sexta-feira, 16 de julho de 2010

AS FUNÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS DA PROFECIA – Lição 3


Os grandes profetas dedicaram os seus talentos e a sua vida ao ensino dos princípios da justiça ética. Não eram inovadores, como dizem alguns. Apresentavam-se antes como reformadores, interpretes novos da redenção divina de Israel, do concerto entre Deus e o povo da sua escolha, sucessores de Moisés, Samuel, Elias e Eliseu, na interpretação da lei moral, revelada a Moisés, ao povo da sua própria época. Mas, como profetas levantados e vocacionados pelo Santo de Israel, não ficavam limitados nos seus ensinos, pela revelação do Senhor aos profetas do passado.

Percebiam que o Senhor estava atuando na história do seu povo, e que eles eram seus mensageiros, chamados para denunciar os ensinos falsos sobre a eficácia dos ritos religiosos e os pecados da injustiça social, a imoralidade e a desumanidade do seu povo. Não resta dúvida de que havia no ensino dos ritos religiosos lugar para apresentar também a prática da justiça como condição de receber as bênçãos do Senhor ( Deut. 24.10-22; 25.13-16).

Os profetas reformadores protestaram contra a idéia prevalecente de que o sofrimento era sempre punição do pecado. Com o conceito sacerdotal do pecado, era sempre fácil descobrir uma justificação de qualquer sofrimento que pudesse cair sobre a nação ou sobre qualquer pessoa. Mas limitaram a sua discussão do pecado ás ofensas dos ricos e poderosos contra a justiça social; a opressão dos pobres e indefesos, a prática do engano, violência e suborno dos tribunais, para se enriquecerem e viverem no luxo, enquanto apresentavam ofertas e holocaustos sobre os altares para ganhar o favor do Senhor. Os profetas condenaram severamente os pecados de várias classes, mas ainda consideraram englobadamente o povo na sua relação com Deus. Devido a complexidade das condições religiosas, estes profetas aceitaram, por algum tempo ainda, a teoria dos antecessores de que todo o sofrimento do povo era a punição dos seus pecados.

Com a reforma dirigida pelo rei Josias, baseada na descoberta de uma cópia da lei no templo do Senhor, houve um esforço para cultivar os ensinos proféticos, prática a justiça, transformar a vida religiosa do povo, e assim desenvolver a nação santa visada na escolha divina de Israel. A reforma inspirou o povo com a esperança de receber as bênçãos do Senhor. Pouco tempo depois Judá caiu em poder da Babilônia. Jeremias reconheceu o fracasso da reforma muito antes da queda nacional. Falou à consciência despertada do povo, mostrando aos reis e ao povo que a nação ainda era pecaminosa, desejando as bênçãos da justiça e da fidelidade do Senhor, enquanto pratica a injustiça e confiava na política dos reis, ao invés de ouvir e obedecer à mensagem de Deus.

Segundo o ponto de vista cristão, a saúde, a prosperidade e as outras vantagens materiais e sociais não podem ser consideradas como provas absolutas da bondade e da justiça do homem. Assim os doentes e os necessitados não pertencem ao grupo dos felizes. O leproso, na sua aflição, ficava privado dos privilégios da vida social e das práticas religiosas.

Há porém, evidências de que muitas pessoas religiosas mostraram simpatia para com as pessoas infelizes, e ministraram às suas necessidades, especialmente dos pobres, dos necessitados, dos órfãos e das viúvas. Escritores bíblicos denunciavam aqueles que negligenciavam e maltratam os pobres e necessitados (Jó 24.4; Sl 9.18; 12.5); mas as numerosas exortações em favor destes grupos infelizes aparentemente indicam que esses, geralmente ficara negligenciados. Deus sempre se apresenta como seu defensor, e no Sl 68.5 é representado como o pai de órfãos e o protetor de viúvas. Na visão profética o abandono dos necessitados seria contrário à natureza de Deus.

É notório que a questão teológica está diretamente relacionada com a vida social e política da nação, e isto tornou mais árdua a missão dos profetas. Os profeta Jeremias e Ezequiel reconheceram a justiça da punição do povo escolhido, mas Habacuque levantou a questão da justiça de Deus no seu modo de tratar com nações.

O CARÁTER SOCIAL E POLÍTICO DA PROFECIA DE AMÓS

Nos últimos anos do governo de Jeroboão, Amós proclamou a Palavra de Deus para o reino do Norte. Ele viera a Samaria da pequena aldeia de Tecoa, localizada a cerca de 8 km de Belém. Para ganhar a vida ele pastoreava ovelhas e podava sicômeros. Quando se encontrava entre pastores de Tecoa. Amós recebeu uma chamada de Deus para ser profeta. Esse chamamento foi tão cristalinamente claro que quando o sumo sacerdote tentou impugnar a Amós, em Betel, o profeta se recusou a calar (Amós 7.10-17).

A mensagem de Amós refletia o luxo e o lazer dos israelitas durante o reinado de Jeroboão. O Comércio feito com a Fenícia,pedágios cobrados do tráfico de caravanas que atravessavam Israel e a Arábia, e a expansão para o norte,às expensas da Síria, foram proventos que aumentaram os cofres de Jeroboão. A rápida elevação do nível entre os abastados aumentou as diferenças entre as classes sociais. Prevaleciam os males sociais. Com agudo discernimento Amós observou a corrupção moral, o luxo pecaminoso e a opressão dos pobres, enquanto os ricos acumulavam maiores riquezas por meio da violência. Em linguagem simples mais vigorosa ele denunciou corajosamente os males que permeavam a vida social, econômica e política a Israel. A retidão não podia ser substituída pelos ritos religioso, e sem aquela a nação de Israel não poderia escapar dos juízos de um Deus reto.

ISAÍAS, UM PROFETA ESTADISTA

Homem de profundo entendimento e santidade e da justiça do Senhor, Isaías cria firmemente na escolha divina de Israel para servir no estabelecimento do reino de Deus na terra, na base dos princípios da justiça divina. Denunciou tão severamente como Amós, Oséias e Miquéias, os pecados do povo, e reconheceu muitos dos homens de Judá, na sua ignorância e no seu amor da injustiça e imoralidade, nunca poderiam servir ao propósito divino na eleição de Israel. Mas foi o primeiro profeta que compreendeu os maravilhosos recursos do Senhor na direção da história e na realização dos seus propósitos por meios espirituais que sobrepujam as revoltas, e a infidelidade de reis e de multidões do povo contra a sua vontade revelada aos profetas. È verdade que Judá, na sua totalidade, não eram o povo de Deus, nem o reino de Deus, mas dentro do povo haveria sempre um restante de fiéis, representantes do reino como o agente do Senhor na terra.

Como estadista, Isaias entendeu a futilidade de alianças políticas, e revoltas de pequenas províncias contra impérios poderosos. Quando o povo ficou entusiasmado com o convite de aliar-se com o Egito para livrar-se do poder da Assíria, Isaías reconheceu que o socorro do Egito era uma ilusão. O profeta andou "nu e descalço" por três anos "para servir de sinal e portento contra o Egito e contra a Etiópia".

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