Os milagres são uma realidade histórica, eles estão presentes em todas as épocas, registrados de maneira indubitável para o nosso conhecimento. A história do homem do homem está ornamentada com feitos extraordinários. Os milagres nunca cessaram, isto é reconhecido quando analisamos a história de uma forma geral, e a vida da igreja de modo específico, Igreja primitiva, Medieval, Reformada, Moderna, e Contemporânea, mostram-nos milagres. É verdade que eles não aconteceram uniformemente, aconteceram de formas diferentes, com maior ou menor intensidade em alguns lugares e outros não. E mesmo nos lugares onde aconteceram com maior intensidade, posteriormente cessaram, mas surgindo em outros lugares. Cremos que os milagres são atos extraordinários de Deus, intervindo na história para auxiliar o seu povo, em tempos de dificuldades, em perseguições, na pregação do Evangelho. Embora existam certos períodos de relativa ausência, isto se deve ao uso soberano da própria vontade de Deus, que é segundo Seu propósito. Por ISS não devemos limitar os milagres a épocas passadas, pois ao fazê-lo limitamos também os atos extraordinários de Deus. Embora muitos queiram afirmar que o mundo mudou também em relação aos milagres, e que estes são mais necessários, temos dificuldades históricas para sustentar tal afirmação. As atitudes em relação ao sobrenatural continuam as mesmas, por parte do homem sacrifícios são oferecidos aos demônios, de modo semelhante ao que contemplamos na história da igreja primitiva, sangue e animais são oferecidos em sacrifícios idólatras, existe uma busca contínua ao sobrenatural. Embora as pessoas sejam diferentes as atitudes são as mesmas, existem algumas diferenças é verdade! Mas também muitas semelhanças. Historicamente, os milagres estão presentes em todas as épocas. Na atualidade eles também estão presentes. Se não estão presentes em todos os lugares, se não acontecem diariamente, se não acontecem diante dos nossos olhos, não podemos negar a relevância do testamento histórico, não podemos negar a história, não podemos negar os milagres.
A TEOLOGIA E O MILAGRE
Apesar de um assunto que envolve questões etimológicas, terminológicas e cientificas, o assunto "milagre"é um assunto essencialmente teológico. As teologias sistemáticas não lhe atribuem relevantes destaques. O assunto milagres absorve apenas pequenos tópicos nas teologias sistemáticas. Na teologia dogmática os milagres recebem destaque apenas na teologia de Tomáz de Aquino. Como parte da teologia de forma integral envolve a teologia própria, a cristologia, a antropologia e a pneumatologia. Os período em que encontramos a maior parte dos escritos sobre milagres são: o período de Agostinho, o grande teólogo da Patrística, que viveu entre os anos 354-430 d.C. no norte da África. Neste período, encontramos nos escritos, deste teólogo pai da igreja, a mais completa opinião sobre milagres. Agostinho opina sobre a quase totalidade dos temas polêmicos sobre milagres. Estudar o pensamento de Agostinho sobre milagres é dos mais deslumbrantes assuntos da teologia desse período. O segundo período onde encontramos outra quantidade considerável de escritos sobre milagres é o final do Século Dezenove e o princípio do Século Vinte. Nesse período surgiram os mais famosos escritos sobre o tema "milagres". J>B. Mosley, B.B. Warfield, Johannes Wendland são teólogos reformados que nos deixaram muitos escritos sobre milagres. Estes trabalhos teológicos responderam às necessidades da época, mas novos fatos foram acrescidos à vida a igreja; o movimento pentecostal cresceu, surgindo inúmeros movimentos cuja a ênfase principal é o milagre, o mundo decepcionado com o fracasso da ciência, em oferecer-lhe plena satisfação espiritual, volta-se para o misticismo. O desafio cresceu, continua, urge a necessidade de esclarecimento bíblico correto, a necessidade de uma perspectiva sobre os milagres para os nossos dias.
DEFINIÇÃO TEOLÓGICA DO TERMO MILAGRE.
Temos aqui as definições apresentadas por famosos biblicistas: A. Kuipper. "É a vida interpretando energia de Deus, quebrando todas as posições em face das desordens trazidas". Para Baker, "É um fenômeno efetuado por Deus, que arrastae desvia a sequência natural". Já o teólogo Shaffer diz"É o que osbrepassa o mundo físico, o conhecimento humano e poderes morais e, portanto, demonstra a agência do sobrenatural". E por fim temos Tomaz de Aquino "O nome de milagre vem de admiração. Tal qual surge ante a presença de efeitos cujas causas são desconhecidas".
Estas posições refletem influências filosóficas sofridas pelos respectivos autores em suas teologias. Expressões como "Violação das leis naturais" demonstram uma influência típica, do supranaturalismo, servindo servindo de um bom exemplo. Agostinho, por exemplo, discordava desta posição e argumentava contra a definição partindo do princípio de que Deus não precisa quebrar as suas próprias leis para realizar algo extraordinário, pois se assim o fizer está estabelecendo um princípio de desordem no mundo. A idéia de uma lei superior é característica da influência da terminologia presente na cultura enciclopedista do Século Doze onde predominavam as definições etimológicas, porém a definição etimológica grega, usada por Aquino PE incompleta. O milagre é mais do que espanto. É notório ainda que, estas definições históricas desconhecem o elemento espiritual, aludido pelos teólogos contemporâneos como milagre e de merecido destaque, pois, segundo Tomaz de Aquino, as transformações espirituais são os milagres. Na realidade, o tempo acrescentou novos elementos, o avanço semântico o termo exige uma nova definição que possa ser mais abrangente e completa. Portanto, definimos o milagre como: "Uma intervenção sobrenatural".