Tendo em vista o fato da oração ser um exercício vital para o povo de Deus, os grandes personagens do Novo Testamento empreenderam muita dedicação num ensino sistemático sobre oração. Na visão neo-testamentária, para que o ato de orar seja algo eficaz diante de Deus se faz necessário que aquele que ora seja conhecedor de alguns princípios. Sendo assim, o próprio Jesus ocupou-se com essa tarefa, por isso, Ele ensina como a oração deve ser, "E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos". (Mateus 6.5-7).
Em primeiro lugar Jesus nos diz que a oração deve ser "discreta", não pode ser projeção do ego de quem ora, deve partir de um coração humilde e quebrantado, o qual não há lugar para egoísmo, presunção e vaidade. A oração não pode ser confundida com um discurso público recheado de termos retóricos com o intuito de impressionar os ouvintes, e sim, um diálogo com Deus de forma direta e simples. Quando o conteúdo da oração provoca admiração nas pessoas, na maioria dos casos não move o coração de Deus. Em segundo lugar Jesus ensina que a oração nos convoca para um lugar de intimidade com Deus, pois a oração é a expressão externa de um elo secreto estabelecido pelo Espírito Santo entre o ser adorado e adorador (Mt 6.6). E ainda no texto supracitado, Jesus afirma que a oração deve ser objetiva e curta. Muitos cristãos alimentam uma compreensão de que a oração precisa ser longa, repetitiva, discursiva e explicativa, porém, o Senhor nos ensinou o contrário. Não é pelo o muito falar que seremos ouvidos, e Deus também não necessita de nossas explicações e descrições dos fatos. Ele é onisciente, conhece as nossas necessidades atuais e aquelas que teremos no futuro (Mt 6.7).
PAULO, O TEÓLOGO DA ORAÇÃO
Paulo é o autor neo-testamentário mais preocupado com a oração, especialmente a comunitária. Ele ensina sobre as várias dimensões da oração litúrgica: Doxologia e glorificação (Rm 1.21; 4.20; 2 Co 6.20; 10.31; Ef 3.20,21). Louvor (Rm 14.11; 15.9-12; Ef 1.6,12,14). Paulo utiliza o mesmo verbo para louvar e confessar "Exomologeomai". Bendizer (Rm 1.25; 9.15; 1 Co 14.26); Adoração (1 Co 14.25); Ação de Graças (Rm 18.21; 6.17,18; 14.6; 1 Co 1.4,14; 10.30); Exultação e gozo (Rm 5.2,3,11; 15.17; 1Co 1.29; 2 Co 1.12); Súplica, pedido pessoal (Rm 1.10; 7.24; 1 Co 14.13, 2 Co 12.8); Intercessão ( Rm 1.7,9,10; 8.15,16,23,27,34; 9.1-13; 1 Co 1.3,8; 2.9-16; 2 Co 13.7,9,11,14; Gl 1.3,8,9;4.6).
O Novo Testamento apresenta para a oração uma liturgia composta de parte bem distintas. No culto deve haver momentos específicos de adoração, confissão, ação de graças, louvor, consagração e intercessão. Uma oração desorganizada se distancia dos propósitos da liturgia e pode também trazer uma certa confusão para os participantes do culto.
A oração de adoração é o momento em que somos impulsionados pelo Espírito Santo para expressamos diante de Deus tudo que sentimos e pensamos sobre o infinito ser que Ele é. E assim podemos nos dirigir ao Senhor e dizer: Senhor, sentimos o teu inefável amor, o teu poder nos alegra, contemplamos a tua majestade e a gloria da tua presença. Te adoramos por que tu és infinitamente santo, tu és o nosso Deus e não outro além de ti. O importante aqui é que todas essas expressões sejam proferidas com profunda sinceridade.
A oração de confissão é o momento em que confessamos os nossos pecados. Pecamos algumas vezes por infidelidade e outras por omissão, por isso, é necessário reconhecermos nossas fraquezas e confessá-las publicamente. O Salmo 51 é um grande exemplo desse tipo de oração: "Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que e mal perante os teus olhos; de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar. Eu nasci na iniqüidade e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl 51.4,5). É numa oração de confissão que rei Davi confessa o seu pecado e logo em seguida pede que Deus o perdoe, pois confissão e súplica de perdão fazem parte do mesmo conjunto. Os pecados pessoais e íntimos devem ser confessados a Deus pessoal e intimamente, não em culto público. Porém, se o pecado individual é contra a comunidade ou lhe afeta a ordem, a dignidade e a pureza, deve ser confessado ao sacerdócio constituído para o devido tratamento do caso visando a reconciliação daquele que pecou.
Oração de ações de graças é o momento em que agradecemos as bênçãos recebidas. Neste momento percebemos muitas vezes o quanto temos sido negligentes até mesmo ingratos para com Deus, porque em muitos momentos da nossa existência não temos atentado para os grandes feitos do Senhor em nossas vidas. O Senhor está com os cuidados dele sobre nós dia e noite, Ele nunca nos deixa só e jamais nos desamparará. Nem se quer somos capazes de enumerar uma quantidade mínima dos favores do Senhor para conosco. A oração de gratidão é muito edificante para o cristão e também tem alto valor na presença do nosso Deus.
A oração de intercessão é o momento em que exercemos o nosso sacerdócio universal, o qual nos foi dado por ordenação divina. Demonstramos a nossa confiança na oração como um instrumento poderoso capaz de fazer com que Deus manifeste o seu divino poder para intervir em favor dos seres humanos, seja qual for a situação. O intercessor nunca desiste, mesmo que a situação seja extremamente crítica, pois para o eterno tudo é possível.
Prezado Vicente,
ResponderExcluirA Paz do Senhor!
Conheci suas reflexões teológicas no facebook através do Amado Pr. Eliel Amaral Soares e resolvi seguir-lhe naquela comunidade.
Que ótima surpresa encontrar seu comentário em meu blog e sua foto entre os seguidores. Retribuo a gentileza mais pela minha carência de aprendizado de que por simpatia pura e simples.
Parabéns pelo seu excelente blog.
Abraço.
No Amor de Cristo!
Graça e paz, sempre!
ResponderExcluirPassei por aqui para conhecer seu blog.
Estou procurando bons blogs para compartilhar.
Já estou te seguindo.
Ficaria muito feliz se puder me visitar.
Se quiser me seguir também será um prazer para mim.
Abraço em Cristo,
Pr. Daniel Pedroso
http://pastordanielpedroso.blogspot.com/
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