, por natureza e instinto, julga-se insatisfeita pelo menos por um destes três motivos:
Primeiro, tendo sido criado à imagem de Deus, o homem é um peregrino solitário e perdido sobre a terra, uma vez alienado da comunhão com o Criador, a cuja semelhança foi feito. Ter-se uma vaga idéia de que Deus existe não é o bastante. O homem precisa ter a certeza de que não está sozinho no mundo, e de que uma inteligência e um poder mais adequados dirigem o seu destino.
Segundo, o homem, separado da verdade, mostra-se confuso e perplexo. Ele precisa da verdade como os animais dela não precisam – não tanto essa verdade das ciências físicas e matemáticas, mas da verdade a respeito do seu ser: de sua origem e finalidade, de seus conflitos e do seu futuro.
Terceiro, o homem precisa de paz. Não duma paz indefinível, dessa chamada paz mental, ou de espírito, mas dessa paz que o liberta de todos os perturbadores conflitos e frustrações da vida, dessa paz de alma que permeia todo o seu ser, paz que opera através das provações e sobrecargas da vida.
Nada menos de oito vezes nas Beatitudes – que alguém chamou de as "belas atitudes" – Jesus empregou a palavra bem-aventurado. Este vocábulo podia traduzir-se também por feliz, conquanto traga em seu bojo um significado bem mais rico do que esses que ele tem hoje no português. Eis porque o "bem-aventurado" se defende bem de qualquer redução ou perversão de sentido. As primeiras palavras de Jesus são: "Felizes sois vós." E a seguir Jesus nos dá a fórmula da felicidade.. Certamente se alguém neste mundo já possuiu genuína felicidade e bem-aventurança, essa pessoa foi Jesus. Ele conheceu o segredo dela, e nestas Beatitudes Jesus no-lo revela.
As Beatitudes não são o ensino global de Jesus, e nem mesmo o é o Sermão do Monte. Em nossa geração, pessoas sinceras e honestas têm cometido o grave erro de pensar que a tarefa principal de Jesus era de natureza social, que Ele veio como um reformador da sociedade e como um exemplo da vida ideal. Ele foi, e é, muito mais, infinitamente mais. Ele é o Salvador, o que morreu pelos pecadores, levando suas transgressões à cruz em que por eles foi imolado. Ele morreu para salvar os homens que haviam violado o divino ideal e que, por isso, não podiam atingi-lo mais em sua natureza de degenerados.
A erudição moderna, precisa e mais adiantada, descobriu novamente, e de uma vez por todas, que o Sermão do Monte, bem como as Beatitudes, não podem ser isolados ou separados do fato da salvação alcançada por Jesus. O Velho Testamento ensinara que o Cristo seria manso, e que transformaria o pranto em alegria; que a retidão ou justiça seria Sua comida e bebida, e que mesmo na cruz se manifestaria Sua maior fome e sede.
Esta é outra maneira de se dizer que, na realidade, Jesus Cristo é o homem perfeito das Beatitudes. Somente Ele, na história da raça humana, experimentou cabal e completamente aquilo que ide nos diz acerca da felicidade e bem-aventurança da vida. O que Ele nos diz, diz-nos como o Salvador que nos remiu e como Aquele que convida os que sinceramente professam ser Seus discípulos a segui-Lo em Seus passos.
A mensagem de Cristo quando Ele esteve na terra foi revolucionária e compreensível. Suas palavras eram simples, conquanto profundas. E, por isso, chocaram e abalaram os homens. As palavras dEle, tanto provocavam calorosa aceitação como violenta repulsa. Os homens, depois de ouvir a Jesus, nunca poderão ser mais aquilo que eram, pois que invariavelmente se tornam melhores ou piores. Seus ouvintes O seguiam com amor e dedicação, ou dEle se afastavam com indignação e ódio. No Evangelho de Jesus há certo poder mágico que leva homens e mulheres a uma ação decisiva. Jesus tinha uma atitude de "Quem não é comigo é contra mim."
Os homens que O seguiram fizeram-se únicos em sua geração. Viraram o mundo de pernas para o ar, porque seus corações se tinham despertado e virado para o avesso. E, com as palavras de Cristo, o mundo já não podia continuar a ser o mesmo. Assim, a história da humanidade deu um grande passo para melhor. Os homens começaram a se portar como seres humanos. Na esteira do cristianismo veio a dignidade, e a nobreza, e a honra. A arte, a música e a ciência, tocadas pela fagulha dessa nova interpretação do significado da vida, passaram a progredir e a se desenvolver. Os homens começaram de novo a espelhar em si "a imagem de Deus" em que haviam sido criados. A sociedade começou a sentir o impacto da influência cristã. A injustiça, a desumanidade e a intolerância viram-se desalojadas pela forte correnteza do poder espiritual desencadeado por Jesus.
Séculos já se foram desde que surgiu na terra esse movimento de força espiritual. E essa correnteza de cristianismo tem avançado sem cessar, algumas vezes em maré enchente e as mais das vezes em maré vazante. Os tributários construídos por homens têm desaguado nela, poluindo-a e adulterando-a. O deísmo, o panteísmo, e ultimamente o humanismo e o presunçoso naturalismo, ou materialismo, têm desaguado seus sujos e barrentos afluentes na correnteza mestra do pensamento cristão, de modo que difícil se torna às vezes distinguir o verdadeiro daquilo que é falso.
Entendemos que os cristãos devem ser gente muito feliz! A presente geração é bastante versada na terminologia cristã, mas é também assaz remissa na prática positiva dos princípios e ensinos de Cristo. Por isso, hoje precisamos mais de verdadeiros e leais cristãos do que propriamente de mais cristãos.
O mundo pode fazer objeção ao cristianismo como uma instituição, mas não há argumento que prevaleça diante duma pessoa que pelo Espírito de Deus se tenha tornado semelhante a Cristo. Tal pessoa é viva condenação do egoísmo, do racionalismo e do materialismo de nossos dias. Muitas e muitas vezes temos discutido com o mundo a letra da lei quando devíamos viver mais como vivos oráculos de Deus, vistos e lidos por todos os homens.
Já é tempo de voltar novamente às fontes e perceber e sentir outra vez as qualidades curativas desse rio da salvação.
Jesus disse à samaritana junto ao poço de Jacó: "Quem beber da água que eu lhe der jamais terá sede." Aquela mulher desiludida e corrompida pelo pecado, simboliza perfeitamente toda a raça humana. As aspirações dela são também as nossas! O clamor do coração dela é também o nosso! As desilusões dela são também as nossas desilusões! O pecado dela é também o nosso pecado! E o Salvador dela pode ser também o nosso Salvador! O perdão e a alegria que ela obteve, nós também os podemos obter?
Convido-o, meu prezado leitor, a realizar, comigo uma empolgante jornada, uma pesquisa bastante aventurosa! Qual o nosso objetivo? O segredo da felicidade. O lugar? A Galiléia. Voltemos para trás as páginas do tempo, para dois mil anos.
O dia está quente e abafado, e sufocante vento faz rodopiar o pó em caprichosas espirais que são levadas pouco a pouco para os lados do Mar da Galiléia. Há um quê de expectativa na atmosfera que respiramos. O vento saltita feliz pela superfície do velho mar. Ouvimos vozes em tom excitado e febril, como de gente a saudar efusivamente um amigo. De várias estradas, pequenos grupos de gente começam a se reunir. Corria a notícia de que Jesus estava de volta à Galiléia.
De repente Ele com o Seu pequeno grupo de seguidores surge no alto dum monte da estrada de Cafarnaum, e imediatamente vemos atrás deles uma grande multidão de gente vinda de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e de além do Jordão.
Rápida corre de boca em boca a boa nova; "Jesus vem vindo!" Outros grupos, vindos de Tiberíades, de Betsaida e de Cafarnaum, logo aparecem e se lhes ajuntam. E vão seguindo o pequeno grupo daqueles treze homens. Ao atingirem o topo do monte onde uma fresca brisa, vinda da planície, lhes refrigera o rosto causticado pelo sol, Jesus pára e acena à multidão para que Se assente e descanse.
Há como que uma pausa no ar. Trata-se dum momento que deve ser apanhado e guardado por toda a eternidade. A multidão se aquieta, enquanto Jesus sobe ao topo duma grande rocha vermelha e ali Se assenta. Lá no vale, na estrada deserta, um viajar solitário cavalga seu camelo, rumando para Tiberíades. Grande silêncio se faz naquela multidão, à medida que olham todos com expectação para Jesus. Eis que Ele abre Sua boca e começa a falar.
Aquilo que Ele disse lá no Monte das Beatitudes na longínqua Palestina ia ficar na história como as palavras mais profundas e sublimes até hoje pronunciadas neste mundo! Sim, ali, com palavras reverentes, bem medidas e duma simplicidade sem igual, revelou Jesus o segredo da felicidade – não duma felicidade superficial de tempo e espaço, mas dessa felicidade que permanece para sempre.
A palavra feliz foi a primeira que saiu de Sua boca. Imediatamente os Seus ouvintes devem ter aparelhado bem os ouvidos, como o devemos fazer também. Nas páginas que se seguem é minha oração e sincero desejo que você, amado leitor, faça ainda mais que isso: que você prepare não só os seus ouvidos, mas também abra o seu coração e renuncie a sua vontade. Então, você começará a viver essa vida que se inicia com V maiúsculo, e encontrará um contentamento e uma alegria que excluirão toda a futilidade e todo o vazio de sua vida cotidiana, facultando-lhe descobrir o segredo da felicidade!

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