Todo
cristão precisa estar preparado para enfrentar a oposição que se levantará
contra o seu projeto de vida com Deus. A extensão da oposição na vida de cada
cristão é diretamente proporcional ao teor do comprometimento dele com a fé e o
serviço cristão. O apóstolo Pedro nos
diz que satanás, o nosso inimigo, está sempre nos cercando, bramando como um
leão buscando a quem possa tragar. Jesus também nos alertou que devemos
cultivar uma atitude de oração e constante vigilância. Analisando estas
expressões concluímos que não podemos pensar numa experiência cristã isenta de
lutas provocadas pela oposição que acontece tanto em nível espiritual como no
nível físico da nossa existência. É
necessário mantermos o equilíbrio para não nos tornarmos cristãos obcecados que
tem mania de perseguição, que não vivem em harmonia com a palavra do senhor e
ao sofrerem as conseqüências de seus atos indevidos, atribuem que tais ações procedem
de perseguições por parte das pessoas envolvidas ou até mesmo de uma
conspiração do mundo espiritual. A maturidade espiritual nos proporciona discernimento
para definirmos com segurança se as lutas que enfrentamos tem origem numa
conspiração dos homens ou dos demônios, ou se apenas tem haver com questões
relacionadas com erros que cometemos. O inferno conspira continuamente contra
nós, pois, o diabo planeja nos impedir de alcançar uma eternidade com Deus,
porém, o Senhor colocou a sua proteção sobre nós, existe um exército de anjos a
nossa disposição para frustrar os intentos dele contra as nossas vidas. O
escritor aos hebreus nos diz que os anjos foram designados para ministrar àqueles
que hão de herdar a salvação. O poder dos nossos inimigos não pode ser
subestimado, porém, temos de estar plenamente conscientes que o poder do nosso
Deus é ilimitado e garante vitória a todos que a Ele recorrem.
Neemias
tinha absoluta consciência da grandeza da obra que estava realizando, a qual
exigia da parte dele muita seriedade e máxima dedicação “Estou fazendo uma
grande obra, de modo que não poderei descer”. Os inimigos de Neemias tentam
desviar-lhe o foco, provocar descontinuidade da ação, esfriar o ritmo de
trabalho, semelhante a um técnico de futebol que o quando o seu time está sendo
pressionado e ele quer segurar o resultado, então manda queos seus jogadores
simulem contusões e caiam em campo para gastar o tempo. Quando estamos
trabalhando em ritmo acelerado na obra de Deus os inimigos armam estratégias
para nos tentar parar por um momento, tentando assim diminuir as nossas forças
e nosso entusiasmo. Todavia, temos em Neemias um grande exemplo de discernimento
e determinação, por isso ele não se permitiu ser manipulado pela astuta
estratégia do inimigo.
VIVENDO
NUM CONTEXTO PROPÍCIO A OPOSIÇÃO.
Com
a fortificação e reconstrução da cidade de Jerusalém, estava dado o primeiro
passo concreto para o restabelecimento de Judá como província. É provável que
boa parte dos conflitos com as províncias circunvizinhas possam ser explicados
a partir dessa mudança. O fato de Judá ter em Neemias um governador com
autoridade e respaldo imperial, que conseguia se impor frente aos governadores
das demais províncias vizinhas que tiveram prejuízos com essa mudança política
na satrapia. Samaria não receberia mais
os impostos da sub-província. O avanço dos árabes ao sul, para dentro do
território de Judá provavelmente foi barrado. Da mesma maneira, é provável que
as outras províncias tenham tido de respeitar melhor os limites da Província de
Judá. O atrito com Samaria provavelmente foi mais acentuado porque em Jerusalém
também estava se formando uma comunidade cultual, que procurava por sua identidade,
afastando-se dos estrangeiros. Nesse período, talvez, já poderiam estar os
primeiros passos na direção do cisma judaico-samaritano. As acusações de
Sambalá e seus aliados de uma possível rebelião em Judá não deveriam ser
consideradas totalmente sem fundamento, pois é possível que em Judá houvesse
pessoas desejosas de que tal acontecesse. Portanto, administrar o equilíbrio
entre essas esperanças de ver Judá como reino e, por outro lado, de estabelecer
Judá como província, proporcionando-lhe a possibilidade de um desenvolvimento maior,
sem provocar uma rebelião contra Império, era um desafio considerável. Quando
Neemias se defendeu das acusações de que planejava rebelar-se (Ne 2.19; 6.7)
dizendo que eram mentiras, estava sendo sincero. Nesse ponto, Neemias não era
idealista. Ele sabia onde estavam os limites de sua atuação. Um mínimo esboço
de revolta seria entendido por Artaxerxes I como alta traição e reprimido pelo
rei com violência. Esse desafio de conseguir mais liberdade e autonomia para Judá,
sem provocar uma revolta, parece ter sido vencido. Sua agilidade é digna de
nota. Ele sabia como tratar o rei (Ne 2.1ss). Governava com planejamento (Ne
2.7ss), relacionando muito bem a precaução (Ne 2.12,16), astúcia (Ne 6.1-14) e
determinação (Ne 4.15-23; 5.16; 13.28). Porém, a motivação mais profunda de sua
atuação foi o temor a Deus (Ne 1.4-11; 2.20; 5.15b). Mesmo não sendo teólogo,
Neemias conhecia muito bem a tradição de fé do seu povo. A oração de Ne 1.5-11
é a única reflexão teológica maior que se tem dele. No entanto, toda a sua
atuação está orientada teologicamente. Sua linguagem é fortemente
deuteronômica. A oração estava presente em todos os momentos (Ne 1.5ss; 2.4;
4.3). Temos aqui uma oportunidade de
aprendermos com Neemias princípios de liderança para neutralizarmos todas as
estratégias dos inimigos da obra de Deus. A conspiração dos inimigos de Neemias
buscava fundamentação em elementos históricos, políticos e sócias e por isso
tentavam legitimar suas ações para conseguir o engajamento do povo e
transformar o homem de Deus no vilão de história. Neemias não só recorreu a sua
confiança em Deus, mas também soube articular uma contra-estratégia com o
propósito de anular todas as investidas contra ele. Neemias não gastou muito
tempo fazendo discursos sensacionalistas ou tratados teológicos prolixos
visando levar o povo na conversa, não, de forma nenhuma, pois ele estava
edificando e fazendo com que o resultado do seu trabalho falasse por si mesmo.
A seriedade administrativa, a competência e o planejamento consistente, foram
as grandes muralhas nas quais os inimigos de Neemias esbarraram. Vale lembrar
que apesar de toda a astúcia e competência, Neemias deixa claro que o segredo
do seu sucesso é oriundo da providência de Deus na vida dele.
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