sexta-feira, 27 de agosto de 2010

JESUS – O CUMPRIMENTO PROFÉTICO DO ANTIGO PACTO - Lição 9

A palavra "Pacto" é a tradução literal do termo hebraico "BERITH", cuja a derivação é incerta, contudo o sentido mais certo é de "ATAR" (da palavra assíria "BERITU". Um pacto é, então, um compromisso ou ligação que cria novas relações antes inexistentes entre duas partes. Tem força de lei e pode ser bilateral ou unilateral. Quando Deus estabelece um pacto com o homem, impõe sua vontade em forma de ordenanças transformando o "Berith" (pacto) em "choq" (estado de ordenança), Ex 34.10; Is 59.21; Jr 31.36. Isto nos leva a concluir que o significado exato de "BERITH" não depende da etimologia da palavra, mas das parte envolvidas. Teologicamente, o pacto é em si o fundamento sobre o qual está edificada a doutrina da salvação. Sem ele não haveria a redenção do homem: "tão grande é a distância entre Deus e a criatura, que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência como seu Criador , nunca poderiam fruir nada dele, como bem-aventurança e recompensa, senão por alguma voluntária condescendência da parte de Deus, a qual agradou-lhe expressar por meio de pacto". O pacto é, portanto, o plano de Deus e a garantia para o cumprimento da redenção do pecador.

As páginas do Antigo nos ensinam sobre os primeiros estágios da Revelação progressiva do Senhor, após a queda espiritual dos primeiros seres criados, Adão e Eva, Deus estabeleceu um projeto redentor para restaurar o homem e torná-lo em condições de poder estar novamente na sua presença. Porém, para que as pessoas pudessem crer e compreender os fundamentos da obra salvadora de Deus que tem seu ápice em Jesus Cristo, Ele utilizou a Lei (o antigo pacto), como um canal para transmitir através das gerações os vários aspectos que envolvem esse projeto redentor como também proporcionar uma auto-revelação do próprio Ser Divino. Portanto, podemos afirmar que qualquer pessoa que crer em Deus e na bíblia como a palavra divina, pela fé perceberá a harmonia que existe entre o Antigo e Novo Testamento, sendo o primeiro uma planta baixa do segundo. Sobre isso Paulo nos diz: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei" Gálatas 4.4. O tempo aqui não é "kronos" e sim "kairós", pois "kronos" é o tempo do homem , porque é o tempo quantitativo, enquanto Kairós é o tempo de Deus porque é o tempo qualitativo, apropriado. Sendo assim fica claro que A lei era o desdobramento do processo revelatório que haveria de atingir a sua plenitude em Jesus Cristo, que não somente cumpre todas as promessas do Antigo Testamento como também nos revela a essência do Ser de Deus conforme estar em Colossenses 2.9 "Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade", e ainda em Hebreus 1.3ª está escrito: "O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa...". Foi com base nessas afirmações que no Cap. 14 do Ev. de João quando Filipe disse: Senhor mostra nos o pai, Jesus lhe respondeu "tenho estado a tanto tempo com vocês, porém, vocês ainda não me conhecem". Em Jesus Cristo temos a conclusão da revelação progressiva do Senhor, o próprio Jesus deixou claro quando disse: "pai está tudo consumado". Os judeus do antigo testamento viviam na expectativa da promessa de um libertador, o Messias, isso é enfatizado por Jó que no auge do seu sofrimento ao se apegar a essa esperança "Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra" Jó 19.25. Todavia, a maioria da nação judaica permitiu que suas expectações humanas ofuscassem a visão espiritual, e por isso não foram capazes de reconhecer a Jesus como aquele que fora enviado por Deus, o redentor tão esperado por Jó e todos os demais.

No cap. 3 de Atos Pedro utiliza o texto de Deuteronômio 18.18,19, onde Deus promete suscitar um profeta semelhante a Moisés. Está era uma pergunta que as pessoas tinham em mente quando perguntaram a João Batista se ele era "o profeta" (Jo 1.21, 25). Alguns acham que Deuteronômio indica um cumprimento parcial em Josué (Um homem em está o espírito; Nm 27.18), Samuel e a linha dos profetas do antigo testamento. Mas não há dúvidas que o cumprimento foi em Jesus. De que modo Jesus foi semelhante à Moisés? Deus usou Moisés para apresentar o antigo pacto; Jesus apresentou o novo pacto. Moisés guiou a nação de Israel para fora do Egito e conduziu os israelitas ao Sinai onde Deus os chamou para si mesmo (para uma relação de pacto consigo mesmo, Êxodo 19,.4). Jesus tornou-se no novo e vivo caminho pelo entramos na santíssima presença de Deus. Moisés deu ordem a Israel para sacrificar um cordeiro; Jesus é o cordeiro de Deus. Moisés foi usado por Deus para operar grandes milagres e sinais; Jesus operou muitos milagres e sinais, mas os sinais de amor eram muito mais que os de julgamento. O livro de Hebreus 3.3-6 proclama essa superioridade de Cristo. Moisés advertiu as pessoas de que seriam excluídas se não recebessem e não obedecessem esse profeta. Assim, embora Deus seja bom, há uma penalidade para os que não se arrependem. Pedro enfatizou o significado da advertência de Moisés. Serão destruídos dentre o povo. Isto é, Deus não destruirá o seu povo como um todo, mas indivíduos podem perder-se.

Como já foi afirmado aqui, Jesus era o Messias prometido à nação de Israel : "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam." João 1.11. E como tal Ele era cumprimento do Antigo Pacto, como o próprio Jesus afirmou: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.", isto não significa que Jesus estava em submissão as ordenanças, mas que nele foram cumpridas todas as exigências de Deus para o estabelecimento de um novo pacto, conforme diz Paulo na carta aos Romanos : "Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê." (Rm 10.4). Muitas pessoas têm levantado a questão se o próprio Jesus pensou de si mesmo como Messias. Sem dúvida que sim, As narrativas que se referem ao seu batismo e a sua tentação no deserto seriam sem sentido sobre qualquer outra presunção. O ponto quanto às tentações se baseia na questão sobre que espécie de Messias seria ele - um Messias segundo a ordem das expectativas populares, isto é um messias político, militar e nacionalista, ou um Messias espiritual, que tomaria a peito fundar um reino espiritual por meios espirituais, mesmo à custa do sofrimento e morte. É verdade que Jesus não pressionou suas pretensões como o Messias perante os discípulos; ele esperou que eles por si mesmos vissem algumas coisas. Quando porém, chegou a oportunidade, ele alegremente acolheu a confissão que eles fizeram dele como Messias. . Talvez não seria demasiado forte dizer que ele ansiosamente arrancou deles a confissão logo que o tempo amadurecera para isto. O sentido da entrada triunfal em Jerusalém, no encerramento do seu ministério, era que Jesus estava final e definitivamente se oferecendo a seu povo como seu Messias - não um Messias militar, mas um Messias manso e humilde, cavalgando um jumento.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO HISTÓRICO-GRAMATICAL

Conforme o Dr. Louis Berkhof a renascença foi o marco inicial para que se desenvolve-se uma hermenêutica voltada para uma análise aprofundada dos textos sagrados. “A Renascença chamou a atenção para a necessidade de se recorrer ao original” (Berkhof, Louis. 1981). Na Europa, o empenho de dois homens, Reuchlim e Erasmo contribuíram grandemente para o desenvolvimento da interpretação gramatical das escrituras, tanto incentivando como publicando dicionários e gramáticas que vieram a facilitar os demais que procuravam trabalhar a interpretação das escrituras através do estudo dos originais.

O trato dos reformadores para com a Bíblia, principalmente no tocante ao fato de que aceitavam a mesma como a Palavra de Deus inspirada.

O método de interpretação de Lutero, consistia na rejeição ao método alegórico, pois o mesmo, só admitia o sentido literal das escrituras. Também procurou enfatizar o contexto e as circunstâncias históricas.

As características acima constituem a base da Hermenêutica da Reforma. Atentemos para a afirmação do Dr. Augustus Nicodemus “havia uma preocupação com o sentido óbvio, claro e simples da passagem e em resgatar as escrituras de uma interpretação alegórica. Os reformadores ensinavam que cada passagem das escrituras tem um só sentido, que é literal – não ser que o próprio contexto ou outro texto das Escrituras requeiram claramente uma interpretação figurada ou metafórica. Lutero constumava-se referir-se às alegorias dos escolásticos em termos como “fábulas nojentas”. Lutero recebeu uma grande ajuda de Melancton, o qual possuía muito conhecimento das línguas originais da escritura Sagrada. Melancton foi grande interprete da Bíblia. Segundo Berkhof, sua exegese era definida pelos seguintes pricípios: a) as Escrituras devem ser entendidas gramaticalmente antes de o serem teologicamente; e b) as Escrituras têm apenas um simples e determinado sentido.

O consenso que encontramos entre os estudiosos é que Calvino foi o maior exegeta da Reforma. Os princípios básicos da exegese de Calvino os utilizados por Lutero e Melancton, sendo que ele foi mais profundo de todos interpretes da Reforma. Calvino considerava como o dever fundamental de um interprete, que deixasse que “o autor diga o que realmente diz, ao invés de lhe atribuir o que pensamos que devia dizer” ( Cit. Berkhof, 1981).

A INTERPRETAÇÃO HISTÓRICO-GRAMATICAL COMO MÉTODO EXCLUSIVO DOS PRINCIPAIS REFORMADORES.

“A Reforma protestante foi em sua raiz um evento do domínio da hermenêutica. Para todos os assuntos da psicologia pessoal e social, da economia, da política e da mudança cultural, bem como da prática eclesiástica e litúrgica do fim da Idade Média, a Reforma (luterana e calvinista) oferecia uma correta interpretação do que a Bíblia queria dizer por graça.” ( Edward A. Dowey Jr. 1983). A tradição reformada têm confirmado o trabalho hermenêutico que foi iniciado pelos grandes reformadores, através das resoluções de seus concílios, os quais têm procurado preservar os princípios hermenêuticos estabelecidos com a reforma. “A esse respeito é muito interessante o capítulo segundo da Segunda confissão Helvética, intitulado, ‘Da interpretação das Escrituras sagradas, dos Pais Apostólicos, dos Concílios e das Tradições’. Este notável capítulo focaliza tanto o lado técnico da exegese como o movimento da história (pais, concílios e tradições) em que a Igreja vive como intérprete da Escritura. A necessidade de interpretação é tida como evidente em si mesma, juntamente com a necessidade de decisão entre interpretações rivais. O objetivo é o significado natural ou genuíno derivado das próprias Escrituras, exposto e aplicado à vida contemporânea.” ( Edward A. Dowey Jr. 1983).

A proposta exegética dos reformadores foi um tanto revolucionário para contexto polítco-religioso do século XVI. Lutero, Calvino, Melancton e outros procuravam enfaticamente chamar atenção para uma atividade hermenêutica voltada para o estudo das escrituras nas línguas originais, a análise do contexto cultural e as circunstâncias históricas, como também a comparação entre passagens semelhantes e diferentes, mais claras e obscuras. Grande oposição. “Se tal aplicação de técnicas de análise literária humanista ao texto da Escritura parece simples no século XX: O Concílio de Trento já havia canonizado a Vulgata Latina e condenado qualquer interpretação ‘contrária ao sentido que a santa Madre Igreja – a qual deve julgar o verdadeiro sentido e interpretação da sagrada Escritura”. ( Edward A. Dowey Jr. 1983).

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

JOÃO BATISTA - O ÚLTIMO PROFETA DO ANTIGO PACTO

Se multiplicam diariamente as pessoas assumem o título de profeta, fato já previsto pelas Escrituras Sagradas. Porém, a bíblia nos afirma categoricamente que o ministério profético foi encerrado com João Batista, portanto qualquer que afirme ser profeta terá justificar o sentido do uso do termo. Se alguém se diz profeta por ter exercido o Dom Profético com certa freqüência, eu diria que nesse plano todos os cristãos são profetas, pois, ninguém possui Dom Profético, porque os dons foram dados a igreja e não a indivíduos especificamente. Qualquer crente em comunhão com o Espírito Santo poderá ser usado por Deus com a manifestação de qualquer dos dons espirituais, conforme descritos nas epístolas de Romanos cap 12 e I coríntios 12. Por outro lado, se alguém também se auto-proclama profeta porque é um pregador da palavra de Deus, nesse sentindo também, qualquer cristão fiel a Deus poderá ser profeta, desde que se dedique a pregação da Palavra do Senhor. A verdade é que muita gente está reivindicando o "status de profeta" como uma forma de conquistar espaço e privilégios no meio do povo Deus e no mundo secular. Todavia, esses não passam de falsos profetas, cujo o ministério não cessou no tempo de João Batista, mas perdura até os dias atuais. João Batista defendia um principio, o qual eu costumo chamar de a "filosofia do Batista", o qual é bem definido pela frase "importa que Ele cresça e eu diminua", muitos querem ostentar o Status de profeta semelhante ao de João, porém, não estão comprometidos o esse princípio de auto-renuncia, que se configura na disposição para exercer um ministério de dores e sem privilégios, cujo o único objetivo é a Glória do Senhor.

João Batista foi o precursor de Jesus, enviado para preparar-lhe o caminho. João descendia de pais crentes piedosos e pertencia a uma geração sacerdotal, tanto por Isabel como por Zacarias, ambos descendentes de Arão, Lc. 1.5, ao mesmo tempo Isabel era prima de Maria , mãe de Jesus, que pertencia da Tribo de Judá. Estando Zacarias no exercício de suas funções sacerdotais, oferecia o incenso no templo de Jerusalém, anjo Gabriel apareceu-lhe para anunciar que ele seria pai de um filho que se chamaria João, que seria nazireu como Sãnsão e Samuel, que seria cheio do Espírito Santo, desde o ventre d sua mãe e que viria preparar o povo para o Senhor. Lc 1.8-17. João nasceu no ano 5 a. C. Passou os primeiros anos no deserto, perto de sua casa ao Ocidente do Mar Morto. No Ano 28 a. D. apareceu a pregar no deserto do Jordão. Começou anunciando uma nova dispensação, proclamando a vinda de um novo reino, O Reino de Deus e o batismo com o Espírito Santo, Mt 3.2,11, a fim de preparar o povo para receber a Cristo e mostrar que Ele era a união entre a antiga aliança e a nova aliança, como Cordeiro de Deus. Falava com clareza e grande fervor à enorme multidão que, de toda parte afluía para ouvi-lo. Insistia sobre a necessidade de pronto arrependimento, porque o Reino de Deus estava próximo. Os penitentes, depois de confessar os pecados, eram por ele batizados no Jordão, e por isso ficou conhecido como João Batista, que também tinha propósito de distingui-lo de vários outros homens com o mesmo nome "João". João batizava pecadores arrependidos, porém, ele estava consciente que não tinha poder para perdoar pecados, pois ele falava de outro profeta que viria após Ele, este sim teria o real poder para perdoar pecados como também para proporcionar o Batismo com o Espírito Santo. Ao comparar-se com Jesus, João disse: "Não sou digno de desatar a correia de das sandálias Dele". Mt 3.5-12. O ministério de João foi curto , mas o efeito foi enorme. Afinal pelo fim do ano 27, ou princípios de 28 a.D foi posto na prisão por haver denunciado a ilegitimidade das relações de Herodes o Tetrarca com a mulher de seu irmão Filipe, Lc 3.19,20. Quando se achava detido, entrou dúvida sobre o valor dos métodos de Jesus para o adiantamento de sua obra, e talvez, sentindo-se abandonado e esquecido, enviou dois dos seus discípulos a Jesus para saber se era ou não o Messias prometido. Em resposta , Jesus apelou para o testemunho das suas obras.Tendo em vista a presença de alguns partidos, Jesus aproveitou a oportunidade para dar um testemunho sobre a pessoa de João Batista. Mt 11.2-15. João era o maior de todos os profetas, por ter o privilégio de preparar o povo para o aparecimento de Cristo e apresentá-lo como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O ódio da adúltera Herodias foi a causa da morte de João Batista. Ela persuadiu sua filha, que havia agradado a Herodes, dançando em sua presença e da sua corte, a pedir a cabeça de João a qual lhe foi dada. O corpo decapitado de João, foi em seguida tomado pelos seus discípulos que lhe deram sepultura. Josefo atribuiu a morte de João Batista ao ciúme de Herodes, devido à sua grande influência entre o povo. Diz também o escritor judaico, que a derrota do exército de Herodes na guerra contra o rei Aretas, que se deu logo depois, foi considerada como castigo divino por causa da morte de João. Diz ainda o historiador Josefo que o lugar onde esteve preso o Batista e onde foi decapitado é a fortaleza Maquereus que agora se nomeia por Makaur (Antg. 18.5,2). Esta fortaleza achava-se situada nas montanhas da parte oriental do Mar Morto.

UMA BREVE ANALOGIA ENTRE JOÃO BATISTA E OS PROFETAS ELIAS E JEREMIAS

O profeta Malaquias anunciou a vinda de Elias, antes do grande e terrível dia do Senhor, para converter o coração dos filhos a seus pais. Embora os Kardecistas insistam em dizer que João era a reencarnação de Elias, ele próprio negou com muita veemência que não era Elias em pessoa, Jo 1.21; definiu a sua missão e os seus característicos, citando simplesmente Is 40.3. Porém, ele veio no espírito e poder de Elias, Ml 4.5,6; comp. Lc 1.17, era o mensageiro enviado para aplainar o caminho do Senhor diante de Cristo, Ml 3.1 comp. Mc 1.2. Jesus aplicou essas predições a João Mt 11.10, 14 ; 17.12, 13. Havia semelhanças entre os dois homens até no modo de vestir, que pela simplicidade e rudeza simbolizava o desprezo do mundo com os seus refinamentos; as maneiras e os hábitos de vida eram próprios a homens que viviam nos desertos e não nos palácios dos reis, 2 Rs 1.8 ; Mt 3.4; 11.8 ; Mc 1.6. Assim como Elias enfrentou ao Rei Acabe (I Rs 18.17,18), denunciando o pecado e a corrupção desse soberano, João Batista também não se omitiu e protestou contra o pecado e desmandos das autoridades de sua época. Por causa de seus enfrentamentos e suas mensagens contundentes, ambos foram sistematicamente perseguidos, se sentiram um pouco desolados e abandonados, porém, foram consolados e confortados pelo Senhor.

Jeremias e João Batista , é interessante observarmos alguns pontos de semelhança entre esses dois profetas. Nascidos para ser sacerdotes, ambos foram chamados para ser profetas. Muitas pessoas se tivessem a opção para escolher entre os ofícios, provavelmente escolheria ser sacerdote, pois o sacerdote tinha uma tarefa menos árdua, ele podia cumprir sua tarefa sem jamais prestar atenção às noticias do dia, mas não profeta. Esse tinha de saber o que estava acontecendo. O sacerdote possuía segurança; o profeta era vulnerável. O sacerdote podia calar-ser; o profeta tinha de entregar a mensagem de Deus, quisesse o povo ouvi-la ou não. O principal dever do sacerdote era preservar o passado e proteger a situação do momento. Mas o dever do profeta era interpretar o presente à luz do passado e então dar uma orientação que ajudasse garantir o futuro. João Batista e Jeremias desafiaram a situação do momento. Ousaram anunciar que Deus estava produzindo abalos e preparava-se para fazer mudanças! As pessoas que desejavam uma religião confortável não reagiram de bom grado a esse tipo de mensagem. O profeta precisa ter uma postura radical quando estão em jogo os princípios absolutos de Deus, e assim agiram esses dois profetas, pois estavam conscientes que a função do profeta é atingir a raiz dos problemas e solucioná-los. Foi por isso que João clamou: “Já está posto o machado à raiz das árvores” (Mt 3.10); e foi por isso que Jeremias denunciou os falsos profetas que aplicavam o bálsamo quando deveriam ter realizado a cirurgia (Jr 6.13,14).

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A ÉTICA A FÉ E A CRÍTICA

O QUE É ÉTICA?

A palavra Ética vem do grego ethos, que significa costume, disposição, hábito. No Latim, vem de mos, com o significado de costume, uso, regra. É a teoria da natureza do bem e como ele pode ser alcançado. Mostra o que é bom, mau, certo ou errado; o que deve ou não dever ser feito. Em resumo: “A Ética é a conduta ideal do indivíduo. Desta forma podemos definir a ÉTICA CRISTÃ – Como o conjunto de regras de conduta aceitas pelos cristãos, tendo por fundamento a Palavra de Deus.

ABORDAGEM ÉTICAS

ANTINOMISMO – É a falta de normas. Tudo depende das pessoas, das circunstâncias. Subjetivista: cada um faz o que entende ser o melhor sob um ponto de vista (Jz 17.6; 21.25).

GENERALISMO – Aceita normas, mas elas não devem ser universais. Baseia-se no utilitarismo. As normas só têm valor dependendo do resultado de sua aplicação. “Os fins justificam os meios”

SITUACIONISMOÉ um meio-termo entre o Antinomismo e o Generalismo. O primeiro não tem regra nenhuma; o segundo tem regra para tudo, mas elas não universais. O Situacionismo só tem uma regra: a do amor. Segundo eles, baseiam-se em Cristo, que resumiu a Lei (normas) numa palavra: amar a Deus e ao próximo (Mt 22.34-40). Mas admitem certas condutas discutíveis à luz da Bíblia. Ex: O adultério para salvar a família da fome.

A ÉTICA CRISTÃ

a) Sua base – As diversas visões filosóficas da Ética podem confundir. Entretanto, o cristão deve basear-se na Palavra de Deus para fazer o que é certo e deixar o que é errado. É a nossa regra de fé e prática. É o código de regra do cristão, especialmente do líder cristão. Á ética cristã não depende da situação, dos meios ou dos fins (Sl 119. 105).

b) A Ética nos Evangelhos – No Sermão da Montanha, encontramos as regras básicas do Reino do Reino de Deus, trazidas por Jesus Cristo. Á Ética do Sermão do Monte e das demais partes do Evangelho é tão elevada que nem mesmo a maioria dos cristão a têm levado à prática.

EXEMPLOS

ü A justiça do cristão deve exceder a dos escribas e fariseus (mt 5.20)

ü Quem somente olhar para uma mulher, pensando em adulterar com ela, já adulterou (Mt 5.28).

ü Só é permitido o divórcio se o cônjuge praticar infidelidade. Outro motivo não tem respaldo nas normas de Cristo (Mt 5.32 19.9).

ü O falar deve ser sim, sim; não, não. O que passa disso é procedência maligna (Mt 5.37).

ü O certo é amar os inimigos, bendizer os que nos maldizem, fazer o bem aos que nos odeiam e orar pelos que nos maltratam (Mt 5.44)

ü Cristo manda que sejamos perfeitos como é nosso Pai que está nos céus (Mt 5.48).

ü Não se deve julgar os outros (Mt 7.1).

ü Só devemos aos homens o que queremos que eles nos faça, (Mt 7.12)

ü Se o irmão pecar contra nós, devemos perdoar sempre, até 70x7 (Mt 18.22).

ü É para dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22.21).

ü Quando o cristão der um banquete (casamento, festa de 15 anos, etc.) não deve convidar os amigos, os irmãos, os parentes, os vizinhos ricos, mas “os pobres, os mancos e cegos” (Lc 14.12-13).

A ÉTICA NAS EPÍSTOLAS

ü Fazer tudo para a glória de Deus (Ico 10.31).

ü Fazer tudo em nome de Jesus, dando gtraças a Deus(Cl 3.17).

ü Fazer de todo o coração, como ao Senhor (Cl 3.23).

ü Fazer o que é lícito e conveniente diante de Deus (I Co 10.23).

ü Não dar escândalo ao mais fraco (I Co 8.9-13).

ü Não fazer nada em caso de dúvida (Rm 14.23).

ü Lembrar que vamos dar contas a Deus as nossas obras ( Rm 13.11-12 Ec 11.9).

ü Evitar aparência do mal (1 Ts 5.22).

UMA ÉTICA PARA A CRITÍCA

CRÍTICA – É a arte de apreciar méritos e deméritos de um desempenho. Objetivo – é permitir o aprimoramento dos desempenhos futuros. A crítica não tem o propósito de destruir o criticado e sim de ajudá-lo a executar tarefas futuras do modo mais eficiente.

PRINCÍPIOS A SEGUIR DURANTE A CRÍTICA

Aceitabilidade – A Crítica deve ser aceita por quem a recebe. Observe alguns pontos que visam facilitar essa aceitação da crítica.

a) Não usemos expressões de caráter pessoal “eu faria assim, faça como eu faço”, etc.

b) Não ridicularizemos nem sejamos sarcásticos. Quem ;e criticado, ao sentir-se ridicularizado, adota uma posição defensiva, impermeável à crítica.

c) Não critiquemos visando a aumentar nosso “cartaz”. Apreciar somente os méritos, deixando de lado os deméritos, pode surtir efeitos oposto

Objetividade – A crítica deve se objetiva. Alguns pontos devem ser observados, os quais visam o objetividade:

a) Não sejamos prolixos. Procuremos ser precisos e concisos em nossas considerações.

b) Não critiquemos pontos relativamente sem importância, deixando de lado mérito e defeitos realmente importantes.

c) Não devemos ressaltar nossa competência à audiência. Não podemos fazer da crítica uma tribuna para nossa sapiência

Oportunidade – É fundamental, ao fazer uma crítica, estar utilizando a oportunidade certa. Para isso devemos considerar três aspectos: ONDE, QUANDO E COMO.

a) Onde fazer a crítica – Deve ser feita em ambiente reservado e próprio, o qual deve ser restrito aos interessados diretamente no assunto.

b) Quando fazer a crítica – deve ser feita o mais cedo possível. Uma crítica tardia pode impedir sua aceitação face a opiniões apresentadas depois do desempenho observado.

c) Como fazer a crítica – Pode ser apresentada de modo verbal ou escrito, ambos os modos possuem vantagens e desvantagens. A Crítica escrita é mais duradoura, reservada e pode representar uma orientação permanente. A crítica oral é mais proveitosa para o grupo, pois todos se beneficiam das sugestões apresentadas.

Participação – A crítica pode ser considerada como um degrau a mais processo da aprendizagem. Por essa razão todos os elementos nela engajados deverão participar ativamente.

APLICAÇÃO – Um fato bíblico que pode ser apresentado como ótimo exemplo de crítica (no sentido que estamos tratando), é o de Jetro, quando se encontra com Moisés e discorda do modo como o povo está sendo atendido em seus interesses ( Êx 18.13,27.). Tal crítica foi realizada conforme aqui conceituada.

Vejamos:

ü Jetro apreciou os méritos e deméritos do desempenho de Moisés (DEFINIÇÃO)

ü Jetro pretendia que o desempenho de Moisés fosse aperfeiçoado (OBJETIVO).

ü Moisés aceitou a crítica (Aceitabilidade)

ü Jetro criticou o que era importante (Objetividade)

ü Jetro criticou Moisés lá onde ele estava, na hora em que observou o problema (Oportunidade).

ü Jetro discutiu o problema com Moisés, e não com outra pessoa qualquer (Participação).

O texto bíblico mostra que a crítica de Jetro alcançou o objetivo de aperfeiçoar o desempenho de Moisés.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

OS FALSOS PROFETAS – Lição 7

A prática do falso profetismo sempre esteve presente através de toda história do povo Deus, pelo fato de ser esta uma ferramenta de manipulação muito eficiente nas mãos daqueles que querem exercer um domínio ilegal sobre o povo de Deus. Tal Assertiva é verdadeira a partir do momento que reconhecemos que na experiência do povo do Senhor, sempre existiram um grande número de indivíduos que negligenciam no exercício espiritual, vivendo um tanto indiferente às realidades divinas, porém, desenvolvendo uma religiosidade que se alimenta muito mais de processos externos do que do conhecimento da Palavra do Senhor, a qual o Espírito Santo utiliza para revelar Deus ao nosso coração. A palavra grega "Koinonia" que tem vem da palavra "koinê" (comum), é traduzida em português por "comunhão", sendo assim devemos entender que ter comunhão com alguém é compartilharmos todas as nossas experiências, é desenvolvermos um relacionamento profundo, estabelecermos uma experiência de mútuo conhecimento. Jesus afirmou que o êxito da nossa fé depende exclusivamente da perfeição da nossa comunhão com Ele. "Se as minhas palavras estiverem em vós, e vós estiverdes em mim, tudo que pedires ao pai em meu nome, vos será feito". A bíblia nos ensina que o Espírito Santo habita em nós, pois todos que creram em Jesus e foram vivificados pelo Espírito, são agora templo e morada do Espírito do Santo. A bíblia ainda diz que este Espírito que Habita em nós assume a tarefa de nos guiar por toda verdade. Diante dessa realidade da promessa de Deus para a vida do cristão, eu pergunto, por que é que tanta gente na igreja ainda se deixa enganar por mensagens proféticas falsas. Algumas pessoas diriam para mim que falta discernimento, e eu até concordo. Porém, essa falta de discernimento é resultado de uma comunhão deficiente com Deus e a sua palavra. Quando conhecemos profundamente alguém jamais outra pessoa tentará se passar por esse alguém para nos enganar, pois sabe que facilmente seria desmascarado . Os falsos profetas se aventuram no meio do povo de Deus porque sabem que existe muita gente que diz conhecer a Deus, mas não O conhece.

Outro questionamento que me faço é, porque não ouvimos a voz do Espírito o Santo que habita na nossa alma, ao invés de sermos dependentes de mediadores que possam nos trazer uma mensagem de Deus. Eu penso que se todos nós tivéssemos os ouvidos da alma atentos ao falar de Deus por meio da sua Palavra e do próprio Espírito Santo que habita em nós, a igreja não teria essa expectativa e nem mesmo a necessidade da manifestação do dom profético. Eu vou ser um pouco mais ousado e dizer que o dom profético se manifesta para suprir a nossa incapacidade de compreendermos as vozes internas e contínuas de Deus na nossa alma. Por isso entendo que as manifestações proféticas na atualidade deviam ter o seu alvo focado muito mais no mundo não cristão, pois esses não possuem o Espírito Santo, e portanto não podem ouvir a voz de Deus em suas próprias almas.

Não creio que o fato de que uma em comunidade existir uma rotina do ato profético, pessoas profetizando em todos cultos, seja sinal de espiritualidade, pois a igreja de Corinto nos mostra o contrário. Na verdade essas situações revelam a falta da palavra de Deus nessas comunidades, falta de espiritualidade, pragmatismo religioso, desequilíbrio psicológico e as vezes muita encenação para manipular as pessoas "em nome Deus".

CONCEITOS BÍBLICOS

"Falsos profetas" são, de acordo com a bíblia, os "pseudo-profetas". No grego "pseudo" significa "falso" e aplica-se ao "falso cristo" (Mt 24.24), ao falso "apóstolo" (2 Pe 2.1). Historicamente, sempre estiveram, estão e estarão na igreja. É por isso que Jesus nos adverte: "Acautelai-vos dos falsos" (Mt 7.15). Os judeus possuíam importantes informações concernentes a falsos profetas. Jeremias, por exemplo, teve problemas sérios com os profetas que diziam: "Paz, paz; quando não há paz" (Jr 6.14). O profeta Ezequiel diz: "os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa para derramarem o sangue, para destruírem as almas e ganharem lucro desonesto. Os seus profetas lhes encobrem isto com cal por visões falsas, predizendo mentiras e dizendo: assim diz o Senhor Deus, sem que o Senhor tenha falado" (Ez 22.27-28). Sofonias apresenta um triste quadro da situação de Israel quando diz: "Os seus profetas são levianos, homens pérfidos; os seus sacerdotes profanam o santuário e violam a lei" (Sf 3.4). O Lobo era, na Palestina, o inimigo natural das ovelhas, assim como o falso profeta é o grande inimigo das ovelhas hoje, na igreja. (Mt 10.16; 10.16; Jo 10.12; At 20.29). Jesus reconhece a existência de falsos profetas. Jesus aplica a metáfora do "lobo com pele de ovelha". Quando um pastor de ovelhas cuidava do seu rebanho em lugares espinhosos, sua vestimenta era um saco de pele de ovelha com lã por dentro e couro por fora. Qualquer um poderia vestir aquela roupa sem contudo ser o pastor de fato. Os profetas usavam uma espécie de capa, pela qual eram reconhecidos. Elias tinha uma que o protegia e o identificava (I Rs 19.13,19). Era uma espécie de uniforme dos profetas (2 Rs 1.8; 2.13-14). Qualquer pessoa, mesmo que não fosse profeta poderia se apropriar indevidamente de uma capa (Zc 13.4).

ASPECTOS DO FALSO PROFETA

Os falsos profetas são mentirosos por natureza, egoístas, irresponsáveis e não cumpridores dos seus compromissos. Jeremias nos diz "Disse-me o Senhor; Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do íntimo são o que eles vos profetizam" (Jr 14.14). Jeremias contrastou-os nestes termos: falsos profetas "...falam as visões do seu coração,..." (23.16), enquanto que os verdadeiros profetas estiveram no "...conselho do Senhor..." (23.18), ouviram a voz de Deus (23.22) e a transmitiram ao povo (23.28)Os falso profetas pregam o seus sonhos, as suas adivinhações mentirosas, as suas visões vãs. (Jr 27.15; 29.9;Ez 13.3-6).

Incentivam a desobediência. A mensagem do falso profeta sempre é um incentivo ao povo a permanecer no pecado: "Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração dizem: Não virá mal sobre vós." (Jr 23.17). John Stott diz: "Uma das principais características dos falsos profetas no Antigo Testamento, era o seu otimismo amoral, sua negação de que Deus era o Deus do juízo, como também o Deus do amor e da misericórdia constantes".


 

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

PROFETAS MAIORES E MENORES – Lição 6



O estudo sobre os profetas de Israel é sem dúvida uma das viagens mais fascinantes que podemos realizar através do texto do Antigo Testamento, sem as existências dessas personagens o texto hebraico perderia a sua própria essência. Vale salientar que o título proposto não deseja expressar nem estabelecer nenhuma relação de importância entre cada um desse autores do profetismo hebraico. Essa epigrafe surgiu como um recurso metodológico dos estudos da bibliologia, tendo como única justificativa para essa classificação o volume do conteúdo literário desses escritos dos profetas. Dessa forma os livros de conteúdo literário breve foram classificados como profetas menores e os de um conteúdo mais extenso profetas maiores. É importante não esquecermos que os profetas de Israel não se limitam aos profetas escritores, pois, existem vários outros profetas que tiveram grande destaque no cenário profético sendo de grande importância para nação, mas não se dedicaram a atividade literária, porém, suas atividade proféticas foram registradas por outros. Sendo assim, foi convencionado como profetas maiores (são 5): Isaías; Jeremias (Jeremias, lamentações), Ezequiel e Daniel. Já os profetas menores (são 12): Oséias; Joel; Amós; Obadias; Jonas; Miquéias; Naum; Habacuque; Sofonais; Ageu; Zacarias e Malaquias. No Canôn Hebraico os profetas menores são considerados um único volume.

Conforme o dicionário de John Davis havia homens que não eram oficialmente profetas e que, no entanto possuíam o dom da profecia. Daví era profeta, e como tal, falou de Cristo, e não era profeta oficial; era rei, e os seus escritos não figuram entre os livros proféticos. Daniel possuía um alto grau o espírito profético, mas nunca se dedicou a exortar o povo, sendo apenas estadista e governador no reinado dos persas e babilônicos. Os seus escritos, como os de Davi, faziam parte do Hagiógrafo, ou escritos sagrados.

O cânon hebraico classifica os escritos proféticos como "Primeiros Profetas" e os "Últimos Profetas". Estabelecendo em primeiro lugar os livros históricos de Josué, Juízes, os dois de Samuel, os dois de Reis, e dos livros estritamente proféticos, a começar com Isaías. Os autores destes livros eram profetas anônimos no caso dos "Primeiros Profetas", porém com o nome de seus autores quando se trata de livros restritamente proféticos. A razão disto está em que a profecia exigia autenticidade. A classificação não obedece à ordem do tempo em que foram escritos, mas de acordo com os assuntos de que tratam. Os livros de Samuel e dos Reis, por exemplo, foram escritos depois de Isaías e têm o seu lugar entre os "Primeiros Profetas". Existiram grandes profetas, como Elias e Eliseu, que nada escreveram, e por isso os escritores modernos os denominam profetas orais. As produções literárias de outros profetas que registraram as suas palavras, aparecem citadas e incorporadas nos livros dos "Primeiros Profetas" e em outras escrituras.

Dos "Últimos Profetas", Óséias, Amós, e Jonas, trabalharam no reino do Norte, os outros atuaram entre o povo de Judá e Benjamim, quer na Palestina quer na terra do exílio. Postos em ordem cronológica, e incluindo Daniel, são: 1) no período Assírio, contando desde pouco antes da subida de Tiglate-Pileser ao trono em 745 a. C. Até a queda do poder assírio em, 625 a. C. vêm Oséias, Isaías, Miquéias e Naum, no reino de Judá, 2) desde 625 até 587 a. C. Jeremias e Sofonias. 3) durante o exílio em Babilônia Ezequiel e Daniel. 4) Durante a restauração, Ageu , Zacarias Malaquias.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIVRO DE AMÓS

segunda metade do oitavo século a. C., a profecia hebraica atingiu uma idade áurea de excelência. Depois que os primeiros profetas escreventes, Obadias, Joel e Jonas, tinham feito sua obra, o palco estava preparado para o aparecimento de quatro grandes vultos que dominaram o cenário desde 755 a.C. até o começo do sétimo século: Amós, Oséias, Miquéias e Isaías.

O significado do nome Amós é provavelmente "aquele que carrega fardos" (derivado do verbo ´ãmas, "erguer um fardo, carregar"). O tema central da profecia era a fidelidade do Senhor à Sua aliança e à Sua santa lei, e dever do povo de Israel de observar de maneira prática as obrigações da aliança. Amós seriamente exortou o povo a cumprir seu dever de concordar de coração com a prática do código legal da Torá, tanto de letra como espiritualmente. O fato de que Israel não conseguiu apresentar ao Senhor uma fé viva e verdadeira, procurando fazer Deus aceitar omiserável substituto da profissão meramente verbal, só poderia levar à ruina e destruição total da nação. Amós parece ter sido um estudioso sério dos Livros de Moisés, sendo que o estilo demonstra fortes influências do Pentateuco. Nunca, porém, gozou das vantagens duma educação formal numa "escola de profetas" (do tipo mantido por Samuel, Elias e Eliseu), e nunca foi oficialmente nomeado ao ministério profético. Ao receber sua vocação da parte de Deus, deixou seu lar em Judá, como mero leigo, proclmando na orgulhosa capital de do Reino de Israel, uma mensagem hostil, sem qualquer autorização eclesiástica. Sem qualquer título oficial de profeta reconhecido, enfrentou os preconceitos do público em Efraim, cumprindo fielmente sua comissão da parte de Deus. Um homem de fortes convicções, e uma vontada de ferro, não pôde ser desviado do seu propósito nem pelo mais alto funcionário do culto em Samaria.

O LIVRO DE OSÉIAS

Oséias ao lado de jeremias podem ser considerados os profetas que mais sofreram no desempenho de suas missões.O proprio Oséias nos diz: "Deus me mandou como profeta para avisar ao povo, mas em todos os lugares eles armam armadilhas para me pegar" (Os. 9.8). Ele era cidadão do Reino do Norte. Morava em Betel ou Samaria, não sabemos exatamente. Seu nome significa "Salvação", e é equivalente aos nomes Josué e Jesus. Este foi o primeiro evangelista em Israel, o primeiro a proclamar a graça e o amor de Deus. Exerceu o seu ministério entre 750 e 735 a.C. Este período se caracterizou pela instabilidade do trono de Israel e pela desmoralização na vida social e religiosa do povo. Jeroboão II teve um reinado de 40 anos, de 786 até 746 a. C. Depois da sua morte, houve seis reis, num período de apenas vinte e cinco anos. Deste total somente um morreu de causas naturais, cinco foram assassinados. "O meu povo escolheu reis sem me consultar, e nomeou governadores sem a minha aprovação". (Os 8.4). No setor da justiça e da religião Israel havia naufragado. A extravagância veio substituir a simplicidade de vida dos tempos passados, e a justiça era só para quem podia comprá-la.

Oséias chamou oo povo ao arrpendimento, afirmando que a sua terra seria destruida e eles seriam levados para o cativeiro se não abandonassem o os seus maus caminhos e se não se voltassem para o Senhor. Mas ito tudo foi em vão. Para os israelitas a mensagem de Oséias era uma bobagem. Eles reagiram assim "Esse profeta está maluco! Diz que é inspirado mas está louco" (9.7). Os capítulos 1 a 3 constituem a primeira parte do livro. Nesta parte Deus é representado em linguagem figurada como marido de Israel. Israel é a esposa adúltera. A própria historia pessoal do profeta servirá para ilustrar o principal tema do livro "O poder redentor do Amor". Gômer, a esposa de Oséias cometeu adultério e entregou-se a devasidão moral, chegando ao ponto de se vender como escrava, chegou ao fundo do poço. Apesar de todo sofrimento e constrangimento que ela causou a Oséias, ainda assim, ele resolveu resgatá-la do mercado de escravos e dar -lhe uma nova oportunidade. Isso aponta para o que Deus planejava fazer a nação de Israel que o havia traido se inclinando para todo tipo de pecado, vendo-se ao pecado como escravo, Deus haveria de resgatar Israel a sua esposa infiel.

O LIVRO DE JONAS (fonte: Mensagens do A T para os nossos dias - Page H. Kelley)

Nada sabemos acerca de Jonas fora do livro que traz o seu nome, a não ser uma breve referência em II Reis 14.25: "Foi ele (Jeroboão II, 786-746) que restabeleceu os termo de Israel, desde a entrada de Hamate ate o mar da Arabá, conforme a palavra que o Senhor, Deus de Israel, falara por intermédio de seu servo Jonas, filho do profeta Amitai, de Gate-Hefer." Duas coisas aprendemos neste verso: 1) o pai de Jonas também era profeta. 2) Jonas possuia boas relações com o rei Jeroboão, porque ele havia profetizado que o o rei aumentaria as fronteiras de Israel, e a sua profecia se cumpriu. Devemos lembrar que Amós também profetizou acerca do rei Jeroboão, mas sua mensagem foi de condenação. Jonas provavelmente foi honrado por sua boa palavra acerca do rei, enquanto Amós foi perseguido. Portanto, o livro de Jonas trata desse profeta, cuja palavra se cumpriu, e que foi assim autenticado como um verdadeiro profeta do Senhor.

A palavra Jonas significa "pomba", e a pomba na Bíblia é um símbolo de paz, Mas precisamente quando Jonas estava começando a experimentar e a gozar sua fama como profeta, Deus o tirou da sua aposentadoria. Deus disse: "Levanta-te, vai à grande Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim" (Jn 1.2). Naturalmente, Jonas não queria pregar em Nínive. Afinal de contas, Nínive era a capital da Assíria, e a Assíria estava ameaçando a própria existência de Israel. Na verdade antes que findasse o oitavo século, Nínive destruiria o reino de Israel e levaria o povo para o cativeiro. Nínive era uma cidade tão má como foi Sodoma, e merecia o castigo de Deus. Há outro livro no Antigo Testamento que também trata da Assíria, que é o livro de Naum. Esse livro foi escrito para celebrar a queda de Nínive em 612 a. C. Tanto Naum como Jonas escreveram acerca de Nínive, e ambos terminaram desta maneira. A pergunta no fim de Naum foi: "Não há cura para a tua ferida; a tua chaga é grave. Todos os que ouvirem a tua fama baterão as palmas sobre ti; porque, sobre quem não tem passado continuamente a tua malícia?"

Um comentarista sugere que Jonas pregou com uma atitude de desinteresse. Embora Nínive fosse uma cidade de três dias de jornada, ele só começou a entrar pela cidade fazendo apenas uma jornada dum dia. Não há prova que ele tenha completado a missão. Isto faz mais notável o fato de que a cidade inteira ouviu a mensagem, e respondeu num espírito de arrependimento.

Outro ponto interessante é que Jonas pregou uma mensagem que na sua presente forma em hebraico consiste de somente cinco palavras. Foi uma mensagem de condenação incondicional e irrevogável. Jonas sabia que Deus era um Deus compassivo, misericórdioso, longânimo e grande em benignidade. Ele devia a sua própria vida à graça de Deus, porque havia sido salvo da morte no mar. mas, embora ele entendesse tudo acerca desta graça de Deus, não há uma só palavra acerca desta graça no seu sermão. Jonas tinha um belo testemuho para compartilhar, mas os seus lábios estavam fechados. Ele não compartilhou o espírito do salmista, quando disse; "Sim, grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres" (Sal 126.3). Jonas aparentemente procurou que fosse muito difícil para o povo de Nínive se arrepender e ser salvo. Ele não fez menção dos pecados que tinham de ser confessados. Ele não exigiu arrependimento. ele não ofereceu nem mesmo esperança. Somente quarenta terríveis dias, e pronto! O fim viria sobre Nínive, assim como veio sobre Sodoma e Gomorra. Era uma mensagem sem compaixão, e, no entanto, foi pregada por uma pessoa que recentemente havia experimentado o milagre da graça e da compaixão de Deus na sua própria vida.

Jonas fez todo possível para que sua missão fracassasse. Um espírito indignado, um preparo insatisfatório, um sermão mediócre. Resultado: Um sucesso tremendo! Houve um grande avivamento em Nínive. Fica claro que nem mesmo os nossos preconceitos podem frustrar a Graça de Deus.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

BENÇÃO EM PROMOÇÃO. “ATENÇÃO O PREÇO BAIXOU DE 900 PARA 610”

No último sábado assisti o programa do Pr. Silas Malafaia no qual estava presente o pregador americano, Morris Cerullo, que retornava para sua segunda campanha. Na primeira oportunidade como e do conhecimento de muita gente, o citado pregador fez uma campanha na qual as pessoas deveriam telefonar para dar uma oferta de 900 reais, todavia parece que a idéia nos moldes econômicos americano não surtiu o efeito desejado por estar distanciada da realidade econômica brasileira, foi então elaborada uma nova estratégia, utilizando-se uma técnica de mercado muito conhecida a "promoção". No mundo comercial acontece isso todos os dias, quando uma mercadoria vendida por um preço muito alto já não tem mais demanda entre os mais favorecidos economicamente, o estabelecimento comercial baixa o preço para alcançar os mais pobres e continuar faturando. Porém, entendo que a divindade que exige uma oferta de 610 reais da população evangélica no Brasil, não é um deus de inclusão celestial, mas de exclusão, pois, por mais que desejassem, por mais que tivessem fé a maioria dos crentes neste país, no sábado passado e até hoje não tem 600 reais para ofertar e receber a tal da "unção financeira".

Logo, concluímos que essa "unção financeira" é para uma elite privilegiada financeiramente. Não creio num deus mesquinho que estabelece preço para as suas dádivas estabelecendo obstáculos intransponíveis para a maioria das pessoas. Será que esses pregadores não sabem que a maioria dos crentes nesta nação são fiéis na entrega de dízimos e ofertas para as suas igrejas, e este compromisso com a igreja não vale para que o crente seja abençoado também na sua vida financeira? Digo isso, porque os pregadores das finanças parecem não levar em conta esse fato, como se somente eles estivessem realizando a grande "obra de Deus". Esse é sem dúvida um grande indício da filosofia utilitarista e pragmática do mundo pós-moderno. As pessoas querem uma religião que lhes proporcione resultados imediatos, querem servir a um deus do "toma lá dá cá" , isto é, a prática religiosa deve funcionar como um investimento em que damos algo para Deus para recebermos 100 vezes mais, no sentido literal e material. Esse tipo de Evangelho da "promoção" "liquidação" ou qualquer coisa desse tipo está liquidando a fé de muita gente, está mudando o sublime alvo da fé, porque os crentes estão deixando de buscar o Deus abençoador para correm atrás das bênçãos. Jesus nos avisou para não invertemos o propósito "buscai primeiro o reino de Deus e as demais coisas vos serão acrescentadas". Entendo que quando o cristão está comprometido com o reino de Deus, está focado nos valores do reino, ele não depende de nenhuma "unção financeira" para sobreviver. A propósito, eu gostaria de perguntar qual o fundamento bíblico e teológico para essa idéia da "unção financeira" proclamada pelo Morris Cerullo, o qual também se auto-denomina profeta do Senhor, afirmação também um tanto suspeita, pois, sabemos que o ministério profético não existe mais, e João Batista foi o último deles. O Evangelho da "promoção" está colocando o povo para correr atrás das bênçãos, mas antes tem que passar no "cash" deles e deixar uma quantia estipulada, o que pode ser facilitado por meio do cartão de crédito, situação apelativa e constrangedora. Essa ansiedade leva a uma pressa prejudicial que no meu modo de entender fará com que muitos deixem de ser abençoados, pois vão correr sem nada alcançar, pois, não somos nós que devemos correr atrás das bênçãos, são elas que correm atrás de nós. Quem corre dessa forma termina por deixar a benção para trás. Quando estamos vivendo de acordo co a palavra do Senhor "Se ouvires a voz do Senhor teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos" Dt 28.2, leia todo o cap. 28 de Deuteronômio e você vai descobrir que não precisa pagar uma determinada quantia para prosperar financeiramente.

Quando o comerciante baixa o preço é porque a demanda caiu, isso pode ser também um sinal da decadência do evangelho da prosperidade que já começa baratear o seu produto porque já não consegue empolgar tanta gente. Queira Deus este também seja um sinal de que os evangélicos no Brasil estão dando mais atenção ao Evangelho bíblico e de reflexão, estão deixando de lado a essa obcecação pragmática pela prosperidade material para buscar os verdadeiros valores do reino.