quinta-feira, 23 de abril de 2009

SÍNTESE SOBRE O HINDUÍSMO (parte - 1)

Períodos históricos da Índia relacionados a sua evolução religiosa:

1- Período védico–Bramânico – até 600 a.C.
2- Período da reação antibramânica – de 600 a.C. – 300 d.C.
3- Restauração do bramânismo até a conquista mulçumana (300 d.C. ao século XI).
4- Período mulçumano-mongol (século XI – XIX ).
5- Período da dominação britânica ( século XIX).
A origem do hinduísmo remonta a 1500 a.C. Atualmente conta com mais de 500
milhões de aptos. Não é uma religião missionária, como ocorre com o cristianismo e o islamismo. Só são considerados híndus, aqueles que nascem como tal.

DEFINIÇÃO:
O hiduísmo é um sistema religioso eclético, pois abrange uma diversidade muito grande de crenças. “É uma religião de espetáculo, de mitos e de práticas mágicas como também uma religião profundamente interiorizada . . . é uma religião popular, mas também de sábios” (Tácito da Gama).
“Pela sua relação com todos os aspectos de vida, o hinduísmo tem mais expressão sócial do que religiosa propriamente. Modela a estrutura social, desde os atos comuns da vida diária e, inclusive, a literatura e a arte.” (J. cabral).

FONTES RELIGIOSAS:

OS VEDAS - Significa sabedoria ou conhecimento. ?Trata-se das escrituras mais antigas do hinduismo, composto durante um periodo de 4 mil anos, começando apartir 1.400 a.C.

DIVISÕES DOS VEDAS:
a) Rig-veda – Contém 1028 hinos (mantras), hinos de louvor as divindades.
b) Sama-veda – Toma mantras do Rig-veda. E são apresentados em formas de cânticos com acompanhamento.
c) Yajur-veda – Ou “veda das fórmulas”, fórmulas que acompanham a liturgia.
d) Athara-veda – De caráter mágico ou explicativo.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO HINDUISMO.
1) Adoração a natureza ( até o ano 1000 a.C.) – Vedismo
2) Hinduismo sacerdotal ( 1000 – 80 a.C.) - O bramânismo
3) Hinduismo filósofico ( 800 – 600 a.C.) - Os Upanixades
4) Hinduismo legal ( perto de 250 a.C. ) – As leis de Manu
5) Hinduismo devocional (perto do ano 1 d.C.) – As epopéias e os puranas
6) Hinduismo popular ( 1 – 250 d.C.)

VEDISMO

O BRAMÂNISMO – A religião primitiva evolui para um sistema de cerimônias e sacrifícios, sob a direção dos sacerdote brâmanes.

OS UPANIXADES – transmitem os ensinos em forma de discursos, parábolas, diálogos, máximas. Se os vedas sintetizaram o conhecimento, o dever e o poder de casta, os upanixades revelaram a elaboração doutrinária dos mestres e escolas, dentro de uma especulação filósofica. A religião desse período se caracteriza pela fixação do absoluto e pelo conceito de brahma. Brahma é definido como o ser supremo - absoluto, infinito, eterno, onipresente, impessoal, indescritível, neutro. Pode ser designado como espírito (Atman), alma do mundo, em que o ser humano deve realizar-se.
A salvação representa libertação do eu, libertado de toda metamorfose, da transmigração, completamente absorvido no Bramah-Atman. Os sacrifícios e magia são repudiados. O novo caminho para a liberação é o conhecimento que convida homem a realizar a ação espiritual dentro de si mesmo. A salvação, pois, seria obtida pela especulação filosófica. O caminho da sabedoria ser galgado através da prática da ioga, provocando êxtase consciente ou inconsciente; da devoção (Bhakti) e da renuncia absoluta (Satyam).

O HINDUISMO LEGAL – LEIS DE MANU – As três fases anteriores apregoavam a religião como sendo um assunto de oração, sacrifício ou de especulação filosófica. A salvação neste período seria obtido pela obediência as leis.
O código de Manu se tornou um elemento fundamental para o estabelecimento do hinduismo como religião permanente. É o mais reverenciado e influente entre os hindus. Alguns de seus preceitos morais assemelham-se ao cristianismo.

HINDUISMO DEVOCIONAL – Um dos livros mais apreciados neste período é o Bhagavad-gita. São 18 cânticos inseridos nesse 7º livro do mahabharata. É o mais conhecido, traduzido e meditado entre os livros hindus. Resume o essencial da sabedoria hindu. Consiste em um diálogo entre Krishna (um deus), a oitava encarnação de Vishnu, e o guerreiro Arjuna. Neste período a salvação pode ser alcançada pela devoção a deidade pessoal. Neste é enfatizado a prática da ioga para atingir o Brahma.

HINDUISMO POPULAR – Este período reserva a estrutura estabelecida até então, e inclui duas grandes epopéias: Mahabarata ou “a grande guerra Bharata” e Ramayana ou “a corrida do Deus Rama”, além de oito ou dez puranas.
O hinduismopopular reuniu regras anteriores, criou inúmeras seitas e divulgou a idolatria, possuía muitos templos e santuários para a devoção individual, estimulando as peregrinações a locais espalhados por toda a Índia.

PRINCIPAIS TENTATIVAS DE REFORMAS
1- Mahavira, filho de Rajá hindu, em 557. Seu esforço deu origem ao Jainismo.
2- Gautama Buda, 525 a.C. – Protestava contra o sistema de castas fixas, a salvação,
depende de pagamento aos sacerdotes, excesso de especulação, as cerimônias e a linguagem ininteligível dos hinos sagrados. Daí surge o Budismo.
3- Ram mohien Roy ( 1772 – 1833 ), foi o primeiro hindu a traduzir parte do upanixades
para o inglês. Escreveu uma coleção sobre o novo testamento. Realizou a primeira tentativa de reformar o hinduismo com base do conhecimento do cristianismo.
4- Mohandas Karam Chand Gandhi (1869-1948). Foi cognominado Mahatma (grande
alma). Os upanixades e o Bhagava – gita Eram seus livros de cabeceira. Fundou uma escola monástica onde os alunos dedicavam tempo às orações, à meditação, à leitura
dos evangelhos, do Bhagavad-gita e do corão, além de cantarem hinos cristãos e cânticos hindus. Gandhi participou ativamente da vida política de seus pais e tomou parte de todos os movimentos em prol da independência nacional. Lutava para diminuir a miséria dos intocáveis (o povo pobre). Unindo o cristianismo as filosofias da Índia, praticou um sincretismo característico do neo-hinduismo. Se tornou herói nacional.

HINDUISMO MODERNO – O hinduismo moderno é um fenômeno ativo e complexo. A Índia atual é um estado onde a descriminação religiosa, que só existe no íntimo das pessoas, talvez pelo efeito das castas. Estas castas foram abolidas oficialmente, mas ainda marcam o comportamento individual e social.
O que existe a Índia é uma pluralidade inumerável de comunidades familiares, cada qual praticando seus cultos dentro da tradição herdada. É essa pratica tradicional que justifica as crenças e os ritos. A religião familiar pouco exige do indivíduo. Não há “mandamentos da lei de Deus”, no sentido bíblico da expressão, nem mandamentos da igreja. O que existe é uma devoção individual, uma responsabilidade religiosa cultivada pessoalmente – segue-se a norma eterna –o Dharma – espécie de moral existente no coração de cada.
Existe algumas regras, tais como: Adultério, assassinato e o roubo são pecados, honrar pai e mãe confere méritos.
E existem atitudes específicas dos hindus como: respeito à vaca, devoção a muitas divindades, crença na eficácia dos ritos.

CONTINUA...........

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O DESCAMINHO DAS ÍNDIAS

Enquanto uma novela conquista o público, difundindo o hinduísmo, a maioria dos telespectadores não tem noção da realidade dessa religião, que está por trás da maior
parte das idéias da Nova Era.
Ganesha.
Quando os deuses se enganam
O que pensar de um deus que corta a cabeça de um menino por engano e em troca lhe dá uma cabeça de elefante? Deuses que se enganam são deuses vãos. Eles não são confiáveis. Mesmo assim, têm adoradores que se sacrificam por eles:
Na revista alemã Der Spiegel apareceu a história de um adolescente indiano de 16 anos que decidiu fazer uma oferenda singular ao deus Shiva[1]. Sua peregrinação ao templo Trinath em Rourkela, na Índia, durou dez semanas. “Você jamais será alguém na vida!”, costumava dizer seu pai. Aswini Patel andava sempre sozinho e não era muito popular na escola, nem entre as crianças da vizinhança. Em casa, ele tinha de escutar acusações constantes de ser pouco inteligente e preguiçoso. Finalmente, ele decidiu não ouvir mais as ordens de ninguém. Ele decidiu que iria ouvir somente aos deuses. Aswini era especialmente fascinado por Shiva, o deus de muitos braços. Foi Shiva que, por engano, cortou a cabeça do filho de sua mulher. Em troca, deu-lhe uma cabeça de elefante. Assim surgiu um novo deus, chamado Ganesha. Essa história impressionou muito a Aswini.
O deus Shiva.
No começo de maio de 2008, depois de uma viagem penosa, o jovem finalmente chegou ao templo cinzento de Shiva. Tirou uma lâmina de barbear de seu bolso, olhou bem para o pequeno deus de pedra e murmurou: “Senhor Shiva”. Aí estendeu sua língua e cortou um pedaço dela, depositando-o como oferenda ao lado da estátua do seu ídolo. Seu grito de dor chamou a atenção da esposa de um sacerdote, que o socorreu. Algum tempo depois, a polícia levou Aswini ao hospital, onde foi imediatamente operado. Quando seu pai chegou no dia seguinte, só abraçou seu filho. Não o xingou nem o repreendeu pelo que tinha feito. Apenas disse que o rapaz era maluco e que tudo iria ficar bem. Os médicos explicaram que Aswini voltaria a falar em alguns meses e que o resto de sua língua iria se readaptar para articular as palavras.
A Bíblia deixa bem claro: “Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios” (1 Co 10.19-20).
É muito triste que um jovem de origem humilde tenha feito algo assim. Desprezado pelos conhecidos, impelido pelas religiões ao seu redor, movido pela esperança de uma vida melhor e em busca de atenção e afeto, Aswini se dispôs a um sacrifício dolorido. Mas, por trás desse gesto está toda a cruel realidade do demonismo, da fúria destrutiva de Satanás, de seu engano e de suas impiedosas mentiras.
O demonismo que está por trás dos ídolos é que impele as pessoas a atos tresloucados.
O jovem fez uma longa viagem e se dispôs a sacrificar um pedaço de sua língua a um deus que, por engano, cortou a cabeça do filho de sua mulher, dando-lhe em troca uma cabeça de elefante. Que deus é esse que se engana dessa forma e nem percebe estar matando seu próprio enteado? Na verdade, esses ídolos não são capazes de coisa nenhuma, pois não podem absolutamente nada, nem mesmo agir por engano:
“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a ele os que os fazem e quanto neles confiam” (Sl 115.3-8).
O demonismo que está por trás dos ídolos é que impele as pessoas a atos tresloucados como o desse jovem indiano. Muitos sofrem com compulsões demoníacas por buscarem sua salvação nos lugares errados, ao invés de procurarem auxílio em Deus, que se revelou em Jesus Cristo e quer ajudar a cada um em qualquer situação.
Como é diferente desses falsos deuses aquilo que Pedro diz de Jesus: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68). Suas palavras poderiam ser transcritas assim: “Senhor, a quem poderíamos nos dirigir? Teria de haver alguém maior do que Tu! Mas não há ninguém. Tua grandeza suprema se mostra não em símbolos nem em sinais e milagres, mesmo que estes Te acompanhem, mas naquilo que Tu dizes e com o que Tu nos dás pela Tua Palavra. Tu tens as palavras da vida eterna, essa é a grande diferença. Ninguém do mundo visível ou invisível pode tentar comparar-se contigo. Ninguém é mais importante, mais consistente ou mais significativo do que Tu, e ninguém pode dar o que Tu dás. Diante de Ti todos os grandes deste mundo somem na insignificância. Por isso, está fora de questão para quem iremos e a quem nos dirigiremos com todo o nosso ser”.
Muitos sofrem com compulsões demoníacas por buscarem sua salvação nos lugares errados, ao invés de procurarem auxílio em Deus, que se revelou em Jesus Cristo e quer ajudar a cada um em qualquer situação.
No lugar de tentarmos ofertar alguma coisa a Deus tentando agradá-lO, foi Ele que se ofereceu em sacrifício através de Jesus Cristo (2 Co 5.18-19). Por meio desse sacrifício em nosso lugar recebemos o perdão dos nossos pecados e uma vida santificada, além de sermos considerados aperfeiçoados diante de Deus, em Jesus:
Perdão: “...agora... ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26).
Santificação: “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hb 10.10).
Perfeição: “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).
Quem aceita, de forma pessoal, pela fé, o sacrifício de Jesus, passa a usufruir de todo o agrado de Deus: “pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (1 Ts 1.9-10). Norbert Lieth. http://www.chamada.com.br/

terça-feira, 14 de abril de 2009

ESTUDANDO A PALAVRA GREGA AKOLOUTHEIN

Akolouthein é o verbo grego comum que significa seguir. É uma palavra com muitos usos e muitas associações, e todos eles acrescentam alguma coisa ao seu significado para o seguidor de Cristo. Em primeiro lugar, examinemos o seu uso e o significado no grego clássico.
- É a palavra comum e usual para os soldados que seguem seu líder e comandante. Xenofonte (Anabasis 7.5.3) fala dos líderes que seguiram o líder por quem lutavam.
- É muito comumente usada para o escravo que segue ou atende seu senhor. Teofrasto, no seu esboço da personalidade do Homem desconfiado, diz que tal homem obriga seu escravo a andar na sua frente ao invés de segui-lo, conforme o escravo normalmente faria, a fim de ter a certeza de que o escravo não fugirá de repente (Teofrasto; Caracteres 18.8).
- É comumente usada para seguir ou obedecer ao conselho ou à opinião doutra pessoa. Platão diz que é necessário descobrir aqueles que são capacitados pela natureza para serem líderes na filosofia e no governo, e aqueles que são capacitados pela natureza para serem seguidores do líder (Platão: República 474c). Algumas pessoas são aptas para oferecer liderança; outras são aptas apenas para aceitá-la.
- É comumente usada para obedecer às leis. Seguir as leis de uma cidade é aceitá-las como padrões da vida e comportamento.
- É freqüentemente usada para seguir o fio ou argumento de um discurso. Quando o argumento chegou a uma posição difícil, Sócrates diz: "Vamos, por favor! Procure seguir-me, para ver se podemos obter uma explicação adequada desta questão" (Platão: República 474c).
- Nos papiros, akolouthein é muito usado para ligar-se a alguem a fim de obter algum favor que é desejado. Alguém escreve dando um conselho para outra pessoa: "apegue-se a Ptolário o tempo todo... Apegue-se a ele para você se tornar o seu amigo." A idéia é de seguir uma pessoa até que o favor desejado finalmente seja obtido.
Cada um destes usos pode lançar luz sobre a vida cristã.
O cristão ocupa a posição do soldado que segue Jesus Cristo e que deve imediatamente obedecer a palavra de ordem do seu líder.
O cristão ocupa a posiçâo do escravo que deve obedecer tão logo seu senhor fale.
O cristão deve pedir o conselho e o pronunciamento de Jesus Cristo e deve ter a humildade de segui-lo, seja ele qual for.
O cristão é o homem que deseja a cidadania do Reino dos Céus, e, a fim de recebê-la, deve concordar em viver de acordo com as suas leis. O cristão é o aprendiz e o ouvinte que deve escutar as palavras de Jesus, e que deve seguir o seu argumento a fim de que possa aprender, dia após dia, cada vez mais da sabedoria que Jesus sempre está querendo lhe ensinar.
O cristão sempre está na posição de quem necessita e deseja o favor, a graça e a ajuda que Jesus Cristo pode-lhe dar, e que segue a Cristo porque é somente nele que vê suas necessidades supridas.
Agora, voltemo-nos para o uso de akolouthein no próprio NT. É muito freqüente ali.
- É usado para os discípulos que deixaram as suas várias profissões e ocupações e seguiram a Jesus. Assim é usado no tocante a Pedro e André (Mc 1.18; cf. Mt 4.20). É usado para os dois discípulos de João Batista que seguiram a Jesus quando João apontou para Jesus como O Cordeiro de Deus (Jo 1.37). É usada para a reação dos discípulos depois da pesca milagrosa; deixaram tudo e seguiram a Jesus (Lc 5.11). A declaração dos discípulos perto do fim é que deixaram tudo para seguirem a Jesus (Mt 19.27). É usado para os discípulos em potencial, aos quais Jesus disse que deviam pensar de novo antes de se lançarem na aventura de segui-Lo (Mt 8.19; cf. Lc 9.59, 61)
- É a palavra que Jesus usava para conclamar os homens para Si. Nos lábios de Jesus é a palavra do desafio. Seu mandamento a Mateus é: Segue-me! (Mc 2.14; cf. Lc 5.27 / Mt 9.9). É o mandamento de Jesus a Felipe (Jo 1.43). É o Seu mandamento final a Pedro (Jo 21.19, 22). É Seu mandamento, não obedecido, ao jovem rico (Mt 19.21 ; cf. Lc 18.22). Seu mandamento a todos os Seus seguidores em potencial é que tomem a sua cruz e sigam-No (Mc 8.34 / 10.21 / Mt 10.38 / 16. 24 / Lc 9.23).
- O modo mais comum para esta palavra é a respeito das multidões que seguiam a Jesus (Mt 4.25; 8.1; 12.15; 14.13; 19.2; 20.9; 21.9 / Mc 3.7; 5.24; 11 .9 / Jo 6.2). Este uso tem um vínculo bem estreito com o uso do verbo nos papiros para descrever o ato de apegar-se a alguém até que um pedido seja concedido. Às vezes, as multidões seguiram a Jesus para receber Seu poder de cura; às vezes, seguiam-No para escutar as Suas palavras; e às vezes, perto do fim, seguiam-No com admiração para ver o que Lhe aconteceria. Outro exemplo deste uso de akolouthein no sentido de seguir, a fim de receber um favor acha-se em Mt 9.27, onde se diz que dois cegos seguiam a Jesus a fim de que Ele os curasse.
- Às vezes, o seguir é o resultado de gratidão. Em Mt 20.34 está escrito que os dois cegos seguem a Jesus depois de terem recobrado sua visão; o mesmo se diz a respeito do cego em Lc 18.43 e de Bartimeu em Mc 10.52. Seguiam porque foram atraídos pela gratidão por aquilo que Jesus fizera.
- Em Mc 2.15 está escrito que os pecadores seguiam a Jesus. Este é um uso muito relevante. Havia na pessoa de Jesus algo que, segundo sabiam, satisfaria as suas necessidades; teriam evitado um fariseu, mas seguiam a Jesus, porque sabiam que Ele conhecia e compreendia a situação deles.
- Podemos distinguir nestes usos de akolouthein cinco razões para seguir a Jesus:
1 - Os discípulos seguiam a Jesus por causa da pura atração constrangedora da Sua conclamação.
2 - As multidões seguiam a Jesus porque desejavam as coisas que somente Ele lhes podia dar.
3 -Os pecadores seguiam a Jesus porque sentiam que somente Ele poderia capacitá-los a colocarem suas vidas em ordem e começar de novo.
4 - Os cegos seguiam a Jesus a fim de recuperarem a sua visão. Desejavam experimentar o Seu poder de operar milagres.
5 - Os cegos cujos olhos foram abertos seguiam a Jesus em pura gratidão por aquilo que Ele lhes fizera. Vemos ali, resumidamente, os motivos que levam o coração a aproximar-se de Jesus Cristo.
Estudar os usos de akolouthein nos Evangelhos nos trará maior recompensa ainda:
1 - Devemos ver o que envolve o seguir a Jesus.
- Seguir a Jesus envolve calcular o preço. Em Lucas 9.59, 61, parece que Jesus realmente desencoraja as pessoas a seguí-Lo até que Ele tenha averiguado com certeza que elas sabem o que estão fazendo. Jesus não quer que ninguém O siga sob falsos pretextos, nem aceita uma oferta emotiva e facilmente movida de um serviço que não foi pesado na balança.
- Seguir a Jesus envolve sacrifício. Repetidas vezes é indicado o que as pessoas abandonaram a fim de segui-Lo. (Lc 5.11 ; Mt 4.20, 22; 19.27). A verdadeira lição para nós neste fato é que seguir a Jesus é aquilo que na linguagem de hoje é chamado em emprego de tempo integral. Mas para nós há a seguinte diferença - seguir a Jesus importa em servi-Lo dentro do nosso emprego, e não em abandonar o emprego. Em muitos casos, seria muito mais fácil deixá-lo; mas nosso dever é ser testemunha dEle onde quer que Ele nos mande.
- Seguir a Jesus importa numa cruz (Mt 16.24; cf. Mc 8.34 e Lc 9.23). A verdadeira razão disto é que ninguém pode seguir a Jesus e, a qualquer tempo, voltar a fazer o que bem entende. Seguir a Jesus muito provavelmente implicará no sacrifício dos prazeres, dos hábitos, dos alvos e das ambições que se entrelaçaram em nossas vidas. Seguir a Jesus sempre implica neste ato de rendição e a rendição nunca é fácil.
2 - Devemos ver o que é oferecido a quem segue Jesus.
Nesta questão há duas grandiosas promessas do Quarto Evangelho.
- Seguir a Jesus significa andar, não nas trevas, mas na luz (Jo 8.12). Quando o homem anda sozinho, anda nas trevas da incerteza, e facilmente pode acabar ficando nas trevas do pecado. Andar com Jesus é ter certeza do caminho, é estar a salvo acompanhado por Ele.
- Seguir a Jesus é ter a certeza de finalmente chegar à glória onde Ele mesmo está (Jo 12.26). Este é o outro lado da advertência de que seguir a Jesus importa em sacrifício e cruz. O sacrifício e a cruz não são destituídos de finalidade. São o preço da glória eterna. Jesus nunca prometeu um caminho fácil, mas realmente prometeu um caminho cujo ponto final levaria ao esquecimento das dificuldades da caminhada.
3 - Devemos ver que há maneiras inadequadas de seguir a Jesus. Estas maneiras não são condenáveis. São infinitamente melhores do que nada, mas não são as melhores.
- No fim, Pedro seguiu a Jesus de longe (Mt 26.58; cf. Mc 14. 54 e Lc 22.54). A verdadeira razão é que Pedro não ousava seguir mais de perto; e a verdadeira tragédia é que se Pedro tivesse permanecido perto de Jesus, a desgraça da sua negação nunca precisaria ter acontecido; foi quando Pedro viu o rosto de Jesus que descobriu o que havia feito com suas repetidas negações
- Na última viagem para Jerusalém, os discípulos seguiram tomados de apreensões (Mc 10.32). De certo modo, aquela ação era a mais corajosa de todas. Não compreendiam o que estava acontecendo; temiam o pior; mas ainda seguiam a Ele. Podemos obter consolo da lembrança de que freqüentemente o homem que segue a Cristo com temor e tremor está demonstrando a mais sublime coragem de todas.
4 - Finalmente, devemos notar que um homem pode recusar-se a seguir a Jesus. Foi isto que o jovem rico fez (Mt 19.21 ; cf. Lc 18.22). O resultado da sua recusa foi que se afastou com tristeza. O resultado da recusa sempre é a tristeza; o resultado de seguir, por mais árduo e assustador que seja o caminho, sempre é a alegria.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A IGREJA E O MUNDO SECULAR NA VISÃO DE BONHOEFFER

Bonhoeffer não aceitava a divisão que a igreja fazia entre o sagrado e o secular, dividindo o mundo em duas esferas, a sagrada e a profana. Ele queria levar Deus e a igreja de volta ao mundo secular. Porque somente assim Deus, poderia realmente se tornar o centro da vida, e de ser o limiar. Segundo Bonhoeffer a igreja costuma entender que certas pessoas, certas profissões, certos atos e certos livros são sagrados, enquanto os demais são profanos. As pessoas e as atividades dedicadas ao que seja sagrado serão mais elevadas do que as pessoas e as atividades associadas ao que seja profano. A vida que mais interessa ao religioso constitui-se num cenário de tensões e conflitos entre injunções religiosas e profanas. Quanto mais religiosa se presuma uma pessoa qualquer, tanto maior tempo e energia devotará ao que lhe pareça sagrado e tanto menos se disporá gastar-se pelo que lhe pareça profano.
Bonhoeffer Propõe “o santo mundanismo”, criando assim um conceito de aspecto paradoxal. “ Por isso se expressa assim: “A vida natural deve ser entendida simplesmente como preliminar para vida em com Cristo. Ë somente da parte do próprio Cristo que recebe sua valorização. O próprio Cristo entrou na vida natural, e é somente através da encarnação de Cristo que temos o direito de chamar outras pessoas à vida natural e a viver, nós mesmo, a vida natural”. Mesmo sabendo da transcendência de Deus, não devemos pensar que ele fora de alcance. “Isto é o porque o cristão deve aprender a viver o seu cristianismo e falar de Deus de uma maneira secular. A igreja não deve se preocupar com seus próprios interesses religiosos, mas servir o mundo. Ela tem que seguir o modelo de Jesus, “o homem para os “. Para Bonhoeffer é necessário que haja uma interpretação secular do cristianismo e da igreja.
Bonhoeffer afirma que os verdadeiros cristãos não podem cultivar o anti-mundanismo, o separatismo do mundo secular, como pretexto de apresentar uma pretensa piedade, porque na verdade, isto os caracterizará como mundanos no sentido estritamente pejorativo.
“por “mundanismo” quero dizer viver sem reservas nos deveres, problemas, sucessos e fracassos, experiências e perplexidades desta vida. Ao fazermos assim, lançamo-nos completamente nos braços de Deus, levando a sério, não nossos próprios sofrimentos mas, sim, os de Deus no mundo – vigiando com Cristo no Getsêmane. Isso, penso eu, é a fé; é a metanoia; e é assim que a pessoa se torna um homem e um cristão”
Lutero é citado por Bonhoeffer como tendo agido numa perspectiva do ideal secularizado para alcançar o seu propósito de independência da religião. “Lutero estava protestando contra um cristianismo que estava lutando em prol da independência e destacndo-se da realidade de Cristo. Protestava com a ajuda do secular e em nome de um cristianismo melhor. Assim também, hoje, quando o cristianismo é empregado como arma polêmia contra o secular, isto deve ser feito em nome de uma secularidade melhor, e, acima de tudo, não deve levar de volta a uma predominância estática da esfera espiritual como finalidade em si mesmo”.
Bonhoeffer defende um tipo de experiência polifônica para aqueles que têm uma visão secularizada da fé, e podem levar as suas vidas dedicando um intenso amor ao próximo e as causas justas.
“O que quero dizer é que Deus deseja que O amemos eternamente com a totalidade do nosso coração – não de tal maneira que fica ou enfraqueça nosso amor terrestre, mas para fornecer um tipo de cantus firmus está claro e nítido, o contraponto pode ser desenvolvido até seus limites. Os dois são “Inseparados e porém distintos”, nas palavras da Definição de Calcedônia, domo Cristo nas Suas naturezas humana e divina. Não é possível que a atração e a importância da polifonia da música consista em ser ela uma reflexão musical deste fato cristológico e, portanto, da nossa vita christiana? ...Somente uma polifonia deste tipo pode dar à vida uma pelnitude e, ao mesmo tempo, nos garante que nada de calamitoso pode acontecer enquanto o cantus firmus é continuado”.
A secularização proposta por Bonhoeffer não deve ser entendida como um total abandono a fé em Deus, em Cristo, ou até o exercício devocional. Tendo em vista que apesar de toda sua ênfase na vida presente, jamais negou a sua esperança quanto a vida futura. Todavia a sua intenção é não permitir que uma coisa absorva a outra, isto é, que o temporal negue a realidade da vida futura, ou o eterno negue o valor do temporal.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO E ILUMINAÇÃO

A Teologia se ocupa com a apresentação das realidades espirituais apresentadas na Bíblia de modo a nos dar uma visão de seu conjunto e de suas relações. A teologia nos permite fazer uma leitura critica de nossa fé, para que ela seja aperfeiçoada. A Teologia nos permite dialogar com o mundo e as culturas, facilitando a comunicação do evangelho.

A “respiração” ou “Espírito” de Deus no A.T. , denota a saída ativa do poder de Deus, seja na criação (Sl 33.6; Jô 33.4; Cf Gn 1.27; 2.7), na preservação da vida (Jô 34.14), na revelação aos profetas e por meio deles (Is 48.16; 61.1; Mq 3.8; Jl 2.28,29), na regeneração (Ez 36.27) ou no julgamento (Is 30.28,33). O N. T. revela esta “respiração” divina (Gr. Pneuma) como sendo uma Pessoa da Divindade. A “respiração” de Deus ( o Espírito Santo) produziu a escritura, como um meio de transporte ao entendimento espiritual. Baseando-se em 2 Tm 3.15, a teologia usa regularmente a palavra “inspiração” para expressar a idéia da origem e qualidade divinas das Sagradas Escrituras. De modo ativo, o substantivo indica a operação da respiração de Deus para fora, a qual produziu a Escritura. “Toda escritura é inspirada por Deus.” O termo grego nesta passagem, “Theopneustos”, significa respirado por Deus para fora em vez de para dentro. A Escritura foi exalada por Deus.

DIFERENÇAS ENTRE REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO E ILUMINAÇÃO
A revelação é o ato de Deus mediante o qual Ele comunica diretamente a verdade antes desconhecida para a mente humana – verdade que não poderia ser conhecida de qualquer outra maneira. A inspiração está ligada à comunicação da verdade. Alguns confundem inspiração com iluminação. A Iluminação se refere à influência do Espírito Santo, comum a todos os cristãos, que os ajuda a entender as coisas de Deus. (I Co 2.14). esta iluminação das coisas espirituais é prometida a todos os crentes e pode ser experimentada por cada um (Lc 10.21; I Pe 1.10-12). Myer Pearlman indica duas diferenças específicas entre iluminação e inspiração. 1) Quanto à iluminação é, ou pode ser, permanente. (Pv 4.18;) A unção do Espírito Santo recebida pelo crente habita nele (1Jo 2.27). Por outro lado, a inspiração era intermitente; o profeta não podia profetizar por usa própria vontade, mas estava sujeito a vontade do Espírito. (2Pe 1.21). O fato de a inspiração profética ser repentina está implícito na expressão comum “a palavra do Senhor veio a tal pessoa”. 2) A iluminação admite gradação, a inspiração não. As pessoas variam no que diz respeito à iluminação, possuindo algumas um grau maior de discernimento que outras. A Inspiração é então o processo pelo qual homens movidos pelo Espírito (2 Pe 1.21) produziram escrituras inspiradas pelo Espírito Santo (2 Tm 3.16). Partindo dessas abordagens podemos fazer a seguinte síntese: O ensino contido nas Escrituras chama-se REVELAÇÃO; O registro desse conteúdo chama-se INSPIRAÇÃO; A aplicação chama-se ILUMINAÇÃO.

A BÍBLIA É OU CONTÉM A PALAVRA DE DEUS?
A Bíblia é Palavra de Deus por três motivos. Primeiro, porque nela se acha o que Deus revelou. Neste sentido também é verdadeiro dizer que a Bíblia contém a palavra de Deus, isto é, contém a revelação. Segundo porque foi Deus quem a fez escrever. Neste sentido diz-se que toda Bíblia é a Palavra de Deus. Terceiro, porque é Deus quem nos fala por ela, é por ela que Deus nos fala, e só Deus nos pode falar adequadamente por ela, aplicando-a convenientemente às necessidades de cada coração. Neste sentido é verdadeira a proposição: Só a Bíblia é a Palavra de Deus.