sexta-feira, 25 de junho de 2010

ESPERANÇA NA LAMENTAÇÃO – LIÇÃO 13











Com esta lição estamos fechando o trimestre, o qual nos proporcionou uma série lições muito instrutivas a partir do ministério do profeta Jeremias. A esperança foi o tema mais focalizado, pois o conteúdo de algumas lições giram exclusivamente em torno desse assunto. Esperança e Lamentação soam para nós como termos antagônicos, isto é, palavras com significados opostos. A principio parece difícil pensar na possibilidade de expressarmos os dois sentimentos simultaneamente, porque é comum que muitos pensem que quando alguém lamenta, é porque não tem esperança, isto porque muita gente entende lamentação como murmuração. Na perspectiva do nosso tema a palavra lamentação deve ser compreendida como uma leitura equilibrada e realística de um momento de adversidade na nossa história ou na história do povo de Deus. Para Jeremias lamentar significava encarar a realidade como ela era de fato, sem nenhuma camuflagem, sem jogar nada para debaixo do tapete, e diante do caos estabelecido externar sua indignidade e protestar contra o pecado e a corrupção. Alguém já disse que Jeremias foi um Homem que teve a sua alma moldada pela "fornalha da aflição" , pois, ele foi chamado para lidar com um caso perdido, era como se fosse um médico contratado para assistir a um doente terminal, cujo o diagnóstico para havia decretado a fatalidade. O pior de tudo de tudo era esse doente não queria reconhecer o seu estado enfermo e ainda rejeitava e perseguia o seu médico, aquele que só queria fazer-lhe o bem.

Estamos enfrentando uma época que se caracteriza por uma crescente crise de integridade, é lamentável vermos diariamente a postura equivocada de muitas lideranças evangélicas que estão em evidência no nosso país. Faz pouco tempo que li um texto na internet, cujo título era "Pastor chuta o balde e diz: "Não quero mais ser evangélico". Nesse texto o autor confessava sua indignação com os escândalos quem têm acontecido nos últimos anos no meio evangélico. Ele ainda dizia que passou o tempo nesse país, quando o nome "evangélico" era sinônimo de integridade e compromisso com a fé bíblica, pois o mau testemunho de um grande número de evangélicos em varias áreas, principalmente no setor político, tem feito com que o nome "evangélico" tenha incorporado a idéia de manipulação, alienação, exploração financeira e hipocrisia. E assim o autor prossegue dizendo nesse contexto, não me chamem de evangélico, porque, eu quero ser apenas servo de Deus. A própria Assembléia de Deus já foi vista por muitos como modelo de conduta cristã, pois, ouvíamos sempre muitas pessoas dizendo: "Se um dia eu for crente, serei da Assembléia Deus", parece a que as mudanças ocorridas nos últimos anos tornou a Assembléia de Deus uma denominação doutrinariamente fragmentada, por que administrativamente nunca houve unidade, tendo em vista que os estados possuem várias convenções cada uma com sua autonomia, a verdade é que hoje já não ouvimos muita gente afirmando tal admiração pela denominação, digo isto, principalmente, a partir da minha região. A igreja também tem perdido muito com insana insistência em investir esforços no setor político, não tem expressão mais ofensiva ao reino de Deus, do que essa "Vamos eleger fulano, para que ele defenda os direitos da igreja", isso não é conversa apropriada para "ovelha", mas, para "boi" e para boi dormir, pois temos a certeza que ae portas do inferno não podem prevalecer contra a igreja do Senhor. A história tem mostrado que todas as vezes que a igreja fez essas associações com o estado, trouxe prejuízos para o Reino de Deus, porém, também é verdade que as lideranças promotoras desses empreendimentos foram os grandes beneficiados. Que façam projetos, que aprovem esse ou aquele projeto, esse é o curso do mundo, não é tentando barrar tais projetos que a igreja vai se mostrar eficaz na luta contra o pecado. O campo evangelístico citado por Jesus, não é o Congresso Nacional, mas, o mundo. O papel da igreja é ser agente de transformação social, impondo ao mundo a ética do Reino de Deus. Paulo diz que a igreja tem armas muito poderosas em Deus, conscientes disso não precisamos dessas estratégias políticas, que não passam de armas carnais. É lamentável que ainda tem muitas lideranças no pais perdendo tempo com essas futilidades, enquanto os campos estão brancos para a colheita.

COMO DEVEMOS AGIR EM TEMPOS DE CRISE

Em seu livro Resposta à Calamidade, o Pr. Caio Fábio nos diz: "Em tempo de crise, de dor, de miséria, de desemprego, de elevação do custo de vida, de pânico, de perplexidade, precisamos mais do que um mediano otimismo para vencermos...Homens para enfrentar este tempo têm de ser de fibra, gente que em si tem a força do desapego, que sabe o que é padecer. Caso contrário, o que sobra é restolho, são os estilhaços, nada mais, das imensas pedras. A derrota sem luta é uma das maiores indignidades". Eu vejo em Jeremias esse homem de fibra, que mesmo perdendo a reputação ao ser marginalizado pela religião institucionalizada, e tendo que viver como fugitivo, ela não abre mão da esperança e da dignidade.

Na carta aos Romanos Paulo nos ensina que a esperança é uma Base forte para a manutenção de muitas virtudes, "Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram" (Romanos 12.12,14,15). Quando o cristão estar consciente de que a esperança é a força impulsionadora do seu, ela a usa como uma plataforma na qual ele pode pisar firme para resistir todos os males e ainda agir com dignidade. A primeira coisa a fazermos em tempo crise é nos apropriarmos da alegria que vem da nossa esperança, pois ninguém tem esperança como nós. A esperança do mundo morre, mas o justo até mesmo na morte pode ter esperança "Pela sua malícia será lançado fora o ímpio, mas o justo {até} na sua morte tem esperança." (Provérbios 14.32). Conforme esse texto de Romanos supracitado, Paulo determina nos alegrarmos na esperança, pois, quando agimos assim, colocamos a nossa vista acima da calamidade pela qual estamos passando e enxergamos os propósitos num tempo que vai mais além, e dessa forma nos tornamos forte e aptos para vivermos conforme a ética e a dignidade do Reino de Deus. E por causa disso sofremos em ver o povo de Deus andando na contra-mão do Reino, porém, sempre fiéis as determinações da palavra do Senhor, mesmo diante de incompreensão, injustiças e perseguições, continuamos olhando para frente porque sabemos que as últimas coisas serão melhor do que as momentâneas. Quem tem essa esperança é assim, sendo perseguido, porém abençoando, sendo odiado, porém, amando sempre.

terça-feira, 22 de junho de 2010

KAKÁ: “SOU PERSEGUIDO POR CAUSA DA MINHA FÉ EM JESUS CRISTO”

Hoje ouvi uma entrevista com o Jogador da Seleção Brasileira, o Kaká, o qual se queixou que um jornalista esportivo tinha feito críticas maldosas a ele devido a sua postura como cristão. Entendo completamente o desconforto do atleta para com essa situação, pois nem sempre os cristãos devem estar calados diante de determinadas críticas e acusações, principalmente quando o objetivo é atingir o Evangelho. Na sua resposta o jogador deixou claro que o jornalista faz isso por se tratar de um ateu declarado, o que não deixa de ser também uma informação importante para todo o grande público esportivo, para que todos possam entender melhor o porque da implicância desse jornalista. As poucas palavras do Jogador, as quais expressaram a sua profunda indignação contra a atitude de alguém que tenta lhe atingir através de algo tão sublime, a fé em Jesus Cristo, foram bastante significativas para o testemunho evangélico. Sempre que um cristão procurar viver de forma coerente com a verdade da Palavra de Deus ele despertará o ódio no inimigo, o qual investe em provocações para tentar desequilibrar o filho de Deus.

Se "ser cristão comprometido" fosse o único motivo para os céticos falarem mal dos cristãos nesse país, seria algo tremendamente extraordinário para o Reino de Deus, porém, a verdade que muitos se tornaram alvos de críticas por serem maus cristãos. Numa rápida citação poderíamos citar grandes movimentos ditos evangélicos, cujas práticas estão fundamentadas em misticismo e sensacionalismo barato com intuito de arrecadar montanhas de dinheiro para alimentar a vida exuberante de uma cúpula da liderança, e o mais escandaloso são as ligações com situações suspeitas. Estes talvez ainda não afetem tanto o testemunho evangélico no país, porque muita gente ainda não os inclui no contexto das igrejas evangélicas. Todavia, o impacto mais negativo tem acontecido com relação as atitudes anti-cristãs por parte de muitas lideranças das chamadas igrejas históricas, os quais passaram ser alvos da mídia secular devido a algumas situações embaraçosas nas quais estão envolvidos. E nesses casos, tenho certeza que as acusações não tem nada haver com comprometimento com evangelho, pelo contrário é por causa do descomprometimento. Como Jesus disse que os que fossem fiéis ao evangelho seriam perseguidos, muita gente tem constituído este argumento como base para justificar suas canalhices. Precisamos analisar cada situação de maneira racional para não ser alienados por pessoas que apropriam de jargões da religião para justificarem os seus propósitos egoístas.

Tomara que daqui para frente possamos ver outros "Kakás" reclamando que estão sendo perseguidos por causa dos seus testemenhos da Palavra, isso será um sinal de que o verdadeiro Evangelho está em progresso no Brasil. Para concluir quero compartilhar um trecho de um texto de Jhon Sttot:

Como Jesus esperava que seus discípulos reagissem diante da perseguição? Mt 5.12 diz: "Regozijai-vos e exaltai! Não devemos nos vingar como o incrédulo, nem ficar de mau humor como uma criança, nem lamber nossas feridas em autopiedade como um cão, nem simplesmente sorrir e suportar tudo como um estóico, e muito menos fazer de conta que gostamos disso como um masoquista. Então como agir? Devemos nos regozijar como um cristão, e até mesmo "pular de alegria". Po que ? Em parte porque, Jesus acrescentou," é grande o vosso galardão nos céus". Podemos perder tudo aqui na terra, mas herdaremos tudo nos céus, não como uma recompensa meritória, mas porque "a promessa é da recompensa gratuita". E, por outro lado, porque a perseguição é um sinal de genuinidade, e um certificado de autenticidade cristã, "pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós". Se somos perseguidos hoje, pertencemos a uma nobre sucessão. Mas o motivo principal pelo qual deveríamos nos regozijar é porque estamos sofrendo, disse ele, por minha causa (Mt 5.11), por causa da nossa lealdade para com ele e com os seus padrões de verdade e justiça. A condição de ser desprezado, rejeitado, injuriado e perseguido, é um sinal do discipulado cristão.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A OPÇÃO PELO POVO DE DEUS – Lição 12

O tema de hoje fala de escolha, fazer uma escolha quando alguém tem duas ou mais opções diante de si. As escolhas de uma pessoa se constituem-se em referenciais que nos permitem ter uma percepção da sua escala de valores. Poderia afirmar ainda que as nossa cosmovisão, isto é a nossa maneira de enxergar o mundo, como também o nosso amor para com Deus e o próximo. O cerne da mensagem do Evangelho é o propósito de confrontar a verdade de Deus com a filosofia humana, a sabedoria de Deus com a sabedoria dos homens, exigindo sempre dos seus ouvintes uma decisão radical, pois, diante dos pressupostos da palavra de Deus não existe meio-termo, só oferece duas opções ou indivíduo aceita ou rejeita. Todavia, mesmo depois de optarmos pela fé evangélica, a vida cristã nos conduz diariamente a tomarmos atitudes que confirmem para todos os homens que somos realmente filhos de Deus, que nossos valores estão em sintonia com os parâmetros da Palavra de Deus.

A opção pelo povo Deus demonstra que estamos transbordando do amor de Deus em nossos corações, pois, a igreja, o povo do Senhor, é o alvo do imensurável amor de Deus aqui nesse mundo. Enquanto igreja estiver aqui o mundo ainda terá oportunidades de desfrutar do inefável amor de Deus. É pela atitude de amor ao povo de Deus que identificamos que alguém tem chamada para ministério, e não simplesmente por discurso bem elaborado, o povo de Deus já está cansado de discursos, as pessoas estão querendo ver atitudes, não só diga que ama, mas faça alguma coisa que prove isso.

EXEMPLOS DE PERSONAGENS BÍBLICOS QUE OPTARAM PELO POVO DE DEUS

No Antigo Testamento temos o grande exemplo de Moisés, o qual não foi indiferente as suas verdadeiras origens e desejou estar do lado dos hebreus, os quais eram o povo de Deus e também o seu povo. Todo leitor da bíblia conhece a história de Moisés muito bem e as circunstâncias queo levaram a ser separado de sua família quando ainda era bebê, tendo sido criado pela filha do Faraó do Egito. Depois de homem adulto e consciente das suas origens hebraicas, Moisés começou a observar a injustiça e a opressão que o povo hebreu estava sofrendo e decidiu renunciar aos privilégios da nobreza do Egito: "Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó.
Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado" (Hebreus 11.24,25). Também está escrito que ele havia sido preparado em toda ciência do Egito, a família de Faraó tinha certamente projetado um futuro brilhante para ele na alta sociedade do Egito. Por lado, sabemos que a própria mãe de Moisés teve a oportunidade de influenciar na educação de Moisés, o que contribui para que ele aprendesse a amar o povo hebreu, e esse amor foi comprovado não só no seu primeiro ato, quando matou um egípicio para defender um hebreu, como quando obedeceu a ordem de Deus para ir até Faraó e reivindicar a libertação dos hebreus e também quando o povo adorou o bezerro de ouro e Deus ameaçou eliminar toda aquela nação e levantar um outro povo: " Agora, pois, deixa-me, para que o meu furor se acenda contra ele, e o consuma; e eu farei de ti uma grande nação"(Êxodo 32.10). Moisés reagiu com súplicas pedindo a Deus que tivesse misericórdia do povo em nome das promessas feitas aos patriarcas, ele foi ao extremo de dizer que se Deus não perdoasse o povo então que riscasse o nome dele do livro da vida: "Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito.". Pelo texto percebemos que Moisés não estava agindo como menino mimado, pensando que podia chantagear ou barganhar com Deus, porque se assim fosse certamente ele teria sido repreendido por Deus, o que não aconteceu, pois, o Senhor conhecia o coração de Moisés e sábia que a sua atitude era uma conseqüência direta do seu extremo amor pelo povo de Deus, dando mais uma prova que era capaz de uma auto-renuncia em favor do povo. (Êxodo 32.32).

Um outro belo exemplo de opção pelo povo de Deus, foi o caso de Jeremias, após ter se consumado o domínio babilônico sobre a nação de Judá as autoridades babilônicas demonstraram muita consideração para com o profeta Jeremias e lhe deram liberdade para optar entre ir para Babilônia ou continuar na sua nação, ir para Babilônia poderia significar uma vida mais tranqüila e segura para o profeta, como foi para Daniel e muitos outros hebreus que foram para lá, os quais tiveram muitas oportunidades para prosperar. Todavia, Jeremias julgou que o povo necessitava do seu trabalho como profeta e conselheiro. Jeremias fez a sua opção pelo povo de Deus mesmo sabendo que isso poderia representar muito desconforto pessoal, pois, em Judá a situação era de perplexidade e malicia, mesmo assim Jeremias decidiu que era melhor ficar com o povo de Deus.

EXEMPLOS EXTRA-BÍBLICOS

Neste ponto eu gostaria de tornar conhecido o exemplo do teólogo Dietrich Bonhoeffer. Podemos considerá-lo um dos grandes heróis da fé no século xx. Bonhoeffer nasceu em 1906 na Alemanha. O pai dele era médico, psicólogo e professor na universidade de Berlim, isto nos revela que ele foi criado do num ambiente de erudição e cultura. Bonhoeffer se formou em teologia em 1927. Quando saiu da universidade foi pastorear uma igreja em Barcelona. Foi professor da universidade de Berlim até 1936. Neste período Bonhoeffer entrou em confronto com a polícia secreta de Hitler ao censurar política dos nazistas. Isso lhe casou a demissão da universidade e o exílio da cidade de Berlim. Então ele foi para Nova York onde teve a oportunidade de ministrar uma série de palestras teológicas. Nesse período tomou conhecimento da invasão da polônia pelas forças militares da Alemanha. Os amigos tentaram impedi-lo de retornar até que o perigo passasse, porém, os esforços foram inúteis, ele decidiu que o lugar dele era na Alemanha, com a sua igreja. Não atendendo aos apelos dos amigos, Bonhoeffer viajou num dos últimos navios alemães que saiu dos Estados Unidos antes de do início da Segunda Guerra Mundial.

Conforme Page H. Kelly, durante os primeiros anos de guerra, Bonhoeffer trabalhou nas igrejas e escreveu o seu livro sobre ética. Ao mesmo tempo estava desempenhando um papel importante no movimento clandestino contra Hitler. Devido a essas atividades, foi preso e encarcerado numa prisão militar de Berlim, desde abril de l943 ate outubro de 1944. Durante esse período de um ano e meio, era-lhe permitido. escrever cartas para a família e para amigos. O livro Prisioneiro de Deus é uma coleção dessas cartas. Na mesma prisão onde Bonhoeffer foi encarcerado havia, entre os outros prisioneiros de guerra, um alto oficial das forças armadas da Inglaterra. Quando este foi posto em liberdade, no fim da guerra, escreveu um livro, narrando as suas experiências. Falando dos últimos dias de vida de Bonhoeffer, disse "Bonhoeffer foi umas das poucas pessoas que tenho conhecido para quem Deus era uma constante realidade". Este oficial descreveu assim o encontro com Bonhoeffer: "No domingo, 8 de abril de 1945, o Pastor Bonhoeffer dirigiu um breve culto com os presos, e falou de tal maneira que tocou os corações de todos os presentes. Mal havia terminado o seu sermão quando a porta se abriu e dois homens em trajes civis dirigiram-se a ele, e disseram "prepare-se para acompanhar-nos" - tinham uma só significação: a forca! Bonhoeffer olhou para mim e disse "este é o fim...mas para mim é o começo da vida! No dia seguinte foi enforcado. Era dia 9 de abril de 1945.

Nesse relato temos um exemplo impactante de um pastor e teólogo, que naquele período tão difícil poderia ter optado pelo conforto e a tranquilidade nos Estados Unidos, exercendo a profissão de professor universitário, porém, o amor a sua igreja na Alemanha fez com ele renuncia-se tais privilégios e voltasse para Alemanha para sofrer juntamente com o povo Deus. Bonhoeffer estava consciente da sua missão, tinha uma visão para o povo de Deus, e por causa disso não ficou amendrontado com o poder do regime de Hitler. Foi para a forca, porém, em seu coração podia dizer: "terminei a carreira, combati o bom combate e guardei a fé".

CONCLUSÃO

No dia pastor a nossa igreja fez uma singela homenagem ao Pr. Robson Aguiar, presidente da A.D. Cadeeso-PE. No seu agradecimento o Pr. Robson afirmou que sua vida estava centrada na igreja, e não fazia muitos projetos para si, pois o seu maior sonho é o êxito da igreja. Comprrendo que é exatamente assim que devem pensar e sentir todos estão envolvidos no ministério. Porém, não é essa a realidade está configurada diante dos nossos olhos, tem se multiplicado o número de pessoas que estão querendo tirar proveito do povo de Deus, o rebanho cresceu e passou ser alvo de muitos lobos. E na verdade são lobos vestidos com peles de cordeiro, pois, se apresentam com aparência de piedade como se estivessem profundamente identificados com as necessidades do povo. Na verdade essas pessoas não optaram pelo povo de Deus, e sim por si mesmas, porque são egoístas e estão querendo utilizar o povo do Senhor como um meio para conseguir os seus intentos. Infelizmente a igreja evangélica no Brasil tem se tornado massa de manipulação nas mãos de muitos líderes megalomaníacos, cuja a obssesão é a construção de um grande império e ter o maior número possível de pessoas aos seus pés. Esses "super-ministérios" muitas vezes não passam de gigantes acéfalos, pessoas que se gloriam de ser pastor de milhares, que ao mesmo tempo não é pastor de ninguém, pois, não tem tempo nem se sequer para cumprimentar um membro da igreja, porque o seu tempo é gasto em usufrir das regalias que o posto lhe oferece. Para os que verdadeiramente amam a igreja, ela é um fim, e não um meio.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

JESUS, O MESTRE DA PERSUASÃO



A preocupação com o domínio da expressão verbal e as formas de argumentação nasceu entre gregos. Demóstenes, Quintiliano, Górgias e outros, se tornaram célebres pela habilidade com que encaminhavam suas lógicas argumentativas. No estado grego era de fundamental importância dominar as regras e normas da boa argumentação. A maior contribuição grega neste assunto se deu através de Aristóteles (384-322 a.C.), com “A arte da retórica”.

- Para Aristóteles a retórica propõe uma seqüências de passos que visam produzir a persuasão. É a faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, pode ser capaz de gerar a persuasão.

- A eficácia da argumentação vai depender do domínio de processo, de formas, instâncias e modos de argumentar.

- A estrutura do texto proposta por Aristóteles. Quatro instâncias seqüenciais e integradas: O exórdio(introdução);Narração (Argumentação); Provas (elementos de sustentação); Peroração (Conclusão).

PERSUASÃO

- Persuadir antes de mais nada é sinônimo de submeter, daí a sua vertente autoritária. Quem persuade leva o outro a aceitação da idéia.

- Uma boa argumentação é aquela que leva o interlocutor a ficar sem condições de contra-argumentar .

- A argumentação visa alterar pontos de vista, mudar conceitos pré-formados, vender a idéia.

- Existem graus de persuasão: alguns mais ou menos visíveis, outros mais ou menos mascarados.

No novo Testamento encontramos várias situações nas quais Jesus é confrontado pelos fariseus, os quais tinham como grande objetivo pegá-lo em contradição, porém, isso se tornou uma tarefa impossível, pois nas diversas abordagens que eles fizeram ao Senhor Jesus, ficaram totalmente imobilizados diante dos seus argumentos, os quais eram irrefutáveis. Eram argumentos construídos a partir da própria realidade existêncial dos seus interlocutores, com coerência e os fundamentos consistentes da verdade. A proposição do Evangelho estabelece dois tipos de ouvintes, um é aquele que se torna seguidor, como fizeram Natanael e a mulher Samaritana que foram convencidos pelos argumentos de Jesus e resolveram segui-lo, o outro aquele que retira porque não tem como contra-argumentar.

“Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo a César ou não?

Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?

Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro.

E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição?

Disseram-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E eles, ouvindo isto, maravilharam-se e, deixando-o se retiraram.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A EXCELÊNCIA DO MINISTÉRIO – Lição 11

O tema acima focaliza o extremo valor da vocação cristã que se configura a partir de uma série de funções que podem ser desenvolvidas no universo da experiência cristã. A palavra excelência é bem apropriada para falarmos dessa tão sublime tarefa que Deus colocou sob a responsabilidade daqueles que Ele tem chamado para trabalhar na sua maravilhosa obra, pois a bíblia diz que nem mesmo aos anjos foi dado tal privilégio, de estarem aqui na terra como ministros da palavra da Salvação. Realmente o amor de Deus excede a toda compreensão humana, pois, além de perdoar as nossas ofensas, o que lhe custou um alto preço, Ele também resolveu nos fazer ministros no seu reino. Na perspectiva da fé, o ministério cristão é algo distinto, primoroso e superior a qualquer outra atividade que possamos exercer aqui nesse mundo. Paulo escreve ao Jovem obreiro Timóteo para chamar-lhe a atenção sobre a superioridade deste ministério: "Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja." ( I Tm 3.1). Tendo em mente a incompreensão do mundo para com essa excelência do ministério cristão, o apóstolo procurar motivar Timóteo, para que ele não se deixasse abater pela indiferença e desprezo daqueles que se julgam sábios e importantes no mundo secular, estando sempre consciente que estava a serviço de Deus em favor de todos os homens. Os termos, "ministro, ministério" no nosso contexto pode ser entendido em dois campos semânticos opostos, isto é, na compreensão secular um ministro é um indivíduo que ostenta uma posição governamental com altos privilégios políticos e sociais, o qual poucos conseguem pensar nele como um servidor público, cuja a função é servir ao povo, pelo contrário, ele está sempre cercado de um infinidade de pessoas que são bem pagas para servi-lo. Enquanto pelo lado secular o termo "ministro" corresponde a poder político e status social, pelo lado cristão o mesmo termo significa serviço humilde que na maioria das vezes não confere ao ministrante nenhuma regalia, pelo contrário, em diversos contextos o ministério cristão é desvalorizado e desprezado pelo mundo não cristão, e até mesmo por supostos cristãos. No Evangelho de Marcos 10.45, Jesus ensinou que a essência do ministério evangélico é o "servir", "Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos". As palavras de Jesus nos ensinam que a grande distinção do ministro cristão para os demais, é que a meta deste é servir dando o melhor de si para beneficiar o maior número de pessoas possíveis. O ministro cristão jamais deve reivindicar a servidão daqueles que cooperam na obra juntamente com ele.

BARUQUE É ESCOLHIDO PARA SERVIR NO MINISTÉRIO DE JEREMIAS

O capitulo 45 de Jeremias se constitue numa advertência contra o egoísmo de Baruque, que fora escolhido para ser um tipo secretário, cujo o trabalho era copiar as mensagens proferidas pelo profeta Jeremias. Isto ocorreu no quarto ano do rei Jeoiaquim, 605 a. C. Nesse momento Deus tinha determinado que fossem escritas todas as mensagens que Jeremias havia proferido desde o inicio do seu ministério, (cap. 36.1,2). No versículo 4 deste mesmo capitulo temos o chamado de Baruque "Então Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; escreveu Baruque no rolo, segundo o que ditou Jeremias, todas as palavras que a este o Senhor havia revelado".

Conforme a análise de Page H. Kelley, logo no inicio de sua associação com Jeremias, Baruque começou a desconfiar do acerto de sua escolha. Trabalhar com Jeremias era indicio de problemas. Quando o rei tomou conhecimento do registro das profecias, ordenou que lhe trouxessem, quando leu ficou tão irado que queimou imediatamente e em seguida deu ordens para que prendessem Jeremias e Baruque, os dois não tiveram outra opção senão fugir, para que pudessem salvar suas próprias vidas. Baruque tinha sido formado para exercer a função de escriba, uma posição de muito prestígio na sua época, e talvez ele tivesse projetado para si uma vida de muito sucesso. Porém, agora ele estava vivendo como fugitivo, diante de tal infortúnio, poderia estar pensando ter cometido um grande erro quando decidiu trabalhar para o profeta, e isso trouxe-lhe uma grande frustração, e então lamentou profundamente: "Ai de mim agora! Porque me acrescentou o Senhor tristeza a minha dor; estou cansado do meu gemido, e não acho descanso" (cap. 45.3). A atitude de auto-piedade de Baruque não agradou a Deus, pois imediatamente Ele respondeu: "Assim diz o Senhor: Eis que eu estou demolindo o que edifiquei e arrancando o que plantei, e isto em toda a terra. Buscas tu para ti mesmo grandes coisas? Não as busques". Deus estava mostrando para Baruque que Ele próprio estava sofrendo, pois, teve os seus planos frustrados por Israel, e por causa da desobediência dessa nação iria fazer coisas que não lhe agradava "Eis que estou demolindo o que edifiquei...". Sendo assim não tinha fundamento o egoismo de Baruque, ao priorizar os seus projetos pessoais e ficar lamentando o seu fracasso. Baruque não precisava ficar tão temeroso, pois ele teria o maior de todos os prêmios "...A ti, porém, darei a tua alma por despojo, em todos os lugares para onde fores." (cap. 45. 5). Glória a Deus! Baruque assimilou bem a palavra do Senhor e decidiu dedicar toda sua vida para exercer o ministério que Deus lhe havia entregue. Existe uma tradição que afirma que daí em diante ele não se apartou de Jeremias, tendo sido fiel até o momento em teria morrido como martir no Egito.

QUAIS SÃO AS NOSSAS PROJEÇÕES EM RELAÇÃO AO MINISTÉRIO ?

Temos conhecido e convivido com pessoas no meio evangélico que vêem no ministério um meio de alcançarem o sucesso pessoal que nunca puderam ter no mundo secular. Trata-se de pessoas frustradas, que focadas apenas nas suas necessidades pessoais "buscam grandes coisas para si mesmas", não estão dispostas a sofrer pela causa do Evangelho, não possuem identidade de servos, porque só estão dispostos para ser senhores. Não gostaria de dizer isso, mas, infelizmente conheci alguns líderes tão obcecados por honras que se alguém esquecesse de dar um destaque especial no nome dele num cartaz de algum evento, ele faria um tempestade por causa disso. Parece uma situação simples, porém, atitudes como essas revelam a essência do caráter. Fico pensando que se a função ministerial nos dias atuais tivesse que ser exercida nas mesmas condições de Baruque, ou até no contexto dos apóstolos, se teríamos tanta gente interessada em assumi-la, cá com os meus botões, eu acho que muita gente que está por ai, não teria nem chegado perto. Enquanto Jesus curou enfermos, multiplicou pães, etc, as multidões que o acompanhava eram enormes, porém, quando parou de fazer essas coisas o número ficou bem reduzido. Se não formos capazes de renunciarmos a nossa mania de grandeza e os nossos projetos pessoais como fez Baruque, o ministério que abraçamos não passa de uma ocupação medíocre, improdutiva e que prejudica a expansão do reino de Deus. Muitos líderes hoje medem o êxito dos seus ministérios por meio do crescimento numérico, estrutura física, o poder econômico e a influência política que possuem, o que não passa de presunção e ilusão. Os discípulos estavam muito entusiasmados com estrutura do templo, porém, Jesus lhes disse "isto não ficara pedra sobre pedra". A excelência do ministério é expressa numa atitude de profundo comprometimento com o Reino de Deus, a qual se configura numa existência que prioriza os valores do Reino, quando a palavra "eu" é substituída por o "outro", quando a minha vontade não tem muita importância, e sim a vontade de Deus, conforme o próprio Jesus nos deu o exemplo, quando ao orar no Getsêmani disse: " Pai, Que não seja feita a minha vontade, mas a tua".

QUAL O MINISTÉRIO MAIS EXCELENTE O DE PAULO OU O DE BARNABÉ?

Se a pergunta fosse qual foi o maior desses dois ministérios, é claro que todos responderíamos que foi o de Paulo, tanto pela amplitude das atividades como também pelo espaço das escrituras que o mesmo ocupa. Mesmo tendo sido esse ministério marcado por muitas situações adversas, há uma tendência de que muitos que almejam o ministério cristão se esqueçam desse fato, e se fixem somente na fama que ministério paulino conquistou na história do cristianismo, pois, segundo os estudiosos, depois de Jesus, Paulo é maior teólogo do novo testamento. É por causa desse sucesso como teólogo e da manifestação dos dons do Espírito Santo, que muitos gostariam de receber um ministério semelhante, sem o sofrimento, é óbvio. Existem muitos motivos relacionados ao ego humano para se ambicionar um ministério semelhante ao do Apóstolo Paulo, quando o mesmo é analisado superficialmente. Nesta maneira de ver, o ministério de Paulo ocupa o espaço, rouba a cena, está de frente para os holofotes. E é isso que importa para muita gente. Porém, o ministério de Paulo precisou muito do ministério de Barnabé para alcançar maturidade. O nome de Barnabé significava "filho de exortação", e ele também possuia uma herança sacerdotal, pois era da tribo de Levi (Atos 4.36).Ele foi o grande apoio para que o ministério de Paulo tivesse o desenvolvimento que teve, Atos 9.37 nos diz: "Mas Barnabé tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos...". E assim até o capítulo 13 de Atos o texto cita os dois homens nessa ordem "Barnabé e Paulo", indicando que até ai Barnabé estava conduzindo Paulo, porém, a partir do cap 14 ocorre a inversão "Paulo e Barnabé", dando a entender que o ministério de Paulo tinha alcançado maturidade. A prova disso é que no final do cap. 15 acontecesse a separação entre os dois. Entendo que o trabalho do ministério de Barnabé havia sido concluído, pois já tinha cumprido o seu propósito na vida de Paulo. Nessa separação Barnabé leva consigo o Jovem Marcos, que teria sido o motivo da separação, pois, segundo Paulo ele ainda não estava preparado para o ministério. E assim percebemos que o trabalho de Barnabé seria agora preparar Marcos para o ministério. O nome de Barnabé aparece pela última vez em atos 15.39, porém, o êxito e excelência do seu ministério é confirmada mais uma vez, quando o apóstolo Paulo pede que lhe enviem Marcos, pois, precisava dele no ministério "Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério" (II Tm 4.11). Pouco se fala sobre ministério de Barnabé, porque o trabalho que ele realizava era o trabalho dos bastidores, o qual não possui destaque, e na maioria das vezes é de pouco reconhecimento humano, todavia, é um trabalho de fundamental importância para o crescimento da obra de Deus, o qual consistia em preparar pessoas, sem estar preocupado com o fato de que alguém poderá se tornar mais importante do que nós, isto é, na concepção dos homens. O reconhecimento humano nem sempre significa o reconhecimento de Deus.

Diante do que foi dito acima posso dizer que não existe nenhum ministério no âmbito cristão que seja mais importante do que o outro, pois todo ministério exercido com renuncia, amor e plena dedicação para cumprir propósitos divinos, podemos denominar de um "ministério excelente". Por isso, quem deseja o episcopado, ou seja, a função de liderança no contexto, cristão precisa fazer uma reflexão profunda para discernir quais são as suas verdadeiras intenções, para descobrir se tal desejo está fundamento num profundo amor a Deus e ao próximo, ou se não passa de um egoísmo maquiavélico, no qual o indivíduo está querendo se dar bem, quer utilizar o santo ministério como meio, e para chegar onde deseja utiliza todos meios, sejam estes bons ou maus, tudo vale para conseguir o seu objetivo, "os fins justificam os meios". Agindo assim podem até ganhar o mundo, porém, não terão a sua alma por despojo, como a teve Baruque, ao renunciar os privilégios para exercer o ministério. Jesus também alertou aos tais, dizendo: "que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma".

segunda-feira, 7 de junho de 2010

SOCIOLOGIA DAS SEITAS

O que se pode afirmar das seitas que seja válido em geral dentro de contextos culturais e épocas diferentes? É preciso que tal afirmação não deixe que alguns fatores culturais e históricos concretos empanem os elementos sociais uniformes que se dão na estrutura e desenvolvimento das seitas. As seitas são agrupamentos de caráter voluntário. Os indivíduos têm certa possibilidade de decidir (teoricamente, uma possibilidade absoluta de decidir) com respeito a sua adesão aos dogmas da seita. O crente deve eleger a seita, embora se trate, na realidade, de uma eleição reciproca ( a seita admite ou rejeita essa pessoa). Para passar a ser um de seus membros se requer certa prova de mérito: o indivíduo tem de ser digno de pertencer a ela. Há nisso um forte sentido de identidade: aquele que é admitido se converte em "um dos nossos". E este "dos nossos" se coloca acima de todos os demais "nossos", crescendo em força no sentido em que a seita reclama para si um acesso especial e, normalmente, exclusivo as verdades sobrenaturais. A seita é um grupo que exige de seus membros um submissão plena e consciente que se não chega a eliminar todos os demais compromissos deve, ao menos, situar-se acima deles, quer se refiram ao estado, a tribo, a classe social ou a família. Relacionado a estas características, se encontra o fato que a seita se considera a si mesma como uma elite. Enquanto possuidora da única e verdadeira doutrina, dos ritos adequados e dos modelos corretos de retidão no comportamento social, se considera a si mesma com um grupo aparte, arrogando para si normalmente a salvação exclusiva. As seitas mostram normalmente uma inclinação para o exclusivismo. O estar afiliado a elas se situa acima de todos os demais compromissos de tipo secular, e normalmente exclui os demais compromissos religiosos. Ao separar-se dos outros grupos, as seitas impugnam a santidade e autoridade dos mesmos; o fato de pertencer a uma seita determinada supõe, assim, um distanciamento, e talvez uma hostilidade, frente a outras seitas e grupos religiosos. Do rigor destes atributos se segue que a maioria das seitas, sendo voluntárias, têm um vida muito intensa e impõe a seus membros responsabilidades, assim como contam também com certos procedimentos para expulsar os desviados. A seita não é uma entidade inconsciente, como poderia ocorrer com uma casta ou um clã em determinadas circunstâncias sociais. Em outras palavras: não é um grupo social que se considere como uma unidade "natural". Em oposição ao modo tradicional que tinham os judeus de conceber sua fé, ou os povos latinos de conceber o catolicismo, a seita tem consciência de si mesma, e sua formação e recrutamento são processos conscientes e deliberados. Por isso, é também um grupo que possui um sentido de sua própria integridade e que pensa que essa integridade pode ser ameaçada pelos membros despreocupados ou insuficientemente comprometidos. Por isso, as seitas expulsam aqueles que se mostrem indignos delas. Isto impõe, por sua vez, uma série de normas a cada um dos seus membros. Eles hão de seguir a vida do perfeito sectário e, por conseguinte, a voluntariedade de sua submissão e a prova de que merece ser membro do grupo somente serão possíveis se tenham um sentido de compromisso pessoal. Como as seitas não admitem discriminações quanto ao grau de compromisso, a integridade da seita e claramente a integridade que reina entre seus membros. O autocontrole, a consciência e a retidão são, pois, importantes características do sectarismo. Embora as seitas professem uma série de ensinamentos, de mandamentos e de práticas distintos dos que mantêm os ortodoxos, esta alternativa não supõe jamais uma total e absoluta negação de todos os elementos existentes na tradição ortodoxa, pois de outro modo não poderíamos qualificar a seita de ser uma seita. Ela ainda se mantêm, ou procura manter-se, e mesmo defender sua posição de ser a forma mais pura e legitima da fé original. Se trata fundamentalmente de acentuar uma série de matizes diferentes, acrescentando-se alguns elementos novos e suprimindo outros. Para propor esta alternativa a seita deve recorrer a algum principio de autoridade distinto daquele que é inerente a tradição ortodoxa, defendendo, ao mesmo tempo, sua supremacia. A autoridade invocada por uma seita pode ser a suprema revelação de um líder carismático, pode consistir em uma reinterpretação dos escritos sagrados, ou bem pode ser a idéia de que os verdadeiros fiéis obterão uma revelação por si mesmos. Em qualquer caso, a seita renega a autoridade oficial da fé ortodoxa.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O VALOR DA TEMPERANÇA – Lição 10

Conforme Gálatas 5.22 O Fruto do Espírito é único, porém, constituído por várias virtudes, tais como: Amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, fidelidade, mansidão e TEMPERANÇA. Se levarmos em consideração a ordem, podemos entender que o Fruto do Espírito tem a sua base de sustentação no amor, todavia ele se projeta e ganha visibilidade através de suas colunas que são as demais virtudes que seguem após o amor, entre elas Temperança, isto é domínio próprio. No Grego do Novo Testamento utiliza-se a palavra EKGRATEIA, que traduzida por Temperança ou domínio próprio conforme a versão da Bíblia. EKGRATEIA fala-nos objetivamente acerca da vitória sobre o desejo, o verbo correspondente é ekgrateoumai, ocorre duas vezes no NT. Significa exercer domínio próprio ou ter auto-domínio. Em I Co 7.9 Paulo falando do relacionamento entre sexos, adverte contra o casamento, mas então acrescenta: "Caso, porém, não se dominem, que se casem". Ou seja, se domínio próprio se revelar impossível, então o casamento é apropriado. Em I Co 9.25 ele determina o princípio universal de que todo homem que se esforça para vencer em tudo se domina, ou é temperado.

Os líderes pós-apostólicos, ou seja, os pais da igreja, atribuíram imensa importância a esse assunto, na sua maioria interpretavam Ekgrateia como a virtude relacionada ao auto-controle, auto-restrição, auto-disciplina, pureza e até mesmo castidade. Até mesmo na filosofia encontramos Platão definindo esse termo como: "O domínio dos prazeres e dos desejos" (Repub.430 E).

EXEMPLOS NO CONTEXTO LITERÁRIO

Há algum tempo atrás li uma frase, cujo o autor não tenho lembrança, porém, jamais a esqueci, dizia assim: "O MAIOR CONQUISTADOR É AQUELE QUE CONQUISTA A SI MESMO" , vejo um grande fundo de verdade nessa expressão, pois a nossa lutar maior ocorre nos porões da nossa mente, porque é na área dos pensamentos e sentimentos que sofremos os mais terríveis ataques do mundo e do diabo. Os nossos inimigos invisíveis procuram utilizar alguma coisa defeituosa que existe em nós para provocar a nossa própria destruição. Dentro de alguns homens existe uma "bomba" (temperamentos, sentimentos, instabilidade emocional) com um grande poder destruição esperando só que o botão seja acionado. Por isso é necessário que cada tenha controle absoluto sobre o que se passa no seu coração, do contrário o inimigo se apropriará das nossas fragilidades interiores para nos destruir. Temos na literatura clássica na obra de Shakespeare, "Otelo", um exemplo muito interessante. Otelo que também é o nome do protagonista da história, um homem que saiu de situação desfavorável e alcançou grandes conquistas, ganhou todas as batalhas que enfrentou, admirado e temido por todos, chegou ao posto de general do exército de sua cidade. O sucesso de Otelo despertou o ciúme de algumas pessoas. O maior de seus inimigos percebeu que só haveria uma forma de derrotar o General Otelo, por meio do seu ciúme doentio. A partir daí passou a trabalhar com imaginário de Otelo, criou várias situações que insinuavam uma possível traição de Desdemona a esposa de Otelo, a medida que essas situações iam acontecendo, Otelo ia perdendo o controle e desequilibrava cada vez mais, até que ficou obcecado com a idéia, totalmente descontrolado matou a esposa sem nem mesmo dar-lhe a oportunidade de se explicar, depois do feito o inimigo lhe fez ver que tudo não passava de uma armação, indignado com o que fizera, Otelo suicidou-se. Otelo foi destruído porque não teve controle sobre si mesmo, o seu ciúme descontrolado foi a causa da sua destruição. A lição que aprendemos aqui, e que se não aprendermos a dominar os ímpetos do nosso ser, poderemos nos tornar presas muito fáceis para o inimigo e também muito destrutivos para nós mesmos e para com aqueles que nos rodeiam.

EXEMPLOS BÍBLICOS NEGATIVOS

A Bíblia também está cheia de exemplos de homens que durante um período de suas vidas falharam nesse ponto e tiveram que sofrer consequências dolorosas e desagradáveis. O patriarca Noé se excedeu no uso de vinho, embriagou-se e experimentou uma situação um tanto constrangedora dentro da sua própria família, o que fez com que ele fosse obrigado a proferir uma maldição sobre um dos seus próprios filhos. E caso de Esaú que se deixou dominar pelo seu estômago, pois para saciar a sua fome foi capaz de trocar a sua benção da primogenitura por um prato de comida. Não nos esqueçamos de Davi o maior rei que nação de Israel conheceu, também nos deixou um exemplo negativo nessa área, porque houve um dia que em o rei colocou os seus olhos em uma mulher e ficou fascinado, mesmo tendo tomado conhecimento que ela já pertencia a outro homem, ele não se conteve, pois ele se permitiu dominar pelo seu apetite sexual. Os que conhecem a história sabem que esse ato teve conseqüências desastrosas. Mostramos então, um que não teve domínio na bebida, outro na comida e outro no sexo, porém quero acrescentar Saul que foi destruído pelo seu amor extremado pelo poder e exclusividade pessoal. Saul começou bem, porém, a nova situação como líder do povo hebreu fez com que algo se modifica-se no seu interior, e então ele passou desenvolver sentimento de "Megalomania", passou a se achar "o cara". Todavia, a aparição de Davi e suas grandes vitórias que fez com ele conquistasse a admiração do povo, fez aflorar na alma de Saul uma esquisofrenia que já esta em processo de desenvolvimento há muito tempo, e que ele não foi capaz de controlar, e por isso foi derrotado e terminou morto. Já inicio da história bíblica no livro de Gênesis, em decorrência do caso de Caim e Abel, que Deus tem nos avisado na sua palavra "... o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar." palavra do Senhor em Hebreus nos diz que toas essas coisas foram escritas para o nosso ensino, portanto, cabe a nós nos apropriarmos destes exemplos como um meio de nos prevenir

ORIENTAÇÕES PARA EXERCERMOS A TEMPERANÇA

Em provérbios 16.32 diz "Melhor é... o que domina o seu espírito do que o que domina uma cidade" O domínio próprio é o verdadeiro amor a si mesmo. Aquele que respeita a si mesmo, que considera seu corpo um templo do Espírito Santo, exercerá controle sobre seus impulsos. A verdadeira temperança é controle sobre cada fase da vida, e não apenas sobre o alimento e bebida. Temperança significa autocontrole completo. Significa controle sobre a ira, paixão carnal, apetites, desejo de prazeres mundanos e egoísmo. Antes de poder governar uma cidade, comunidade, clube ou nação, o indivíduo precisa primeiro ser capaz de governar seu próprio espírito. Aprendamos com apóstolo Paulo, atentemos para o seu ensino sobre o assunto: "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. Os alimentos são para o estômago, e o estomago para os alimentos: mas Deus destruirá tanto estes como aqueles. Porém o corpo não é para a impureza, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. Deus ressuscitou ao Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder". (I Co 6.12-14).

O AUTO-DOMÍNIO DOS RECABITAS

O texto base da lição em foco, Jeremias 35. 1-19 , aborda sobre um povo denominado Recabitas que vivia no meio de Israel. Tratava-se de uma tribo de queneus, o chefe chamava-se Jonadabe. filho de Recabe, que lhes ordenou absterem de vinho e de toda bebida que pudesse embriagar, a não possuirem habitações fixas, a não plantarem vinhas, e viverem em tendas. O profeta Jeremias provou a fidelidade destagente, pondo diante deles taças cheias de vinho, que eles recusaram. Por isso, Deus prometeu que nunca faltaria varão da estirpe de Jonadabe que estivesse todos os dias na sua presença.

Quando atentamos para o fato da importância que era dado ao vinho na cultura judaica, percebemos ainda mais o valor e a nobreza da atitude dos recabitas. Seria como alguém viver Brasil e não se permitir ter nenhum vínculo com futebol, mesmo em época de copa do mundo. Provavelmente eles eram constamente pressionados por diversas circunstâncias a abdicarem de suas tradições, mas ao invés de cederem aos costumes de uma cultura, esse povo deu uma grande demonstração de auto-controle, não cedendo em momento algum, mas preservando os ensinos que receberam do seu principal lider. No texto citado acima observamos que Jeremias utilizou esse povo para dar uma lição ao povo de Judá, enquanto os recabitas era um povo que se destacava pela extrema fidelidade ao seu líder, Judá se destacava pela desobediência e rebeldia. O próprio Deus fez questão de dar um destaque especial a auto-disciplina desse povo, e grande parte desse mérito é atribuido a Jonadabe seu líder. Existe um ditado que diz "o povo é cara do seu líder", e parece que isso tem sido verdade, tanto no sentido positivo como negativo. Provavelmente Jonadabe era um exemplo de temperança, auto-dominio, e sua ética era compatível com o seu discurso. Nos tempos hodiernos estamos enfrentando uma crise identidade, porque o discurso tem se distanciado da prática. Estamos perdendo as referências, pois constantemente descobrimentos que alguns homens pelos quais tinhamos uma certa admiração, são pessoas que se deixaram dominar pela ambição, desejo incontrolável pelo poder, popularidade, vaidade pessoal, etc. Em muitos casos o descontrole é tão grande que se perde a noção do valor koinonia, pois observamos um bombardeio de críticas e acusações pejorativas, e na verdade ambos os lados estão pensando nos seus interesses. Existem igrejas e instituições evangélicas nesse pais que não suportam uma rápida auditoria fiscal, porque alguns líderes não conseguem se controlar e usam indevidamente aquilo que não lhe pertence. Como Essas pessoas querem falar de doutrina, se a própria instituição que está sob a responsabilidade deles é um "saco de gato", porque não dizer um "covil".

CONCLUSÃO.

Tendo em vista possuirmos livre arbírtrio, as nossas ações não são programadas nem determinadas por Deus, temos liberdade para escolhermos o caminho que queremos seguir, porém, a bíblia diz que existem muitos caminhos que parecem levar a algum lugar, mas o fim deles é a morte. Olhando por esse ângulo entendemos como essa virtude do fruto do Espírito, a Temperança, é de vital importância para as nossas vidas, pois constantemente estamos sendo convidados para nos alimentarmos com "os manjares do Rei", e isso pode ser muito tentador, porém se exercermos o auto-controle vamos perceber que é melhor ser amigo de Deus, como foi Daniel, do que ser amigo do "Rei" , pois com o Senhor temos muito mais a ganhar.

O CULTO NO NOVO TESTAMENTO.

As mudanças do culto no novo testamento só foram realizadas com o estabelecimento oficial do cristianismo em contraste com o judaísmo. No tempo de Herodes, o grande, filho de Herodes Antipatro, a quem Júlio César, imperador romano, no ano de 47 a.C., escolheu para governar a Judéia. Herodes, o grande, anunciou a construção de um terceiro templo em Jerusalém. Sacerdotes, especialmente treinados, foram designados para acompanhara as etapas desta construção, a fim de terem a certeza de que o novo templo estaria de acordo com a planta dada a Moisés.

Durante as perseguições e exílios de Israel, muitos dos judeus estavam muito distantes de Jerusalém para cultuarem. Mas eles não deixaram de cultuar e estabeleceram os cultos nas sinagogas locais. Os cultos então, nos tempo de Jesus eram realizado nas sinagogas e no templo. Jesus e os apóstolos participaram de ambas (Mt: 4.23; 23.6; 23.1; 12.6; At: 15.21; 17.17; 26.11). No templo eram realizadas as festas mais importantes em Israel, e todo o ritual de sacrifícios mosaicos. Nas sinagogas eram realizados os cultos no dia de sábado, estudo da lei, orações, leituras dos profetas e as bênçãos.

Com a ascensão de Cristo, os cristãos tomam uma nova postura no sistema de culto. Eles trocaram as sinagogas judaicas pelo templo e pelas casas dos crentes. Em todo o novo testamento tem-se uma infinidade de textos que demonstram estas reuniões (Lc: 24.53; 2.46; 5.42; 20.7,8; I Co: 16.19; Fl: 2).

Enquanto que no judaísmo o local, e o ritual eram extremamente seguidos, na nova aliança uma outra roupagem revestiu o culto cristão.

Tem-se uma passagem clássica quanto a ordem de culto no novo testamento. Em conversa com a mulher samaritana (Jo: 4), Jesus descreve as diretrizes diferenciadoras do culto cristão. Esta nova ordem deveria ser seguida por todos os cristãos e em todas as épocas.

Jesus encontra a mulher samaritana junto ao poço. Ele lhe oferece água viva, a qual ela deseja. Mas Jesus traz a tona alguns problemas que ela estava enfrentando nos seus dias: já tivera cinco maridos, e o que agora estava vivendo não era o seu. Ao ouvir isto, ela muda totalmente o foco da conversa, e passa da moralidade para a religião, perguntando se o lugar certo para a adoração era em Samaria ou Jerusalém (Jo: 4.20). Jesus inicia sua resposta afirmando que dias chegariam que nem naquele monte, nem em Jerusalém o pai seria adorado. Apesar disto Jesus se alinha aos judeus dizendo que eles adoram o que não conhecem; nós (os judeus) adoramos o que conhecemos, por que a salvação vem dos judeus (Jo: 4.22). Nestes aspectos, pode-se tirar a conclusão de que conhecimento conta na hora do culto. Os samaritanos, e por implicação todo o povo, precisam olhar para os judeus, em particular para o livro dos judeus (velho testamento), a fim de aprenderem como adorar a Deus. Então Jesus repete a substância do verso 21 acrescentando: “mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o pai em espírito e em verdade; Deus é espírito, e importa que os verdadeiros adoradores o adorem em espírito e em verdade”. (Jo: 4.23,24).

Jesus, neste texto, acaba com todo o ritual do velho testamento em centralizar a adoração em lugares e coisas. Ele está marginalizando o aspecto exterior e está dando importância ao interior. Se o lugar não tem mais importância, todo o sistema está ultrapassado. Em Jerusalém ficava o templo com os sacerdotes, o altar e os sacrifícios. Contra todas estas formas exteriótipas e tipológicas da verdadeira adoração, surge um novo pacto de adoração que é agora oferecido em ‘espírito e em verdade’. Isto significa que, por Deus ser espírito, a adoração deveria ser realizada no coração, espírito e motivações corretas (em espírito), e estar de acordo com a revelação divina (em verdade). Isto implica dizer que, na adoração, há o lado do coração e o lado do conteúdo, da forma. Ambos são inseparáveis e necessários. Simplesmente não interessa apenas sinceridade, mas a forma de expressão é um item necessário. Vários exemplos de sinceridade são demonstrados em toda a bíblia em relação à adoração, mas muitos deles foram reprovados (Gn: 4. 2 – 7; I Rs: 18.25 – 29).