sábado, 30 de abril de 2011

A IMPORTÂNCIA DO DONS ESPIRITUAIS – LIÇÃO 5

A igreja pode ser comparada a um grande exército celestial que foi levantado por meio da obra da expiação realizada pelo Senhor Jesus Cristo. Paulo ensina em Efésios 6.12 Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Essas palavras expressam com muita objetividade que as batalhas enfrentadas pela igreja de Cristo acontecem em outro plano, em outra dimensão, isto é na esfera espiritual, onde as armas deste mundo não possuem nenhuma eficácia, pois, Paulo também diz:Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;” II Co 10.4. A partir desses textos podemos inferir que é os dons espirituais são os instrumentos indispensáveis com os quais Deus equipou a igreja para que ela possa enfrentar os seus inimigos invisíveis. Dons não devem ser encarados como propriedades individuais, pois eles são exclusivamente da igreja que o corpo de Cristo aqui nesse mundo. Os dons não podem ser utilizados para a promoção de homens, instituições ou qualquer outra coisa. Os dons são as armas poderosas que Deus entregou a sua igreja para garantir a existência da mesma como agente do Reino de Deus aqui na terra, pois o próprio Jesus já havia profetizado que as “as portas do inferno não hão de prevalecer contra a minha igreja”.

O texto referência para começarmos a tratar desse tema é I Co 12.4-7, no qual Paulo ensina: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” . O objetivo do apóstolo é enfatizar que, mesmo os dons sendo diversos há um só Doador. Ele afirma esta verdade três vezes, cada vez relacionando os dons a uma outra Pessoa da Trindade (“O mesmo Espírito”, “o mesmo Senhor”, “o mesmo Deus”). Ele também usa três palavra diferentes para os dons. Primeiro (v.4) eles são charismata, dons da graça de Depois, (v. 5) eles são diakonial, maneiras de servir. Em terceiro lugar, (v.6) eles são energemata, energias, atividades ou poderes, que o mesmo Deus energiza” ou “inspira” (energon) em todos. E há “diversidade” ou “porções” (diareseis) de cada grupo. Juntando estas três palavras talvez possamos definir dons espirituais como “certas capacidades, concedidas pela graça e poder de Deus, que habilitam pessoas para serviços específicos e correspondentes”. Um dom espiritual é, portanto, não a capacidade em si, nem um ministério ou função propriamente dito, mas a capacidade que qualifica uma pessoa para um ministério. Em termos simples, ele pode ser considerado, ou o dom e o trabalho em que é exercido, ou o trabalho e o dom com que é exercido.

O interesse de alguns Cristãos parece estar limitado principalmente a três dons, que são “línguas, profecias e curas”. Entretanto, é óbvio que há mais dons do que este trio empolgante. Existe muita ênfase em torno dos “Nove dons do Espírito” conforme a primeira lista, que está registrada no início de I Corintios 12, porém, a maioria dos estudiosos concordam que é um grande equívoco restringir os dons espirituais tão somente a esta relação, pois, no final desse mesmo capítulo temos uma outra lista, apesar da mesma conter também nove dons, somente cinco destes coincidem com a primeira. De forma que mesmo em I Corintios são pelo menos 13 dons. Depois há uma lista de sete dons em Romanos 12 ( dos quais cinco não ocorrem em nenhuma lista de I Co 12) e outra lista, de cinco dons em Éfesios 4 (dos quais 4 são novos), além de outros dois dons citados em I Pedro 4, um dos quais (“Se alguém fala) ainda não recebera menção específica antes. Ao compararmos as listas, nem sempre está claro quais dons são idênticos, mas é verdade que, no conjunto, o Novo Testamento faça referência a vinte ou mais dons diferentes. A grande importância dos dons espirituais se baseia no fato que eles foram estabelecidos com a finalidade de Edificar a igreja. Se a prática dos dons não edificar o corpo, eles não tem valor. “Assim também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja” (I Co 14.12). “Seja feito para edificação” (I Co 12.26b). As palavras “edificar” e “proveito” (ou variações) são usadas dez vezes em I Coríntios com respeito à operação dos dons espirituais. Dons são concedidos com o propósito de proporcionar proveito e edificação espirituais para todo o corpo. Se um dom é exercido sem amor, ou simplesmente como exibição pessoal, um sino de ouro se transforma em um címbalo de bronze que retine.

OS DONS VERBAIS SÃO GERALMENTE OS MAIS PRATICADOS

O Dom línguas é sem dúvida um “dogma “ no meio pentecostal devido ao fato de que a maioria das denominações do ramo interpretam que o mesmo é a porta de entrada para o recebimento dos demais dons, tornando-se o dom que confere a “credencial pentecostal”, pois a própria chamada ministerial está atrelada a esse pré-requisito. Ao meu ver essa condição tem promovido uma busca doentia (que proporciona muita simulação) por parte de uma grande maioria daqueles que almejam o ministério nesses meios pentecostais. O dom de profecia, o qual tem sido também entendido de uma forma muito superficial, é amplamente praticado. A facilidade encontrada na exploração desses dons é devido a existência de uma grande tendência para o fenomenalismo e a busca mística que proporcione a experiência sensitiva, o que tem sido a tônica em muitas denominações pentecostais. Apesar de crer na contemporaneidade dos dons aqui citados, me preocupo muito com a possibilidade do grande de índice de simulação que existe hoje nesse aspecto, e mais preocupante ainda é a total incapacidade das lideranças em apresentar um outro dom, que no meu entendimento, seria o antídoto para esse veneno, que é “dom de discernimento”. Parece que alguns dons têm ficado no esquecimento, pois, falamos pouco e quase não os desejamos, penso, que talvez tais dons não se identifiquem ou até sejam conflitantes com os interesses predominantes na classe eclesiástica da atualidade. Creio que a falta do “dom de discernimento” explica as contradições vividas pela igreja atual. Em nenhuma outra época a igreja evangélica foi tão inclinada a absorção de heresias. Discursos distanciados da fé bíblica estão sendo recepcionados com muita facilidade. Líderes descomprometidos com a ortodoxia se apropriam dessas heresias, com o propósito de atingir suas audaciosas metas pessoais, e lamentavelmente, multidões se deixam levar pelo discurso inflamado, por falsas promessas, por fundamentos distorcidos da verdade e sem nenhum discernimento alimentam e fortalecem as estruturas da ambição dos “popstars” do Evangelho. Também encontramos pregadores, escritores, que para se manterem no topo da evidência estão ensinando heresias, alguns ousadamente tentando fazer fissuras em doutrinas ortodoxas, como a plenitude da humanidade de Cristo, ou ainda pastores que se declaram abertamente a favor da união homossexual. Mesmo que isso aconteça no plano individual é embaraçoso para a comunidade evangélica, principalmente, quando tais atitudes procedem de pessoas que se colocaram como referencia para a igreja dos nossos dias. Porém, o que caracteriza a ausência do discernimento em grande parte do povo cristão, é o fato de que esses promotores de heresias continuam sendo seguidos por grandes multidões que ostentam o título de cristãos pentecostais, que dizem conhecer e até experimentar os dons do Espírito na sua existência.

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