Com esta lição estamos fechando o trimestre, o qual nos proporcionou uma série lições muito instrutivas a partir do ministério do profeta Jeremias. A esperança foi o tema mais focalizado, pois o conteúdo de algumas lições giram exclusivamente em torno desse assunto. Esperança e Lamentação soam para nós como termos antagônicos, isto é, palavras com significados opostos. A principio parece difícil pensar na possibilidade de expressarmos os dois sentimentos simultaneamente, porque é comum que muitos pensem que quando alguém lamenta, é porque não tem esperança, isto porque muita gente entende lamentação como murmuração. Na perspectiva do nosso tema a palavra lamentação deve ser compreendida como uma leitura equilibrada e realística de um momento de adversidade na nossa história ou na história do povo de Deus. Para Jeremias lamentar significava encarar a realidade como ela era de fato, sem nenhuma camuflagem, sem jogar nada para debaixo do tapete, e diante do caos estabelecido externar sua indignidade e protestar contra o pecado e a corrupção. Alguém já disse que Jeremias foi um Homem que teve a sua alma moldada pela "fornalha da aflição" , pois, ele foi chamado para lidar com um caso perdido, era como se fosse um médico contratado para assistir a um doente terminal, cujo o diagnóstico para havia decretado a fatalidade. O pior de tudo de tudo era esse doente não queria reconhecer o seu estado enfermo e ainda rejeitava e perseguia o seu médico, aquele que só queria fazer-lhe o bem.
Estamos enfrentando uma época que se caracteriza por uma crescente crise de integridade, é lamentável vermos diariamente a postura equivocada de muitas lideranças evangélicas que estão em evidência no nosso país. Faz pouco tempo que li um texto na internet, cujo título era "Pastor chuta o balde e diz: "Não quero mais ser evangélico". Nesse texto o autor confessava sua indignação com os escândalos quem têm acontecido nos últimos anos no meio evangélico. Ele ainda dizia que passou o tempo nesse país, quando o nome "evangélico" era sinônimo de integridade e compromisso com a fé bíblica, pois o mau testemunho de um grande número de evangélicos em varias áreas, principalmente no setor político, tem feito com que o nome "evangélico" tenha incorporado a idéia de manipulação, alienação, exploração financeira e hipocrisia. E assim o autor prossegue dizendo nesse contexto, não me chamem de evangélico, porque, eu quero ser apenas servo de Deus. A própria Assembléia de Deus já foi vista por muitos como modelo de conduta cristã, pois, ouvíamos sempre muitas pessoas dizendo: "Se um dia eu for crente, serei da Assembléia Deus", parece a que as mudanças ocorridas nos últimos anos tornou a Assembléia de Deus uma denominação doutrinariamente fragmentada, por que administrativamente nunca houve unidade, tendo em vista que os estados possuem várias convenções cada uma com sua autonomia, a verdade é que hoje já não ouvimos muita gente afirmando tal admiração pela denominação, digo isto, principalmente, a partir da minha região. A igreja também tem perdido muito com insana insistência em investir esforços no setor político, não tem expressão mais ofensiva ao reino de Deus, do que essa "Vamos eleger fulano, para que ele defenda os direitos da igreja", isso não é conversa apropriada para "ovelha", mas, para "boi" e para boi dormir, pois temos a certeza que ae portas do inferno não podem prevalecer contra a igreja do Senhor. A história tem mostrado que todas as vezes que a igreja fez essas associações com o estado, trouxe prejuízos para o Reino de Deus, porém, também é verdade que as lideranças promotoras desses empreendimentos foram os grandes beneficiados. Que façam projetos, que aprovem esse ou aquele projeto, esse é o curso do mundo, não é tentando barrar tais projetos que a igreja vai se mostrar eficaz na luta contra o pecado. O campo evangelístico citado por Jesus, não é o Congresso Nacional, mas, o mundo. O papel da igreja é ser agente de transformação social, impondo ao mundo a ética do Reino de Deus. Paulo diz que a igreja tem armas muito poderosas em Deus, conscientes disso não precisamos dessas estratégias políticas, que não passam de armas carnais. É lamentável que ainda tem muitas lideranças no pais perdendo tempo com essas futilidades, enquanto os campos estão brancos para a colheita.
COMO DEVEMOS AGIR EM TEMPOS DE CRISE
Em seu livro Resposta à Calamidade, o Pr. Caio Fábio nos diz: "Em tempo de crise, de dor, de miséria, de desemprego, de elevação do custo de vida, de pânico, de perplexidade, precisamos mais do que um mediano otimismo para vencermos...Homens para enfrentar este tempo têm de ser de fibra, gente que em si tem a força do desapego, que sabe o que é padecer. Caso contrário, o que sobra é restolho, são os estilhaços, nada mais, das imensas pedras. A derrota sem luta é uma das maiores indignidades". Eu vejo em Jeremias esse homem de fibra, que mesmo perdendo a reputação ao ser marginalizado pela religião institucionalizada, e tendo que viver como fugitivo, ela não abre mão da esperança e da dignidade.
Na carta aos Romanos Paulo nos ensina que a esperança é uma Base forte para a manutenção de muitas virtudes, "Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram" (Romanos 12.12,14,15). Quando o cristão estar consciente de que a esperança é a força impulsionadora do seu, ela a usa como uma plataforma na qual ele pode pisar firme para resistir todos os males e ainda agir com dignidade. A primeira coisa a fazermos em tempo crise é nos apropriarmos da alegria que vem da nossa esperança, pois ninguém tem esperança como nós. A esperança do mundo morre, mas o justo até mesmo na morte pode ter esperança "Pela sua malícia será lançado fora o ímpio, mas o justo {até} na sua morte tem esperança." (Provérbios 14.32). Conforme esse texto de Romanos supracitado, Paulo determina nos alegrarmos na esperança, pois, quando agimos assim, colocamos a nossa vista acima da calamidade pela qual estamos passando e enxergamos os propósitos num tempo que vai mais além, e dessa forma nos tornamos forte e aptos para vivermos conforme a ética e a dignidade do Reino de Deus. E por causa disso sofremos em ver o povo de Deus andando na contra-mão do Reino, porém, sempre fiéis as determinações da palavra do Senhor, mesmo diante de incompreensão, injustiças e perseguições, continuamos olhando para frente porque sabemos que as últimas coisas serão melhor do que as momentâneas. Quem tem essa esperança é assim, sendo perseguido, porém abençoando, sendo odiado, porém, amando sempre.