Jesus fundou e estabeleceu a igreja aqui neste mundo com um propósito definido, proclamar para o mundo o plano da salvação e as intenções de Deus para o futuro da humanidade. Para que a igreja fosse capaz de realizar essa tão sublime e árdua missão, o Senhor a credenciou concedendo-lhe o próprio Espírito santo para. O Espírito é verdadeira credencial da igreja aqui na terra, pois, o sucesso da igreja no que diz respeito a proclamação do Reino de Deus aos homens depende da permanente manifestação do poder do Espírito, sem o qual ela se tornaria apenas uma instituição religiosa destituída da visão profética do Reino de Deus.
A Bíblia nos proporciona algumas metáforas alusivas a igreja que podem melhorar a nossa compreensão sobre a profundidade e a extensão da missão profética da igreja. Atentemos para a igreja como "Família de Deus". Jesus apresenta-nos a relação familiar, ensinando a oração: "Pai nosso, que estás no céus" (Mt 6.9; Lc 11.2). Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, é também nosso Pai. Jesus orou usando a palavra aramaica Abba; segundo Romanos 8.15, o crente, no espírito de adoção. Clama "Abba, Pai." "Se, juntamente com o Senhor Jesus, chamamos Deus de "Pai", Jesus é então nosso irmão mais velho na família de Deus (Hb 2.10,11). O autor de Hebreus declara que os crentes são membros da família de Deus: "Cristo, porém, como filho, sobre a sua casa; a qual casa somos nós, se guardarmos firme até ao fim da ousadia e a exultação da esperança" (Hb 3.6). Da mesma forma que as famílias geralmente orgulham-se do seu nome, a família da igreja exulta no nome do Pai (Ef 3.14,15). Assim como as famílias recebem herança do pai, a igreja aguarda a herança prometida pelo Pai celestial (Rm 8.17). Do mesmo modo como as boas famílias observam um certo padrão de conduta, existe uma norma estabelecida de comportamento para a casa de Deus (I Tm 3.15) No Antigo Testamento, o pai de cada casa era na verdade o sacerdote sobre a casa (Nm 7.2); Jesus tornou-se o Supremo Sacerdote sobre a família de Deus (Hb 10.21-23; 2.17,18). A idéia da igreja como família e casa de Deus deriva do Antigo Testamento, onde o povo de Deus é a casa (família) de Israel, uma nação que cresceu da família de Jacó e foi nutrida através da cultura familiar. O fato de a igreja ser chamada de família e casa de Deus testemunha a importância básica da família como uma instituição social. No Novo testamento, especialmente em Atos, é muito ressaltado o efeito do evangelho sobre as famílias inteiras. At 2.46; 5.42; 12.2; 16.15,33,34; 21.8,9; I Co 1.16; 16.15; 2 Tm 4.19. Isto nos ensina sobre a responsabilidade da igreja em proclamar a mensagem genuína de Cristo buscando o aprimorando da instituição da família sobre os fundamentos a palavra do Senhor, contribuindo para a construção de uma sociedade melhor.
A igreja também é apresentada como sendo um exército de Deus. Neste aspecto a Bíblia se refere a contínua ação da igreja contra os poderes do mal, não podendo jamais ser conivente com o erro ou até mesmo se omitir, pois faz parte da missão da igreja combater ferrenhamente o mal em todas as suas manifestações. Cada membro da igreja é um soldado muito bem equipado com condições de ser bem sucedido nesse empreendimento espiritual, conforme está escrito em 2 Co 10.4, 5 "...as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir as fortalezas; anulando sofismas...levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo. Cada soldado é também exortado: "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo, porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais" (Ef 6.11,12). A igreja está envolvida numa verdadeira guerra, mas Cristo é o nosso comandante e a vitória está garantida; Satanás já é, de fato, um inimigo derrotado. (2 Tm 2.3,4; 1 Tm .18; Ef 6.10-17;1 Co 9.7; 1 Pe 2.11; Ap 19.11-21;20.7) A igreja na terra é chamada de igreja militante, a igreja no céu é chamada de igreja triunfante.
A igreja também é referida como Escola de Deus. Jesus é chamado mais de cinqüenta vezes de "mestre" ou "professor" (ambos da palavra grega didaskalos, do verbo didasko, que significa "ensinar") e "rabi". Os evangelhos têm muito mais a dizer sobre Jesus como professor do que como pregador. Fica claramente inferido que a igreja local deveria ser um lugar de ensino, conforme a Grande Comissão: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século ( Mt 28.19,20). Jesus usou dois termos diferentes para "ensinar", em sua comissão: o primeiro é matheteuo (28.19), significando "fazer discípulos"; e o segundo é didasko (28.20), que é a palavra usual para "ensinar". O termo enfático na comissão é" fazer discípulos"; "ide" e "ensinando" são modos verbais subordinados ao verbo principal "fazer discípulos". Fazer discípulos envolvia tanto ensinar como pregar, havendo, porém, outra exigência, a saber, levar os seguidores ao nível de discipulado que os professores tinham alcançado. O ensino e a pregação podem muitas vezes cair em ouvidos surdos, mas aquele que discípula leva seus seguidores, pela palavra e pelo exemplo, a serem como ele. Todavia, não tornamos os homens nossos discípulos, mas discípulos de Jesus.
No livro de Atos, a vida da igreja é chamada de "caminho", e os crentes recebem o nome de "alguns que do caminho": "E lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém" (At 9.2). A igreja como o corpo de Cristo é o caminho, pois Cristo é o caminho, a verdade e a vida, ninguém chega a Deus se não for por Ele (Jo 14.6). O seguinte é declarado sobre o Caminho no livro de Atos (1) o caminho de Deus está sujeito a perseguições (22.4); (2) ele é muitas vezes difamado (19.9); (3) é considerado heresia por alguns (24.14); (4) Paulo confessou alegremente a Félix que ele era do Caminho (24.15); (5) quando a igreja dá testemunho vigoroso e com poder, como aconteceu com Éfeso, causará um "grande alvoroço", pois o caminho de Deus será um elemento perturbador numa sociedade governada pelos poderes das trevas: "Por esse tempo houve grande alvoroço acerca do Caminho" (19.23).
E falando ainda da missão profética da igreja, é importante atentarmos para a metáfora da igreja como coluna e alicerce da verdade. A igreja sustenta a verdade do evangelho e eleva-a bem alto. Paulo escreveu a Timóteo, com relação à igreja: "Para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja de Deus vivo, a coluna e baluarte da verdade" (1 Tm 3.15). No versículo seguinte, Paulo prossegue dando o que pode ser considerado como uma expressão doutrinária poética do "mistério da piedade", amplamente usada na Primeira Igreja (v.16). A igreja deve proteger a sã doutrina e elevá-la bem alto pela proclamação do evangelho e pela conduta exemplar.
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