sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SE O MEU POVO ORAR – Lição 13

O nosso último tema do ano na Escola Dominical, tem como palavra chave "SE", uma conjunção subordinativa condicional. As Conjunções subordinativas condicionais são as conjunções que, iniciando uma oração subordinada a outra, exprimem uma condição sem a qual o fato da oração principal não se realiza (ou exprimem hipótese com a qual o fato principal não se realiza). Peço desculpas pelo aspecto técnico da introdução, porém, entendendo que será útil para embasar a nossa reflexão. São diversos os textos que tratam das relações entre o homem e Deus em que a partícula "SE" está presente como elemento semântico determinante, pois se a retirarmos do texto perderemos o significado da oração. A partícula "SE" pode aparecer nos textos com várias funções gramaticais, porém, no nosso caso o "SE" está funcionando como um elemento gramatical que estabelece uma condição subordinada a uma determinada ação.

A análise feita acima deixa claro que Deus condicionou a sua Providência de acordo com as atitudes e respostas humanas no tocante aquilo que Ele propõe realizar na vida dos seres humanos. No nosso tema de hoje temos uma alusão direta à diversas atitudes que são fundamentais para o aprofundamento da nossa comunhão com o Senhor. Em primeiro lugar o Senhor ensina ao seu povo que é necessário que haja um despojamento de toda soberba e arrogância, Deus rejeita temporariamente ou permanentemente o homem prepotente, conforme está em Pv 16.18 "A soberba precede a queda, e a altivez de espírito a ruína", porém, se este homem arrogante se quebrantar despindo-se de sua arrogância, Deus tem projetos especiais para vida dele. Também diz palavra do Senhor que "se o povo se converter". Esse é um aspecto claro da mensagem divina para os homens, tendo em vista que o homem foi expulso do Jardim do Éden porque desobedeceu a ordem de Deus, e por isso, perdeu sua comunhão com o Criador e passou a trilhar um caminho contrário do Dele. Para que o homem possa ter um relacionamento perfeito e agradável com Deus é preciso que ele retome o caminho de volta e isso se chama conversão, deixar os seus maus caminhos. Nenhum indivíduo alcançará a graça e a misericórdia de Deus sem o arrependimento e conversão, e isso não pode ser interpretado como algo predeterminado num passado remoto. As escrituras deixam muito claro que o amor de Deus é extensivo à todas as criaturas, porém, os benefícios gerados por esse ato de amor estão condicionados às reações manifestas por cada indivíduo, "Arrependei-vos e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados"; "Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz e siga-me"; "vinde a mim todos os que estão cansados e oprimidos...". São muitas as expressões bíblicas que nos mostram que os efeitos da graça de Deus sobre os homens é um processo condicional, vai depender do homem querer, se arrepender, se converter, querer vir. Poderia citar uma grande quantidade de textos, porém, trata-se apenas de uma rápida reflexão. O "SE" no contexto das Escrituras Sagradas faz a grande diferença, pois, representa a posição que o homem assume diante da poderosa palavra do Senhor. No Evangelho de João cap. 15.7, Jesus utiliza a conjunção condicional "SE" para dizer que o sucesso na oração depende totalmente de uma atitude de comprometimento com a Palavra do Senhor "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito" compare com Pv 2.1 "Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos". A relação entre esses textos nos mostra que as palavras de Deus só estarão em nós se às aceitarmos por escolha própria. Em 2 crônicas 7.14, Deus subordina o ato de perdoar os pecados e trazer prosperidade aos homens, à condição de que as pessoas se enquadrem nos padrões espirituais e comportamentais que Ele exige daqueles que querem ser chamados de seu povo. Na sua presciência e providência, Deus pode muito bem ter escrito a nossa história, pois Ele é capaz de conhecer os nossos atos antecipadamente, porém, sem nos eximir da oportunidade de fazermos as nossas próprias escolhas. "Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações, como na provocação" Hb 3.7,15. Por essa causa a compreensão sobre a função gramatical da partícula "SE" é fundamental para a compreensão do texto no tocante a liberdade que as pessoas tem diante do chamado de Deus, isto é, atender ou não a voz do Espírito que convida todos para que tenham comunhão com Deus. Infelizmente parece que as bíblias de alguns cristão não têm a partícula "SE" exercendo essa função gramatical, por isso, essas pessoas pregam um Deus determinista, que armou um grande teatro para encenar o espetáculo da história humana, no qual o roteiro já definido de forma unilateral, onde Deus é o autor e os homens apenas personagens com um papel para cumprir.

Outro fato interessante nesse contexto, é o conflito vivenciado por alguns cristãos, os quais dizem: "para que orar se Deus sabe tudo aquilo que necessitamos, e também já determinou o nosso futuro?". Creio, que para os que pensam assim, a lição que estamos estudando hoje é bastante esclarecedora. O ato de orar manifesta a nossa confiança e dependência de Deus, virtudes essas que são pré-requisitos para que Deus realize em nossas vidas aquelas promessas que têm um caráter condicional. Por isso, Jesus disse: "E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á" Lc 11.19.

Concluindo a nossa abordagem podemos dizer que toda a nossa tarefa de orar está subordinada a realização da vontade de Deus. Antes de pedirmos ao Senhor sobre determinado assunto, é preciso entregar-lhe toda a honra e toda a glória. Ao fazermos a vontade de Deus, abrimos mão do plano imperfeito que temos em favor do comando perfeito do Senhor. No momento em que submetemos nossa vida totalmente a Deus, ele nos devolve a vida acrescida de sua graça, que nos completa. Essa experiência maravilhosa enche-nos de alegria pelo privilégio de compartilhar sua glória. A realidade prática e total do pensamento de Davi torna-se presente em nossa própria vida: "Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração" Sl 37.4.

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